Apenas o encarei, confusa.
- Daonde o senhor conhece o Goech?
- Aah.. - o senhor olhou para o teto, quase como se estivesse num flashback. - Ele é um amigo do centro do Rio.. mas passou por aqui algumas vezes.
- A última vez que ele veio aqui, faz tempo? - Meu senso investigativo e minha dedução apitavam frenéticamente ao produzir novas teorias.
- Faz algum tempinho sim.. - O senhor enfim me olhara ainda fazendo seus cálculos mentais.
- Então o senhor chegou vê-lo sem cadeira de rodas? O senhor poderia me contar com.. - Antes que pudesse terminar, o homem me cortou.
- Cadeira de rodas? O Goech? - Napoleão franziu o cenho rapidamente e logo me fazendo ter a mesma expressão.
- Sim, o homem de terno, chapéu.. o Goech.
- Sim, o Goech! Mas ele não está cadeirante. Não mesmo.
- Ele disse até que tinha alguém que cuidava dele. - Minha expressão não negava minha confusão.
- O Goech? Não. O Goech sabe se cuidar muito bem, até. - Napoleão claramente estava confiante em dizer isso.
- O senhor mora aqui a muito tempo? - Ignorei a resposta anterior e apenas segui no plano falho de tentar desvendar o que estaria acontecendo e apenas me encontrando com mais perguntas.
- Sim, sim.. Há uns 40 anos já. Aqui é bom de se viver, não tem muito problema.. cidadezinha pequena, todo mundo se conhece.. - Napoleão agora encarava pela vitrine de sua loja observando as pessoas caminharem pela rua.
- Sim.. é realmente bom.. - Apenas concordei, mesmo não escutando mais nada desde a hora em que o senhor confirmou que Goech não seria cadeirante.
- Esse homem, esse médico - Encarei-o novamente. - Ele tinha algum motivo, algum porquê pra fazer esses experimentos? talvez pra achar alguma cura pra ele ou alguém querido? - Falei afoitamente, até que o senhor cortou minhas teorias.
- Na verdade, não. Pelo que sei, era pelo próprio ego dele de estar criando algo novo.
No meio das prateleiras saí Isadora com os braços repletos de mais bebidas e John com alguns salgadinhos ambos vindo em direção ao balcão, pagando as coisas e me fazendo os seguir até o carro novamente.
**
Chegando no casebre longe de toda população novamente, esperei Isadora e John entrarem na casa novamente.
- Você vem? - Encarei Akoí um tanto corada.
- Eu vou, mas tenho que resolver algo antes, já venho. - Akoí respondeu um tanto receoso com a minha reação e encarou a porta do carro.
- Ok. - Fiz uma pequena careta triste olhando para o nada. Sai rápido do carro e olhei para trás, tendo apenas uma visão de Akoí dando ré com o carro e sumindo de vista.Droga. Eu realmente queria ele aqui..
Olhando para o céu, possivelmente seria umas quatro horas. O sol raiava mais forte e de longe se via o pôr do sol. Adentrei na casa.
Apenas notei o quão Isadora e John estavam colados e rindo na cozinha, já preparando algum tipo de bebida e Mike e Kelsier brincavam de quebra-de-braço, me fazendo rir.
- Com certeza o Kelsier vai ganhar. - Debochei, rindo da careta de Kelsier e sentando em um dos sofás.
Após rir de Kelsier perder fatalmente para Mike - aparentemente e notávelmente mais forte - me levantei indo em direção ao banheiro. Voltando do mesmo, encarei a janela da casa boquiaberta.
O que era aquilo?
Parecia algum tipo de montanha humana, mesmo não sendo nada humano.
Algum tipo desagradável, algum mal que antes para mim era inexistente.
Mesmo nascendo no México, um lugar com a cultura onde há lendas e misticidade para todo canto, aquilo era muito mais horrendo do que todas as lendas que já ouvi minha vó contar.
Vinha numa velocidade impressionante. Parecia um amaggedon de corpos. O céu laranja devido a hora.
Aquelas coisas sobrenaturais corriam rosnando e babando em minha direção.
Despedaçadas. Cortadas, Sangrando. Corriam em direção a casa.
Gritei.
- MAS O QUÊ? - Apontei rápido pela janela fazendo todos olharem para a mesma,confusos.
- O quê? - Kelsier e Mike se esticavam no sofá proucurando achar o que eu apontava.
- Não tem nada ali, Naomí. - Mike me encarou, me fazendo gelar.
- COMO VOCÊS NÃO ESTÃO VENDO? É HORRÍVEL, É TREMENDAMENTE HORRIPILANTE. - Gritei dando passos para trás e tropeçando no tapete, me recompondo rápido.
Kelsier e Mike me encaravam preocupados, Isadora apenas franzia a testa e John se assustara mais.
- Ela tá.. louca? - Isadora sussurrou - alto o bastante para que eu escutasse - a John, ainda paralisado.
- Depois do que eu vi ontem?! - John puxou sua arma do coldre e empurrou-a para os braços de Isadora, pegando na arma, trêmula. - Não dúvido de mais nada. - John rapidamente correu em direção ao bujão de gás e o soltando do fogão, puxando para aonde eu estava.
- Qualquer coisa, joga isso e puxa seu isqueiro. - John apertava meus ombros afim de me fazer olha-lô por alguns instantes.
- Mas.. - fui cortada.
- FICOU MALUCO? VAI EXPLODIR TUDO. - Kelsier corria pra perto.
- E NEM TEM NADA ALI. - Mike abriu a porta da frente o que me fez puxar todo o ar para os meus pulmões, imóvel.
Puxei o celular do bolso e liguei rapidamente para Akoí.
- Alô?
- AKOÍ! TÁ ACONTECENDO ALGO
- O quê? Quê?
- AKOÍ, TEM MILHARES DE COISAS ESTRANHAS VINDO NA DIREÇÃO DA CASA, MAS SÓ EU TÔ VENDO ISSO
- Ok. Certo. Pega o isqueiro que te dei.
- O ISQUEIRO? O QUE O ISQUEIRO VAI FAZER?
- Só pega ele. Pegou?
- PEGUEI. O QUE EU FAÇO AGORA? ELES ESTÃO VINDO
- Agora coloca o olho no rubí que tem no isqueiro.
- QUÊ?
- Faz logo!
Por menos fé que tinha nessa ideia, a fiz. Coloquei um dos olhos no rubí e vi a rua completamente vazia.
Tirei os olhos do rubí e não havia mais nada.
Será que estou enlouquecendo? O que está havendo?
- Ãhn..Ah, Akoí. Obrigada. Sumiram.
- AH. Que bom. Ufa.
- Você vai vir aqui?
- Tô fazendo o retorno agora. Fica bem, ok? Qualquer coisa, me liga.
- Obrigada.
- Nada. Só.. só fica bem.
Desliguei o celular ainda ofegante e aflita. Apenas encarei o isqueiro na minha mão.
Você não foi feito para acender cigarros, não é?
Meu celular vibrou rapidamente ao som de uma nova notificação. Era uma mensagem de texto.
Não perca o rubí. - Akoí.
Guardei o celular e o isqueiro no bolso e observei a todos ainda assustados com o que eu diria a seguir. Abaixei a cabeça num instante e pedi desculpas pelo tormento.
Eu tinha certeza que havia sido real, mas agora eu também ando duvidando do que eu tenho certeza.
*
Gargalhei. - TÁ DE SACANAGEM, NÉ? - Dei mais um gole na bebida surpreendentemente boa - e.. azul? - que John fizera.
- JURO! - Mike riu em seguida.
Kelsier estava totalmente acabado, rindo de seu cabelo encostar na ponta de seu nariz, sendo levado por John e Isadora para o quarto.
John e Isadora desciam as escadas conversando. Ainda não sei como não cairam em seus próprios vômitos por estarem bebendo a muito mais tempo que eu e os outros meninos.
Um carro escuro com os faróis ligados estacionara no quintal da casa, me fazendo sorrir. Akoi finalmente teria chegado.
- ATÉ QUE ENFIM! - John corria cambaleando em direção a Akoí, o dando um abraço de lado e caminhando para dentro.
*
- Têm certeza que isso vai dar certo, Isadora? - Olhei para a mesma e me virei lentamente para a sala observando Akoí dar mais um gole da bebida e rir do que Mike e John contavam.
- CLARO QUE TENHO. Um pouco. MAS TENHO! - A mesma riu. - É só dizer isso que ele vai cair total na sua, amiga. Confia. - Ela sorriu e apertou meus ombros na tentativa falha de me motivar.
- Tá bom, vou lá. - Respirei e caminhei até a poltrona ao lado de Akoí, tirando meu sobretudo bege e expondo o quão eu gostava de preto, estando de blusa de gola com mangas longas e uma calça justa. Ambos pretos o bastante para que se eu quisesse, me camuflasse no escuro.
O que seria muito ruim, porquê claramente meus cabelos loiros chamariam atenção. Sentei ao seu lado no sofá.
- Akoí.. - O vi pegar o copo novamente nas mãos e me olhar alegre.
- Oi? - o mesmo sorriu de canto ao me ver.
- Você.. você prefere docinho ou brigadeiro? - O encarei um tanto nervosa por nunca ter mandado algo a moda Isadora antes.
- Brigadeiro, porquê? - Ele riu nasalado.
- P-poxa. Então você não vai poder descobrir o quão docinho é o meu beijinho.. - Ri no final da cantada, o fazendo gargalhar alto.
Acho que Naomí Hernández só é boa na investigação de seus casos.
Ok, pelo menos fiz ele rir. Hm. Fofo.
- NÃO RI DE MIM. - dei um leve soco em seu braço, o fazendo rir mais ainda. - Pelo menos te fiz rir. Hm. - Fiz uma careta brava e depois a desfiz, rindo.
O mesmo teria começado a conversar comigo colocando sua grande mão em uma das minhas coxas algumas vezes.
Isadora, talvez eu te deva uma.
Na verdade, se você seguir o conselho que te dei e contar ao John o que anda sentindo por ele, talvez vocês formem um belo casal e eu não te deva nada..
Já havia passado tempo o suficiente para que Isadora dormisse no colo de John e Eu do lado de Akoí no sofá mesmo. Antes de meus olhos serem vencidos pelo cansaço como da outra vez, apenas vi uma imagem borrada do que seria Mike entrando no banheiro e adormeci.
Acordei novamente na madrugada.
Que diabos acontece nesse lugar que me impede sempre de dormir até o outro dia?
Abri os olhos lentamente sentindo uma forte pressão na cabeça enquanto Akoí me sacudia.
- QUE FOI? - gritei de repente me fazendo rapidamente imaginar se caso não fosse nessa situação, acredito que Akoí teria levado um susto.
- ELES NÃO ESTÃO AQUI! - Akoí me puxou do sofá afim de me levantar de vez enquanto apontara pro sofá onde antes havia os dois corpos adormecidos ali.
Ouvimos gritos altos do lado de fora.
Era John e Isadora.
Peguei minha arma e fui na frente de Akoí.
Abri a porta rapidamente e me preparei para mirar.
Abaixei a arma.
Apenas observei o que seria a silhueta de Isadora, John e mais uma pessoa caminhar em direção a casa.
***[NOTAS]
As coisas tão ficando malucas, né?
Pois é.
Espere o próximo capítulo então.RS
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Itaperuna: Contos Reais
Misterio / SuspensoUma história rondava uma cidadezinha, uma historia cujo um médico fazia experimentos de mutações em suas vítimas. Ninguém sabia nada sobre, até que, cinco jovens foram reúnidos suspeitosamente afim de resolver este caso.