Domingo não era lá o meu dia favorito da semana, mas tinha suas vantagens. Eu amava acordar tarde, fazer nada e comer brigadeiro no fim da noite. Não era o caso daquele.
— Eva, tira o frango do congelador pra mim! — gritou Eduardo enquanto passava o aspirador de pó na sala.
— Ivi tiri i fringui di congilidir pri mim pi-pi-pi-pó-pó-pó — murmurei entre os dentes, me levantando da cadeira. — Como se a namorada fosse minha. Que saco!
Tiago avisou que chegaria mais tarde, sua mãe havia pedido ajuda para alguns serviços em casa, e eu jamais faria o meu melhor amigo abandonar a mãe por nossa causa.
A caminho da geladeira, olhei para a tabela de tarefas pendurada na porta do armário. Senti que faltava algo, então estreitei as pálpebras e me aproximei do papel.
— Limpar a garagem, já foi. Lavar a varanda, já foi. Compras no mercado, já foi... Pegar os frios no açougue, sexta feira — falei, com uma lentidão considerável nas últimas sílabas. Meus olhos deram uma volta pela cozinha e eu expirei pela boca. — EDUARDO! — berrei.
Os meus passos em fúria tomaram a direção do cômodo onde meu irmão se encontrava. Ele estava de cócoras, limpando o tapete.
— O que foi?
— Foi que você me pediu para tirar o frango da geladeira.
— E?!
— Que frango, Eduardo? — questionei com as mãos na cintura. — Você foi no açougue?
— Era minha vez?
— Puta que pariu, Eduardo — pronunciei seu nome da maneira que minha mãe faria, se estivesse em casa. Ergui minha mão e pressionei o septo, com os olhos fechados. — Só acontece quando é sua vez.
— Me perdoa. Eu esqueci.
— Eu não ligo pra carne, Eduardo. Como o que tiver. Eu quero ver o que você vai arrumar para servirmos para a Suelen.
— Joyce.
— Que seja. Já viu a hora? Sabe que, aqui, tudo fecha onze e meia no domingo — recordei.
— Não tem nada? — Ele me encarou, apavorado.
— Não, Edu. Na verdade, tem. Ovo e farinha.
Eduardo sorriu de canto e olhou para mim de forma sugestiva.
— Ah... Não. Nem adianta. Eu não vou pra cozinha hoje. A namorada é sua.
— Mas a sua farofa é a melhor, você tem um segredo que deixa ela uma beleza.
— É Sazon, Eduardo. O segredo é Sazon — expliquei, com as mãos na cintura.
— Eu já tentei, não fica igual — Eduardo se lamentou.
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Minha pequena Eva
Roman pour AdolescentsTalvez todos os clichês estejam realmente certos e a química entre amigos seja bem mais forte que com qualquer outra pessoa, para um possível romance. Evaluna, uma pessoa centrada, estudiosa e desacreditada no amor - apenas para ela própria - descob...