2920 Palavras.
Era difícil acreditar em como foram parar naquela situação. Elas costumavam ser centenas. Até mesmo Shay acreditara em Vafta no começo, mas isso fora antes que ela começasse a matar as outras tecelãs.
O sol banhava o deserto. As dunas ondulavam como em um oceano de areia, empurradas pelo vento quente e uivante.
Yanna corria ao seu lado, poderosa como um cometa, seu vestido e a capa de seda vermelhos serpenteavam atrás dela.
Shay tinha apenas seu cachecol amarelo de seda, o tecido com mais de dois metros esvoaçava em suas costas como asas douradas. Ela olhou sobre o ombro. Um esquadrão de vinte soldados as seguiam empunhando espadas e lanças. Enquanto o sol as banhasse seria impossível que as alcançassem.
As tecelãs corriam em direção a Dalih, lançando jatos de areias pelas passadas apressadas. A grande cidade estava logo a frente, as pequenas ruas e casebres da periferia já começavam a rodeá-las.
"Shay! " Yanna gritou, apontando para uma ruela na lateral de Dalih.
Shay assentiu e sem mais uma palavra as duas fizeram uma curva fechada, derrapando pela areia do deserto. Uma lança zuniu entre suas cabeças, fincando-se ao casebre à frente delas. Nenhuma das duas parou para conferir a distância.
Dalih ergueu-se a frente delas, casas de madeira amontoadas umas sobre as outras, areia preenchia as frestas no chão e cordas eram usadas como varal cruzando sobre a rua. Era um formigueiro de pessoas. Uma infinidade de cores vibrantes. Tudo tão bonito.
"Ei! Segurem-nas! " Um dos perseguidores berrou quando seus olhos se cruzaram.
As duas tecelãs se entreolharam e infundiram os tecidos com luz.
O cachecol começou a brilhar, o amarelo acendeu em um dourado cintilante. Infelizmente seu vestido não era de seda, mas Shay também não tinha prática com aquele tipo de peça de roupa. Até então o cachecol tivera sido o suficiente para livra-la de todas as situações. Espero que continue assim, ela pensou.
As primeiras pessoas que entenderam o que estava acontecendo abriram um círculo ao redor das tecelãs. Yunna brilhava como o crepúsculo em suas roupas vermelhas.
Elas precisavam achar um espelho.
Um homem avançou contra Yunna, os braços abertos para fecha-la num aperto. Uma pessoa comum não tinha força o bastante para prender uma tecelã, ainda mais se ela estivesse com seda.
A capa de Yunna enrolou-se por seu corpo e se soltou em um giro, estapeando o homem para longe.
Outra lança voou entre as duas. Shay ordenou que o cachecol enrolasse em seu braço e ela apanhou a lança antes que acertasse uma mulher logo atrás delas.
Yunna se lançou para cima com um salto impulsionado por seu vestido. Graciosa e poderosa como uma águia escarlate.
Shay estendeu o braço, o cachecol se desenrolando e arremessou a extremidade do cachecol a um dos varais de corda e com um chute na parede um casebre se puxou para cima.
As duas aterrissaram sobre os telhados e voltaram a correr, ali em cima ainda que menos movimentado ainda tinha dezenas de pessoas que dificultavam a fuga.
Espelho, espelho, espelho, Shay repetia em sua mente. O prisma estava com Yunna, elas só precisavam achar a porta para sair dali.
A perseguição continuava na rua abaixo. Os soldados haviam se divido para cobrir as possíveis rotas de fuga, mas duas tecelãs com suas roupas esvoaçando e brilhando não era algo difícil de se perder.
VOCÊ ESTÁ LENDO
As Tecelãs: Pano de Vidro
FantasyPara impedir o fim dos tempos, um genocídio foi cometido. Duas das sobreviventes lutam por suas vidas e pela verdade do que realmente está para acontecer. Seda e vidro serão suas armas e enquanto houver luz, elas lutarão.