Robert Sullivan
Seus cabelos estavam tão macios, que quase não podia recordar sua deliciosa textura, juntamente com seu perfume de flor, que me arrepiava dos pés à cabeça. Acabara de dar o maior passo para finalmente encontrar a felicidade junto a Andy, e o fiz sem pestanejar. Não tinha noção alguma do que estava fazendo quando chegara ali, tampouco pretendia lhe pedir que confiasse em mim. Mais surpreso ainda, fiquei, quando sem perceber, disse que preferia a morte a magoá-la novamente, o que por certo era verdade, no entanto, não era a maneira pela qual escolheria para dizer que estava pronto para nós.
Ao fim de minha confissão, ela me fitou em um sorriso tímido que fez querer tudo, ali mesmo, tratando de matar o que nos destruía aos poucos nas últimas semanas. Infelizmente, Andy sempre foi uma mulher que seguia as regras, e apenas para que o momento não passasse em branco, ela me deu um leve beijo que trazia consigo todo carinho e ternura que existia entre nós. Pude então, confirmar uma vez mais que amava aquela mulher e finalmente, saciei minha vontade de senti-la e para finalizar nossa troca de carícias, a abracei forte.
– Não quero te soltar nunca mais em minha vida! – declarei ao seu ouvido, sentindo seu coração batendo aceleradamente.
– Estamos na estação. – respondeu.
– E daí? – perguntei, recebendo de si uma encarada e um levantar de sobrancelha. – Ok. – desfiz o abraço. – Quando termina seu turno?
– Em 4 horas e 17 minutos. – disse, confirmando ao olhar para o relógio.
Me levantei, e me dirigi a porta, para me apressar na construção de sua carta e Andy se mostrou confusa.
– Onde vai?
– Eu tenho uma carta para terminar, que deve estar na sua casa antes das quatro da tarde.
– Mas é quase meio dia. Você poderia almoçar comigo, né? – propôs e eu me tentei lutar contra minha vontade de dizer sim.
– Andy, sabe quanto tempo eu vou levar para reescrever tudo?
– E quem disse que você precisa reescrever? – ergueu as sobrancelhas e eu notei que ela tinha razão, afinal. Eu tinha tudo organizado numa pasta que se a entregasse, ela com toda certeza, compreenderia.
Concordei com sua proposta, não apenas porque ela tinha uma excelente ideia, mas também porque eu queria, e muito, desfrutar de mais alguns momentos consigo. Propus que fôssemos comer em algum lugar por perto, para não chamar a atenção de ninguém, assim, pareceria que eu estivesse indo embora, enquanto ela, só iria sair para comer algo em seu horário de almoço ou realizar alguma pendência. Fui prontamente, até o refeitório com Andy, onde cumprimentei a equipe e me "despedi" de todos, inclusive dela, que comentara que seu pai não se sentia bem e que iria visitá-lo para lhe fazer companhia, voltando dentro de uma hora e meia.
Parecíamos dois adolescentes, tentando despistar todos a nossa volta, guardando um segredo que se descobrissem, traria problemas. Eu não era bom em disfarçar, mas Andy parecia ser mestre nessa arte. Ela gesticulava e mostrava feição de preocupação com o pai, do qual nós dois sabíamos que estava bem. Chegou até em reclamar das teimosias de Pruitt, que lhe traziam inúmeras dores musculares, por não saber ficar por um tempo ocioso.
– Você está indo agora, Herrera? – perguntei.
– Sim, vou apenas me trocar, para não ir fardada, capitão.
– Se quiser, te levo até lá. É caminho de casa... – antes que Andy pudesse aceitar, Travis, que andava esperto demais, soltou uma que me deixara sem resposta.
– Vai levar Andy a pé, capitão?
– Oi? – respondi, nervoso.
– O senhor veio na ambulância. – explicou Travis.
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A FORÇA DO DESTINO
FanfictionO destino prega peças a todo o tempo nas pessoas? Ou apenas nossas ações são consequência para o que vivemos? Andy e Robert se veem presos um ao outro após uma série de eventos, os levarem para o mesmo lugar e terem de aprender a conviver um com o o...