.dia ruim

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Era um alívio para os vizinhos daquele apartamento quando a terceira semana do mês chegava. O silêncio incomum no cotidiano do dono daquele imóvel sempre iria ser como música aos ouvidos dos moradores mais próximos, mesmo eles tendo em mente que depois daquela bendita semana o barulho e a bagunça que saía daquele lugar em dias normais voltaria a ativa.

Por outro lado, aquela semana não era nada agradável para o garoto que se encontrava encolhido na cama de casal, preso em uma sensação insuportável de dor.

— Ai…— gemeu pela milésima vez naquela tarde. Suas mãos acariciavam o baixo ventre em uma tentativa falha de aliviar aquele peso no útero.

Existiam poucas coisas que Jisung odiava, mas ele tinha a plena certeza de que os dias com cólica eram o primeiro item da curta lista.

O barulho da porta do cômodo apertado sendo aberta chamou a atenção do azulado por um breve momento antes dele sentir uma fisgada forte em seu utero que o fez se encolher um poco mais e soltar outro gemido dolorido acompanhado de algumas lágrimas finas que escorreram por seu rosto pálido. Por fim, acabou por ignorar o namorado que entrava no quarto carregando consigo uma bolsa de água quente.

— Amor, tem certeza de que não quer tomar nenhum remédio? — perguntou o recém chegado se aproximando do amado que afirmou com a cabeça o fazendo suspirar frustado. Não concordava com aquela decisão, mas entendia o lado do namorado. Afinal, o organismo do azulado já estava passando por mudanças, não precisava de mais coisas o bagunçando. — Tudo bem. Vem, deixa eu te ajudar. — pediu vendo o outro tirar a mão do ventre para que ele pudesse colocar a bolsa quente alí.

Doía em Minho ver seu namorado tão frágil. Parecia tão errado ele ficar daquela maneira! Se pudesse, tomaria toda aquela dor para si, mas não estava em condições de fazer nada além do máximo para cuidar de seu pequenino.

— Ho, me abraça? — o menor pediu com um olhar quase suplicante estampado em sua face fragilizada. O tom manhoso acompanhado do timbre baixo o fazia parecer uma criança que queria ser mimada.

Com uma expressão preocupada estampada no rosto, o mais velho pulou as pernas do amado e se deitou atrás dele o embarcando em seus braços com cuidado e delicadeza como se ele fosse feito de um vidro fino e frágil. Suas mãos se encontraram com aquelas que seguravam com força a bolsa quente e as cobriram em uma carícia. Um beijo casto foi deixado no ombro coberto pela blusa velha e desbotada de uma banda de rock qualquer.

— Tenta dormir um pouco, hum? Você ficou acordado a madrugada e a manhã inteira, merece um descanso.

Um riso fraco alcançou os ouvidos do moreno.

— Mas você também ficou acordado por todo esse tempo. Nem lembro mais quantas vezes você saiu daqui para trocar a água dessa coisa, ou de quantas vezes se levantou para me ajudar a encontrar uma posição melhor. — o azulado falou virando um pouco a cabeça em direção ao moreno que acariciava seu pescoço com o nariz e vez ou outra distribuía beijinhos por lá. — Você não precisava fazer isso.

Em resposta o mais velho balançou a cabeça em negação e se aproximou da face do outro.

— É claro que eu precisava, eu não iria te deixar sofrendo sozinho. — falou para depois selar os lábios na bochecha proeminente do menor.

Jisung sorriu fraco se aconchegando um pouco mais no abraço de Minho. Seu útero ainda parecia estar prestes a sair para fora, mas pelo menos ele tinha alguém para cuidar de si naquele momento tão chatinho.

É, olhando por esse lado, os dias de cólicas eram até suportáveis.

cólica | • minsung •Onde histórias criam vida. Descubra agora