A maçã de Eva

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Um capítulo de 11 páginas tá bom ou querem mais? 

Let's go to the party, girls.

Boa leitura. Votem e especialmente comentem, se estiverem gostando. <3

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Dizem que a vida nada mais é do que uma coleção de momentos, construídos e armazenados no passado, para que possamos trilhar o futuro.

Mas, o que não contam, é que são raríssimos os momentos que se tornam realmente memoráveis. Aqueles gravados no fundo do córtex, que podem ser acessados em qualquer ocasião, porque simplesmente não os esquecemos.

Basta o aroma invadir os pulmões, a canção dançar através dos ouvidos ou o sabor descer pela garganta, que este momento em específico voltará para desestruturar quaisquer resquícios de sanidade que você tentou tão severamente construir.

E Rafaella conseguira marcar a minha memória, como tinta impregnada à tatuagem. No compartimento mais fundo dos meus pensamentos, as suas mãos largas e firmes ainda tocam o meu corpo. A sua voz ainda desestrutura os meus sentidos e a sua boca ainda devora a minha carne.

Demorei cerca de três segundos para voltar à superfície e percebi que estive inerte à realidade. Uma Rafaella descontraída olhava-me pacientemente.

— Perdão? — engoli à seco e a encarei, absorvendo a enxurrada de informações visuais que aquele corpo portava.

— Você quer que eu repita? — ela perguntou e se aproximou de mim — Oh, ok.

Agora ela estava tão próxima que eu pude sentir o seu hálito de morango e o seu perfume floral preencher pouco espaço que separava nossos corpos. O seu dedo polegar e o seu indicador tocaram suavemente o meu queixo, e, com um sutil movimento, ela ergueu o meu rosto para que os meus olhos encarassem os dela. Com a voz límpida como os mares do nordeste, ela proferiu:

— Eu quero te foder agora, Bianca.

A luz que incandescia de seus olhos encobertos sob lentes de contato branca-acinzentadas, era capaz de assolar cidades inteiras. A força de seu olhar era esmagadora e, ao mesmo tempo que provia-me o êxtase, tirava-me de mim.

Pigarreei e maneei a cabeça para os lados, numa tentativa de desvencilhar-me do torpor que a sua presença me causava.

— Por que você não volta para a sua companhia? Não estava agradável o suficiente? — entornei mais um gole de vodka.

Ela riu de forma nasalada e cruzou os braços embaixo dos seios. Arqueou uma sobrancelha, como se estivesse estudando os meus movimentos.

— Ela não é você. E não há ninguém nessa festa que eu deseje mais do que você, Bianca.

Oh.

Será que Rafaella sabia do poder que exercia sobre a minha pele? Ela seria capaz de sentir-me desvanecer bem ali, enquanto ela permanecia intangível? Ela seria capaz de sentir cada partícula do meu corpo gritar por ela, enquanto os seus orbes me digeriam pouco a pouco?

Congelada, permaneci absorta na magnitude de Rafaella, e, naquele espaço-tempo compartilhado por nós, os mais íntimos detalhes de seu rosto me sugaram para outro lugar, onde a sua boca perfeitamente delineada estaria no meio das minhas pernas e o seu nome seria o único som que sairia da minha garganta – porque era "Rafaella" a única palavra que eu desejaria gritar.

Naquele milésimo de segundo compartilhado, a forma dela me olhar, a sua voz rouca e a sua fala tão incisiva, que não deixou margem de dúvida de que era eu quem ela desejava, me transcenderam para além daquela pista de dança. E eu soube que o limite do que é certo ou errado foi quebrado bem ali, naquele entrave de olhares.

A chefe do meu namorado | MINI-FIC RABIAOnde histórias criam vida. Descubra agora