PERDIÇÃO

C A P Í T U L O 29

|| HENRIQUE LIMA ||

É muito difícil pra mim discutir com a Alice... Me sinto incapaz sabendo que nada que ela faça será maior do que eu já quis fazer com ela.
  A meses eu venho tentando manter esse assunto esquecido, mas desde que me abri com o Olavo isso não para de me assombrar. Sem contar que o tio Pedro parou de perturbar, e o silêncio dele é muito pior que as ameaças. E agora, logo agora, Alice resolve ser a adolescente inconsequente.

Depois da bronca que levou do Renan, foi fácil ela pegar no sono, e a noite, Guilherme me chamou pra beber no apartamento novo dele.

— E aí cara. - Falei passando pela porta, enquanto ele a fecha. -

— Como ela tá? - Perguntou vindo até mim -

— Dormindo...

Guilherme pegou uma pasta de cima do balcão e jogou na mesa que separa nós dois, me olhando sério. Dentro da pasta, fotos minhas e do meu tio, tiradas à uns dois anos atrás, ainda em Londres.

— Como você conseguiu isso?

— Seu tio tem muitos inimigos. - Respirou fundo - E eu tô me segurando pra não quebrar a tua cara.

— Não sei o que você descobriu, mas eu não sou mais o cara que veio de Londres à mando do Pedro.

— Então você realmente veio por vingança daquele filho da puta!? - Gritou -

— Como você descobriu isso? Mais alguém da família sabe?

— Quando descobrimos que você e Alice estavam juntos meu pai mandou investigar você, mas na época ninguém descobriu nada demais... O investigador é meu amigo, me entregou isso ontem. E não, ninguém sabe de nada, ainda.

— Me apaixonei por ela, Guilherme. Sim, eu vim ao Brasil com o objetivo de destruir a vida do Renan, mas me apaixonei no momento em que à beijei pela primeira vez. Eu nunca à machucaria. Pelo contrário, coloquei seguranças disfarçados atrás dela 24 horas por dia, com medo que o Pedro faça algo. - Expliquei -

— Eu não tô nem aí pra porra dos seus sentimentos! - Ele bateu na mesa. - Você vai terminar tudo com a minha irmã e nunca mais vai chegar perto da minha família!

— Não tenho medo do seu pai, Guilherme!

— Ah é? E da Alice descobrir tudo? Você tem? - Parou na minha frente - Vai terminar tudo com a minha irmã, se não quiser que ela saiba de tudo e te odeie pra sempre.

...

Faz dois dias que eu à evito, e hoje quase surtei de preocupação até encontra-la na boate.
  São meus últimos dias com ela, e eu não quero brigar. Ao invés disso, fiquei a observando, cada movimento, cada vez que virava o copo só pra me irritar. Alice é tudo pra mim, e eu nunca vou me perdoar por ter ao menos pensado em fazer mal pra ela. Guilherme me deu o empurrão que faltava para fazer o que eu já deveria ter feito.
   Dormi ao lado dela, a abracei como nunca, a observei como se fosse uma obra de arte.

Acordei antes que ela. Me levantei e fui tomar banho, quando sai, vejo que Alice já está acordada e tomando o remédio que deixei no criado mudo para ela.

— Bom dia. - Falei me sentando na frente dela -

— Bom dia. - Sorriu - Obrigada por não ter brigado comigo ontem.