Capítulo 5 - Feira dos duendes

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Aneline e o vampiro Shad, em sua versão fada, andaram o dia todo levando todos os marshs cativos. Melhor dizendo, Shad não andou, ele pousou no ombro de Ane e ali descansou por toda a viagem. Ele ficou debaixo da orelha dela, em um local onde o cabelo o protegia do vento. A garota não gostou nem um pouco daquelas asas de borboleta roçando no seu pescoço.

Os marshs estavam sendo mal educados durante a marcha. Alguns começaram a cantar músicas de resistência em sua língua tribal antiga. Devido ao efeito da poção da consciência, Ane compreendeu tudo o que disseram e ameaçou transformá-los em bolhas de sabão caso não parassem. Eles ficaram chocados ao perceber que ela podia entendê-los.

"Obrigado por essa poção, Eucrânio. Ela realmente está sendo útil!", pensou Aneline, ao se lembrar do esqueleto amigo de Shad. A garota de pele cor chocolate e de cabelos em maria chiquinha seguia a trilha conforme Shad lhe indicava. Assim, ela chegou a uma grande placa de madeira que dizia:

"Bem-vindos a Terra do Meio (exceto se você for um ser adorável)".

Por um instante, Ane ficou preocupada por estar levando uma tribo de seres adoráveis para aquele lugar, mas essa questão logo teve uma solução.

— Olha, olha! Temos uma heroína aqui! Uma baita caçadora de recompensa! — disse um duende animado que se aproximou. O anãozinho barbudo de chapéu pontudo tinha bochechas rosadas e um pequeno nariz afinado. Ele estava cercado por dois seguranças ogros, com pele cinzenta, musculosos, além dos dois metros de altura.

Ane teve um momento de pânico ao lembrar que Shad estava em forma de ser adorável. Ela o escondeu com seus cabelos e fez pose de durona. Embora já fosse uma meia-verdade, fingir ser uma caçadora de seres adoráveis poderia dar a ela uma vantagem naquele território estranho. Ao menos foi o que a garota ponderou.

— É isso aí! Sou mesmo uma caçadora! Onde posso vender esses marshmallows panacas?!

— Em qualquer uma das nossas lojas! — O duende apontou. Ane vislumbrou as várias lojas dentro da cidade cercada por troncos.

— Parece convidativo — respondeu ela, bem admirada com tudo. Aneline viu trolls, grandalhões azulados de nariz gordo; seres flóreos, arbóreos, animais humanoides, duendes, goblins, e monstrinhos de pedra andando por ali.

— Deixe seus marshs comigo, garota — disse o duende sorridente. — Nós iremos cuidar deles até que você ache um comprador. Tudo que precisamos é de uma pequena porcentagem do preço de venda.

Ane reparou que o duende, assim como seus dois seguranças, estavam devidamente uniformizados e com crachás. Ela decidiu deixar os marshs ali. Com as pernas trêmulas, seguiu para o interior da cidade.

Shad havia acordado de um pequeno cochilo. Aparentemente ser fada consumia muita energia. Ele olhou pelas frestas do cabelo de Ane e sussurrou no ouvido dela com sua voz aveludada:

— Não podemos deixar que eles me vejam!

— É. Estou sabendo — respondeu Ane, desviando do monstrengo feito de terra e folhas que passou carregando um tronco de árvore no ombro. — Aonde vamos vender nossos marshs?

— Venda-os na barraca do Sr. Patas Fumegantes. Ele é um dos poucos que paga em dinheiro. Os outros costumam fazer trocas — respondeu Shad, a fadinha.

Ane leu todas as placas, andando pelas barracas e vendo todo tipo de ser mais esquisito possível, até chegar a barraca onde estava o tal Sr. Pata. Era um canguru com óculos fundo de garrafa. Ane reparou que atrás dele, em sua loja, haviam vários troféus antigos de atletismo. Ela ajeitou os óculos para poder ver melhor. A garota tinha sérios problemas de visão.

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