Capítulo XLV ● Youngjae

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— Essa é a hora em que você também começa a remar. — Jaebeom avisa, logo depois que eu estou devidamente sentado no meu lugar no caiaque, mas não espera que eu faça o que ele pediu antes de começar a remar para sabe lá Deus onde, e eu não gosto da sensação de estar aqui, é instável e oscilante, um movimento errado e nós afundamos.

— Com o quê?

— Com o remo? geralmente é isso que as pessoas usam. — Ele não está tentando ser cruel nem nada, está só brincando com a minha cara, por isso dou um tapa nas costas dele, feliz por estar sentado na parte de trás e ele estar no comando do caiaque.

— Onde tem um remo? Eles não ficam dentro do barco ou sei la? — Tateio todos os lugares do caiaque, pensando que, com sorte, se tiver um remo por aqui, ele vai estar em algum lugar. Mas é claro, eu não acho nada.

— Como assim "onde tem um remo?", onde está o seu remo?

— Eu não tenho um remo. — Dou de ombros, mesmo que ele não possa ver porque está ocupado demais remando sozinho. Mas a verdade, a triste verdade, é que eu não tenho certeza se o que eu disse era mesmo verdade, mas acho que é, afinal, eu saberia se tivesse um remo, certo?

— Claro que tem, o professor deu um pra todos nós. — Jaebeom diz, alarmado, mas eu não demonstro uma reação, EU SABERIA SE TIVESSEM ME DADO UM REMO!

— Ele não deu um pra mim.

— Eu VI ele dando um pra você. — Jaebeom acusa, me fazendo suspirar teatralmente.

— Jaebeom, querido, se alguém tivesse me dado um remo, eu saberia, remos não são coisas que os outros saem dando por ai normalmente. — Me defendo, porque eu estou certo, droga! Ninguém me deu a porra do remo.

— Você já tocou em um remo alguma vez na sua vida?

— Claro que não. — Escuto Jaebeom suspirar, talvez procurando paciência, e eu suspiro também, só pra fazer mais raiva pra ele. E daí que ele é o amor da minha vida? Eu não perco a oportunidade de fazer raiva para alguém quando tenho a chance, seja essa pessoa quem for, fazer pessoas ficarem irritadas é o meu dom.

— Então como você poderia saber se te deram ou não um remo?

— A gente sabe dessas coisas.

— Não, não sabe.

— Certo! Você pode ter razão... — Assumo minha derrota, mesmo que na verdade isso nem tenha sido realmente um luta. — Como é um remo?

— Um bastão de metal com uma coisa na ponta, como uma pá, só que mais esticada. — Abro a boca, surpreso.

— Espera, então isso é um remo?

— Sim, alguém deu algo parecido pra você hoje?

— O professor me deu, agora eu me lembro. — Jaebeom respira fundo, pelo barulho da voz e a forma como ela soa cansada, acho que ele já está ficando cansado de remar sozinho.

— E onde está?

— Eu usei pra cutucar uma colmeia de abelhas, queria que elas ficassem bravas e voassem para cima do bambam.  — Jaebeom para de remar e eu sinto o caiaque balançar um pouco enquanto ele se mexe, provavelmente, para olhar para mim. Tento sorrir o mais inocente o possível, mas acho que ele pode estar um pouquinho bravo.

— Onde está o remo agora?

— Então... — Dou uma risadinha, tentando quebrar o gelo, mas é, acho que ele tem motivos pra não estar muito feliz. — Meio que as abelhas ficaram bravas comigo também e eu precisei fugir pra salvar minha vida. Devo ter derrubado o remo enquanto fugia.

Blind • 2Jae (HIATUS) Onde histórias criam vida. Descubra agora