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No dia em que Richard decide escrever cartas ao seu melhor amigo em coma, o café mofou. Como o tempo que só se nota nas rugas, o café mofou. No líquido preto dentro da cafeteira, pelos brancos vêm à tona com grudes, floresde lótus da podridão. É apenas no comentário de Beverly que Richie sabe, percebe, repara. Bocejando, responde: — Aquele que fica dentro do filtro?

Bev sorri:

— É bonito até.

Richie se levanta até a bancada, põe-se em frente ao aparelho. Puxa para si a jarra para cafeteira. Observa o mofo, o café, a jarra, as marcas de café, as vezes em que o café poderia ter mofado, os lugares onde poderia termofado, a bancada, até que — Há quanto tempo vocês não usam isso aí, Rich?

Ele mesmo. Não sabia. Não sabia por que a mãe ou o pai não tinham visto. Suspira: — Mais tempo.

— Mais tempo que...?

Richie olha a penugem dos mofos no café.

— Chee? — diz Beverly.

— Acho que passei café quando fui visitar o Eds no aniversário dele.

— Em novembro?

— É — ele diz.

Naquele dia, não tomou o café que fizera. Viu a água ferver e voltou para a cama. Richie sabe que faz muito tempo que não toma café. Ele sabe que faltam três semanas para o ano-novo. E — mais que isso — Richie sabeque faz muito tempo que não pensa em Eddie.

Luzes de emergência se acenderão automaticamente ; adaptação reddie.Onde histórias criam vida. Descubra agora