Querida Cecília,

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Ver o nosso nós despencar tão rápido desperta um sentimento que não é de se desejar a ninguém.

Pensar que um dia eu não reconheceria esta voz que cantou as mais belas letras de amor até que eu caísse no sono.

O apelido mais comum e significante que eu poderia chamá-la já não sai mais de minha boca.

E nem os comentários bobos e desnecessários sobre ti que eu soltava aos quatro ventos sempre que tinha oportunidade.

Você já não se lembra de quando disse-me aos ouvidos que a minha presença era o que mais lhe importava. Parece que nos esquecemos.

Demorastes tanto para chegar até mim, me diga a razão de ir com tanta pressa.

Estávamos andando em águas profundas sem perceber o perigo de afundar. E nós afundamos.

No desespero de te perder dei o nó mais firme que pude, mas esqueci que a corda desgasta com o tempo e escapastes de mim na primeira oportunidade.

Te busco todos os dias ao canto de minha cama. Talvez eu não tenha acostumado a ver o seu rosto apenas em sonhos.

Me acostumei somente a cantar em busca de alívio ao pranto que por pura saudade ameaça sair, saudade que apenas você me faz sentir. Mas dói saber que não sentes o mesmo.

Rondo cada canto desta casa que se faz imensa à sua ausência, mas tudo o que encontro são vagas lembranças de nós, um nós que já não existe.

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Parece que o tempo todo
A gente nem percebeu
Que aqui não dava pé não
Que tua amarra no meu peito não se deu
Te vi escapar das minhas mãos
Eu te busquei, mas
Não vi teu rosto não
Eu te busquei, mas
Não vi teu rosto
Não

Uma carta à CecíliaOnde histórias criam vida. Descubra agora