Um Gato Pulando A Janela

Capítulo Primeiro

Desde que se dera por gente, Joseph sempre fora um rapaz ativo, extrovertido e impulsivo. Erina que o diga, era impossível de se lidar com ele quando queria muito algo. E adorava dizer que mudaria o mundo também, que voaria pelos céus, como seu pai, e faria as pessoas acreditarem nos próprios sonhos. Falava como se fosse um adulto, mas na verdade, não sabia que a vida adulta não se limitava apenas a palavras bonitas.

O tempo foi passando e a exigência de uma maturidade maior caiu sobre os ombros do jovem Joestar. Com seus vinte anos, descobriu sabe-se lá como – mas sabe-se que não foi da maneira ideal – que a vida adulta que o esperava era cheia de armadilhas. Ganância, perversão, interesse e imoralidade. Ainda era um mistério para muitos o que realmente o fizera concluir isso, mas, até então, ninguém se importava muito em perguntar. Decidiu, então, por si próprio, não deixar murchar a flor da juventude enérgica que ainda tinha em si.

Não somente uma, mas várias pessoas diziam que sua inconsequência o levaria a um buraco qualquer, ou a um beco na rua onde ninguém reconheceria seu rosto. Joseph apenas sorria, mas ninguém sabia ao certo o que ele fazia com esses conselhos. Smoke era um de seus melhores amigos e vivia dizendo que era reconhecível a puerilidade com a qual Joseph sempre lidava com as coisas.

— Um dia você vai acabar nas mãos de alguém duro demais para seu espírito jovem, Jojo — Smoke disse, após tomar um longo gole de sua cola. O restaurante Bruce's, em Londres, estava lotado.

— Está parecendo a avó Erina, querendo me dar sermões. Viemos para beber, não? — Joseph ameaçou pedir uma cerveja, mas o olhar cortante de Smoke atravessou o seu.

— Falo sério. No mesmo lugar onde aprendeu que a vida é cheia de trapaças, transgressões e avareza, aprenda que você deve se portar como adulto. Ou ela o ensinará da pior maneira possível — Smoke abaixou os olhos diante do bufar de Joseph, que revirou os olhos e gesticulou com os lábios, como uma criança repetindo o sermão do pai.

Mas, no silêncio que guardava seu jardim de flores, o Joestar sussurrou no bico gelado da coca long-neck:

— Não há garantias de que eu já não saiba.

Naquela noite em especial, Joseph sentia uma vontade enorme de correr para longe, de fingir que todas essas pessoas não existiam, de ser ele mesmo por alguns minutos. Sobre a enorme Albert*, sentou-se e deixou as pernas balançarem no alto. Era jovem, sim, mas conhecia a maldita maldade das coisas. Talvez Smoke tivesse razão e ele devesse procurar uma universidade para encher a cabeça com coisas que jamais precisaria usar. Mas ele queria ser piloto e não mais um universitário ordinário naquele lugar ordinário. Queria ser feliz, mas estava começando a pensar se os adultos eram mesmo felizes.

No seu pequeno toca fitas, tratou de enfiar aquela que o fazia esquecer das baboseiras e responsabilidades que fazer vinte anos exigia de si. Encostou a cabeça num dos pilares da ponte e se permitiu voar por alguns instantes. Os carros faziam muito barulho e sequer percebeu quando alguém gritava-o, bem em cima de sua cabeça.

— O que é!? Porra, não posso mais ficar aqui, é isso? — irritou-se. Quando olhou para cima, teve a pior das visões. Seu semblante de raiva desfez-se e Joseph apenas virou o rosto, ignorando completamente quem o chamava.

— Não finja que não me vê — a voz respondeu em um tom consideravelmente alto, mas sem gritar dessa vez. — Acha que pode sair por aí de noite e ficar pendurado nas pontes? Espere só até a sra. Joestar ficar sabendo.

— Ela não saberá se você não contar, Straights. Vá embora, eu preciso aproveitar meu resto de vida jovem — o Joestar fez drama, a sua especialidade, diria, e quando menos esperava, o outro homem mostrava seu terno bem ao seu lado. — Está louco, velho? Se cair aqui, de quem será a culpa?