Capítulo 6 - Torre do Desafio (parte 1)

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A garota humana e a fada com alma de vampiro caminhavam pelas florestas de Terra do Meio. O local possuía uma terra cor caramelo, árvores robustas e antigas. Desta vez, estariam atentos para não serem enganados por andarilhos trapaceiros, afinal, carregavam algo de muito valor consigo: a varinha-purpurina. Eles ainda não sabiam o que fazer com ela, mas se caísse em mãos erradas, seria uma catástrofe. Disso, eles tinham certeza.

Antes de deixar a feira dos duendes, Aneline visitou todas as lojas. Ela estava com muita grana em sua mochila de dimensão própria da Demo Kitty. Havia deixado Shad dormindo no hotel. Ele estava tão fofinho naquela cama de gato. Não quis atrapalhar.

Além de olhar todas as bugigangas que os duendes vendiam, também ouviu as conversas dos ogros e trolls. Todos ali pareciam bicheiros ou espertalhões que queriam tirar vantagem de alguém em algum momento. Ane estava mais esperta em relação a persuasão comercial dos duendes safadinhos. Mas ela não se conteve ao ver um escudo lindo, incrível, em uma prateleira da loja de armas. Ela abriu a boca, estava salivando. Ficou encantada. Não poupou esforços para gastar quase todo o dinheiro no escudo em formato de coração. Ele era prata reflexivo. Os cantos eram revestidos por um metal rosa que davam suavidade à peça.

Ela se sentiu tão poderosa o portando nas costas!

Mas alguém tinha que estragar sua felicidade...

— Aneline, você gastou todo nosso dinheiro em um escudo?! Vai bater nos inimigos com ele? Não é muito prático! — A fadinha Shad levou as mãos à cintura, com raiva. Ele vestia uma roupinha de gárgula que Ane comprou no brechó. Seria seu disfarce!

Ane revirou os olhos, ajeitou o cabelo para trás e olhou para a fada chata em seus ombros.

— Não enche! — Ela não estava muito para conversas...

— Tudo bem... Torçamos para que isso te ajude na Torre do Desafio. — Shad recuou, tentando ser um pouco mais positivo. Seu coração de fada pulsava rápido, confundindo suas emoções. Ele jurou ter sentido amor também. Mas não sabia muito bem o que era. Em seu íntimo, pretendia voltar para seu corpo de vampiro e trabalhar em seus sentimentos, construindo algo real em seu coração negro cheio de teia de aranha.

E assim seguiram algumas horas pela floresta até chegarem a uma clareira. Diante deles, uma imponente torre de cinco andares. Era larga e bem imponente. Em volta, uma aglomeração de seres medíocres, como eram chamados os que viviam em Terra do Meio. Aneline observou alguns centauros filmando uma repórter humanoide de pele lilás e cabelos vermelhos. Ela fazia a cobertura para a TV, entrevistando os desafiantes.

Assim que Aneline chegou, ela foi abordada por várias perguntas da repórter. A garota continuou altiva, olhando para a frente de maneira marrenta e ignorando a repórter. Ela não estava para brincadeira!

A garota aguardou no gramado do lado de fora juntamente com outros desafiantes. Notou seres do triplo de seu tamanho, os minotauros. Eles afiavam seus chifres em uma roda de amolar. Suas marretas eram maiores do que a própria Aneline. Ela engoliu em seco e sentiu seu semblante congelar. Tentou, no entanto, não deixar transparecer. Assentou sobre um tronco caído, retirou sua mochila das costas e a pôs sobre o colo. Shad sentou-se sobre ela.

Os dois esperaram por um bom tempo. Shad tentou animá-la como um técnico de boxe faz com um lutador. Ele massageou os ombros dela, mas suas mãozinhas eram tão pequenas que serviam apenas para fazer cócegas. Fora que quando ele se movimentava, suas asas de fada emitiam algumas luzinhas brilhantes que podiam estragar o disfarce. Aneline pediu para ele se aquietar.

— Você é um gárgula, lembra? Gárgulas não ficam fazendo massagem — Aneline advertiu.

— Na verdade, fazem. Em Infame Brigadiça eu costumava frequentar o spa da Dona Garguleza...

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