Eu olhava pela janela do avião, vendo São Paulo cada vez mais perto, estávamos pousando e eu agradecia por finalmente poder esticar minhas pernas. Assim que pousamos vejo as pessoas ficarem de pé e reviro os olhos escorando minha cabeça na janela, sabia que ainda demoraríamos para descer. A criança pentelha que chutou minha cadeira durante metade do voo ainda dormia e eu agradecia por aquilo.
Peguei meu celular relendo a mensagem dela.
"Eu vou estar aqui, mas eu não vou te esperar pra sempre então por favor, não demore."
A mensagem foi enviada poucos minutos antes do meu embarque, eu queria surpreendê-la. Depois de meses morando fora eu estava de volta ao Brasil, estava com saudade de casa.
Eu estava com saudades dela.
Ter dado um tempo no nosso relacionamento foi a pior coisa que eu podia ter feito, mas a minha ganância falou mais alto que o meu amor, então eu lhe pedi um tempo alegando que um relacionamento a distância não daria certo, era mentira, eu sei que se eu quisesse nós faríamos dar certo.
Ela terminou seu curso, começou a trabalhar no emprego que tanto sonhava e voltou a escrever as poesias que eu tanto amava, e eu?
Eu apenas senti sua falta durante esses seis meses.
Levantei da minha poltrona e peguei minha única mala saindo do avião, quando cheguei no saguão vi o cara que vinha do meu lado no voo abraçar uma mulher que imagino que seja sua mãe, a criança pentelha que vinha atrás de mim abraçou um rapaz que parecia ser seu pai, entre abraços e lágrimas de saudades eu segui para a saída, sabia que não haveria ninguém me esperando, afinal, eu não avisei que chegaria.
Chovia forte quando a grande porta de vidro se abriu e eu só torci para que um táxi aparecesse rápido. Atendendo as minhas preces, vejo um parado a poucos metros de onde eu estava, o homem, que imagino ser o motorista, estava escorado no capô olhando as pessoas que passavam.
— Está livre? — eu perguntei e ele balançou a cabeça assentindo. Coloquei minha pequena mala no banco do passageiro entrando também.⠀⠀ ⠀⠀
— Pra onde o senhor vai? — o taxista perguntou me olhando pelo retrovisor.
Dei o endereço dela sentindo meu coração palpitar mais rápido, a essa hora ela ainda não tinha saído para o trabalho, estaria em casa tomando café da manhã com Loly, nossa pequena gatinha preta. Discutimos quando a gata apareceu na nossa porta com frio e com fome, eu como um bobo apaixonado me dei por vencido e acabamos adotando a gata, era impossível dizer não quando ela pedia alguma coisa.
Reli a mensagem enviada a oito horas atrás, eu não iria responder, não sabia bem o que responder. Ela disse que iria me esperar, mas eu não podia pedir que ela me esperasse pra sempre, tudo o que eu podia fazer era voltar para os braços da mulher que eu amo. Escorei minha cabeça na janela olhando os grandes prédios de São Paulo.
— O senhor é novo aqui? — o taxista perguntou querendo puxar assunto.
— Na verdade não, eu estou voltando para casa. — falei e ele assentiu.
— Faz muito tempo que está fora? — ele pergunta e eu hesito um pouco antes de responder.
Eu não era um exemplo de simpatia, provavelmente se ela estivesse aqui me daria um beliscão pela minha cara feia.
— Faz seis meses, estava em Londres. — dei um sorriso de lado.
— Eu nunca sai do Brasil. — ele fala engatando um novo assunto — Minha Cecília nunca gostou de viajar de avião.
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Фанфик"Na verdade eu e ela sempre fomos um só. Talvez não seja a hora de falar ou para ser sincero, talvez vocês até saibam do nosso caso e dizer isso agora pode não te causar efeito nenhum, mas na realidade é só imaginar um pássaro sem asas para voar, um...