A Flor Cósmica e o Dragão do Poço

Capítulo 6

O chão era feito de uma terra seca e completamente desprovida de vida, e o teto de pedra levemente amarelada, com desenhos de hieróglifos egípcios. Do lado direito da cascata, havia o mesmo esquema de mesas que no andar de baixo, porém feitas de uma pedra de cor amanteigada, e do lado esquerdo, estava evidenciado um pedestal com uma espécie de flauta de madeira, que estava protegida por um vidro de aparência resistente. Ao redor da sala, várias pedras suportavam artefactos, e pequenas construções de pirâmides e de naves. Astrid apressou-se para se sentar na fila da frente, e Mel acompanhou-a, sentando-se logo ao seu lado.

Quando todos já estavam sentados, o Anteriano sentado na sua secretária levantou-se. Tinha a pele castanha e dura, como a de uma formiga, e vestia um manto semelhante ao do Mestre Owlly.

-Bem-vindos. Eu sou o Mestre Opi, encarregue de vos ensinar Geometria Sagrada e Construção – A sua voz parecia áspera, no entanto, ele aparentava um ar relaxado e descontraído – Devem ter em mente que a construção é a base para todas as sociedades. Construir significa transformar. Transformar significa criar. O próprio Universo criou-se a si mesmo, numa explosão magnífica. Com certeza a melhor criação de todas! Uma obra prima repleta de códigos, simbologias, padrões que se repetem. Formas de vida! E o melhor de tudo é que nós, a criação, temos também o poder de criar. Então, espero que usem esse poder, para criar coisas magníficas! – O Mestre Opi estalou os seus dedos. Astrid reparou que só tinha três. Sobre cada mesa, surgiram pedaços de barro, que esperavam pacientemente para ser moldados – Quero que criem algo que vos defina, algo com que possam descrever a vossa alma. Têm uma hora, e então, irei mostrar-vos o poder da construção.

O Mestre Opi sentou-se na sua secretária, começando a ler um livro de capa gasta. Astrid começou imediatamente a pensar no que poderia fazer. Sempre tinha sido muito criativa, mas quando lhe davam um tema, toda a sua criatividade se escondia timidamente. Ela pensou no que a poderia definir, mas a verdade era que não se conhecia assim tão bem. Gostava de ajudar as pessoas, de protegê-las. Na verdade, talvez esse fosse o traço mais forte da sua personalidade. E então pensou... e pensou... o que poderia usar para simbolizar alguém protetor? E pensou... e pensou... Olhou para o lado. Mel começava a esculpir um sol, que estava a adquirir formas bastante bonitas. Voltou a olhar para o seu pedaço de barro... Talvez...

Os seus dedos começaram a mover-se assim que chegou à conclusão do que faria, moldando um escudo na forma de um diamante, sobre o qual tentou fazer a forma de uma flor. Talvez fosse uma rosa, não sabia bem... Quando faltavam apenas dez minutos, ela já tinha acabado, e tinha que admitir, estava bastante satisfeita com o seu trabalho!

-Ok, acabou o tempo – O Mestre Opi levantou-se, começando a analisar por alto as esculturas dos seus alunos – Vejamos uma por uma – Ele aproximou-se da primeira mesa, a de Astrid, e fitou-a com um sorriso, logo de seguida inclinando-se, para olhar melhor para a escultura sobre o tampo da mesa – Hmm... – Ele pegou delicadamente na figura, tendo o maior cuidado para não a despedaçar, já que os Anterianos eram detentores de uma força enorme – Vejo que esculpiu um escudo em forma de diamante, com uma flor cósmica gravada na frente – Astrid arregalou os olhos, engolindo a vontade de dizer que o seu objetivo não era esculpir uma flor cósmica – A mensagem que esta escultura passa, é a de que a menina...

-Astrid.

-...a menina Astrid, é delicada, porém, mortalmente protetora. Um contraste na sua personalidade, que, de certa forma, consegue equilibrar dentro de si. Noto, porém, na forma como escolheu fazer o seu escudo, e isso dá-me a perceção da atratividade. Ou seja, conquista as coisas através da atração, para depois as aniquilar. Uma boa técnica, tenho que admitir – O Anteriano piscou-lhe um olho, fazendo-a sentir-se levemente envergonhada – Muito bem, passemos para o próximo!