Click... Click... Pluck. Ray observou o movimento das pequeninas ondas que a pedra criou ao afundar na água. Decidiu pegar outra, desta vez de formato mais oval e estreita. Click... Click... Click... Click... Pluck. Estava mais satisfeito agora. Os adultos não gostavam muito que ficasse jogando pedras no pequeno riacho que transpassava o vilarejo, mas era uma das poucas coisas que Ray gostava de brincar, já que as outras crianças o evitavam. Mas havia um motivo para isso, afinal, era um Insólito. Insólitos eram aqueles que nasciam com magia mal vista pela sociedade, fora dos padrões da sociedade. Frequentemente eram marginalizados e dificilmente conseguiam ficar muito tempo em algum lugar, já que nínguem aceitava os trabalhos de Insólitos. Por outro lado, a mundo vinha em constante evolução, fazendo com que vários que antes eram Insólitos passassem a ser considerados como cidadãos comuns, como o curioso caso do Dr. Vlad N' Mir, que conseguia usar uma magia de controle de sangue. Antes vista como uma magia horrrenda, e classificada como grau de periculosidade A, ele era constantemente vigiado pelo governo. Hoje, ele usa sua magia na mediucina, ajudando aos mais variados pacientes, identificando anomalias no sangue de seus pacientes, e até conseguia prever um futuro câncer com apenas algumas gotas, assim, os evitando.
O problema de Ray é que sua magia era a pior que já se teve registro. Ninguém sabe explicar como ou por que, mas o pequeno Ray herdou a temível magia negra. Exato. Aquela do lendário Mago Negro, Umbra Weerling. Terrível, poderoso e mortal. Como foi deixado dentro de um cesto em frente ao orfanato True Harmony, ningúem sabia qual a sua decendência, e tinha um pequeno bilhete escrito "Essa criança amaldiçoada se chama Ray, faça o que quiser com ela." Como sua magia era especialmente peculiar, as autoridades locais logo foram acionadas. Era difícil entender o que acontecia, visto que a magia era normalmente herdade de pai para filho, e ningúem sabia dizer se aquele carrasco do Umbra teve filhos enquanto vivo. Mas o que viam na sua frente era inegável: aqueles escuros olhos ébanos e aqueles contornos negros em sua pele anulava qualquer hipótese de erro. Ele era o novo mago negro. A dona do orfanato, Esha, disse para as autoridades que ficaria com a criança, que cuidaria da melhor maneira possível, e que iria guiá-la no caminho da bondade, para garantir que não fosse para o mal caminho. As autoridades ficaram apreensivas visto que estavam diante de uma lenda viva, mas decidiram deixar assim por enquanto, já que também estavam falando de uma criança.
Conforme foi crescendo, Ray se tornou uma criança especialmente bondosa. Esha tinha um apreço especial por ele, e o tratava como filho, assim como as outras crianças do orfanato. Essas, a maioria eram também Insólitas, mas ainda assim evitavam Ray. Ele nunca desistia de tentar criar novas amizades, e acabava sendo constantemente ignorado. Por isso, gostava de sentar em baixo da ponte do vilarejo, e jogava pedras no rio, além de fazer pequenos truques com as sombras que eram projetadas pela ponte nos dias ensolarados. Ray sabia moldar alguns desenho com a sombra, as vezes até pregava peças em Esha, que, por impulso, acabava lhe sentando uma boa bofetada com sua magia de vento. Ainda assim, Ray não entendia por que sua magia era tão temida, já que as sombras não tinham como ter contato com nínguem, pois era nada mais nada menos do que sombra. Até o seu inesquecível aniversário de 15 anos.
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Morte em Sombras
FantasyNo gigantesco continente de Sunden, magia era algo comum a todos que lhe habitavam. Mas, ao contrário das vegetações e animais, os seres humanos utilizavam a magia para ganho diário, seja o mais simples trabalho diário, até as linhas de frente de ba...