𝒄𝒍𝒊𝒄𝒉𝒆 ↺ corbyn besson

32

Passa um pouco do meio-dia, quando ouço a campanhia tocar e corro até a porta para atender, porque sei exatamente quem é. Ao abrir, me deparo com o motivo do meu respirar fundo no banho.

— Oi, amor. — Ele diz, todo orgulhoso. Já faz uma semana que estamos namorando, e apesar de a gente não ter se visto mais do que uma vez depois do pedido, porque eu tive muitos castings, ele parece já ter entrado no clima do namoro.

— Oi. — Sorrio, porque não sei realmente como agir diante de algo tão novo e surreal. Dou passagem para que ele entre e assim Corbyn o faz, mas antes que eu me vire para ele, o loiro diz:

— Oi, quem é você? — Quando ouço, me viro instantaneamente. Ele está analisando Hailey, que parou no meio da sala para fazer o mesmo.

— Hailey, nova homemate. — Ela sorri.

— Ah, eu não te vi na festa da Kai. — Meu namorado comenta.

— Eu precisei ir a outro lugar no dia. — A garota dá de ombros, ainda com o sorriso no rosto. — E quem é você?

— O meu namorado. — Me intrometo, sem saber o porquê. — Corbyn, esse é o Corbyn. — Observo a expressão no rosto da garota se iluminar mais ainda, e então ela assente.

— Bom te conhecer, Corbyn. — Hailey acena com a mão. — Vou subir, fiquem a vontade. — Finaliza e se encaminha para o andar de cima.

— Ela parece legal. — Comenta o cantor, após se sentar no sofá. Me sento ao lado dele e suspiro.

— Sim, parece. — Respondo e ele franze o cenho.

— Você não gosta dela.

— O que? — Dou um pulo. — Claro que gosto. Por que eu não gostaria?

— Não sei, me diz você. — Corbyn cruza os braços, ao que me olha sério.

Tudo bem, talvez eu não goste da Hailey, mas eu não tenho nenhum motivo para isso, então fico calada e trato ela bem.

— Não tem motivo, eu só não sinto uma vibe boa nela. — Dou de ombros, porque é verdade e ela não me incomoda tanto assim.

— E por que você não disse isso antes de ela se mudar pra sua casa? — O loiro insiste em me questionar, então respiro fundo.

— Olha eu não quero falar sobre isso. A gente pode, por favor, pedir algo pra comer e assistir um filme aqui na sala mesmo? — Peço, com um olhar meigo e meu namorado apenas assente, ao passo em que desiste.

Compramos comida italiana e passamos o resto da tarde vendo Programa de Proteção para Princesas. Eu tenho muita sorte de namorar um cara que gosta de ver filmes de "garotinha" comigo, porque não sei o que seria de mim se ele fosse do tipo que insistisse para que a gente assistisse Star Wars.

Corbyn vai para casa antes do jantar, ao que alega ter prometido ajudar Jonah na cozinha, então eu resolvo subir para tomar um banho na minha bela banheira. Entretanto, ao pôr os meus pés no penúltimo degrau da escada, de baixo para cima, me deparo com Hailey.

— Ah, oi. O seu namorado já foi? — Ela pergunta, ao que se apóia no corrimão.

— Foi sim, ele foi jantar com os amigos. — Respondo, pronta para seguir o meu caminho, mas a morena não deixa.

— Vocês formam um casal bonito. — Minha nova homemate para na minha frente e sorri, mas eu sinto algo estranho em seu sorriso.

— Obrigada. — Tento passar por ela, novamente sem sucesso.

— Olha, pode ser impressão minha, mas eu acho que você não vai muito com a minha cara. — Miro a face da garota, sem saber o que dizer. Não quero mentir, mas não faz sentido não gostar dela, vai parecer ridículo se eu falar.

— O que? Não! Que bobagem. — Forço um pequeno sorriso. — Eu só sou meio fechada com pessoas que mal conheço. — Hailey me analisa por alguns segundos, com uma expressão neutra e depois abre um enorme sorriso.

— Então a gente deve se conhecer melhor. Que tal fazermos um pequeno spa day no meu quarto? Eu posso pintar as suas unhas, sou boa com isso. — Ela sugere e eu concordo, um pouco sem graça de negar e também, que mal tem? — Vamos lá. — Ela me puxa corredor a dentro e quando me empurra para o seu quarto, noto o laptop dela aberto em cima da cama, em uma das músicas da Why Don't We. A garota se apressa para fechá-lo e me lança um sorriso amarelo. — Eu soube que seu namorado tem uma banda famosa, quis conferir.

— Ah, sim. — Assinto, desconfiada, mas em seguida me repreendo por ter pensamentos maldosos.

Talvez eu deva parar de tratar a menina mal sem motivo nenhum, sentir uma vibe ruim não é desculpa para ser mal educada e nem para fazer pré-julgamentos. Eu sou o que, afinal? Uma vidente?

Decido dar uma chance para a minha nova homemate, pois ela não fez nada para merecer o contrário.

— Você tem esmalte azul? Tô a fim de algo excêntrico. — Sorrio para Hailey, que me olha com uma expressão desafiada e pega uma nécessaire no armário dela.

— Eu tenho cores muito mais legais, que vão ficar lindas em você. — Ela diz, ao passo em que despeja todos os esmaltes que tem em cima da cama e me chama com a mão. Sento ao lado dela e começo procurar algum que me agrade, até que acho um preto com brilhinhos, que me lembra uma galáxia. Acho que Corbyn vai gostar dele, então dou a ela para que pinte as minhas unhas.

— Esse aqui.

— Bonito. — A garota diz e pega a minha mão, em seguida começa a pintar a unha do meu dedão. — Posso te perguntar uma coisa?

— Já perguntou. — Brinco e ela ri.

— Como é namorar um membro de uma boyband? — A pergunta me pega desprevenida, então mexo a mão e faço ela borrar o esmalte, sem querer.

Eu nunca parei para pensar nisso, porque não vejo o lado cantor de Corbyn, vejo apenas o lado humano.

— As fãs dele não sabem que a gente namora. — Dou de ombros, ao que tento parecer tranquila. — Desconfiam, mas não têm certeza.

— Não foi isso que eu quis dizer. — Hailey limpa um pouco do esmalte borrado com um palito de unha. — Tipo, ele tem tempo pra você e tudo mais?

— Tem sim, principalmente agora que ele se mudou pra uma casa aqui perto.

— Aqui perto? — Ela direciona o olhar para o meu rosto.

— Sim, bem pertinho. — Sorrio. — Ele me visita sempre que pode e eu também vou lá o tempo inteiro. — Observo a garota passar para a minha outra mão, em silêncio.

— Imagino que seja legal, então. — Ela diz, depois de muito tempo e finaliza as minhas unhas.

— É normal. — Respondo, simplesmente. Vejo um sorriso simpático crescer no rosto da minha homemate e ela assente.

— Me desculpe se pareci intrometida, foi só uma curiosidade que me ocorreu.

— Sem problemas.

— Quer passar argila verde no rosto? — Ela oferece e eu aceito.

Talvez ela não seja tão ruim quanto eu senti, afinal. Parece interessada em se inturmar e respeita o meu espaço.

Bem, é como a Abby me disse uma vez: "Quanto mais você julga, menos apto está para julgar."

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