7. Distúrbios

11 3 2
                                    


Decidimos não contar o ocorrido ao Mike.

A noite caía lentamente.

Me sentei em um dos degraus que davam a varanda da entrada da casa e peguei mais um cigarro. O encarei com certa raiva. Senti alguma presença me fitar pelas costas.

- Akoí, quero falar contigo. - Encarei o horizonte e senti o corpo forte de Akoí sentar-se no degrau ao meu lado e rapidamente esquentar metade do meu corpo me fazendo arrepiar devido ao contato.

- Tá tudo bem? - Senti que o mesmo me olhava com certa preocupação.

- Você sabe que não. - Dei uma pausa. - Tem milhares de coisas pertubadoras acontecendo, não consigo NEM FUMAR PORQUÊ SEU ISQUEIRO NÃO ACENDE, E QUE COMO CARAMBAS UMA MULHER SUMIU POR UM ANO E MEIO, NINGUÉM SABE DELA E ELA JÁ CHEGOU DANDO CANTADAS EM VOCÊ? - Sem perceber comecei a falar alto enquanto gesticulava bruscamente estendendo o cigarro em meus dedos.

Akoí riu quase igual quando mandei uma cantada da Isadora nele.

- VOCÊ AINDA RI? - eu o empurrei, o fazendo rir mais.

- Tá bom, OK. Você tem todo direito de sentir ciúmes. Fofa. - O encarei séria e o vi segurar risada.
- EU QUERO UM ISQUEIRO QUE FUNCIONE - gritei em seu rosto, o fazendo deitar no degrau rindo.

- Eu vou te comprar um. - Ele encarou a vista por alguns segundos. - Eu e Sofía não temos nada. Só pra constar. - Ele me deu um leve soco no ombro. Encarei o chão.

Eu e Akoí não tinhamos nada e eu já estava agoniada com um possível caso entre os dois.

- Desculpa. Acho melhor que eu foque na missão. - O encarei e desviei rápido o olhar.
- Vou indo. - Ele levantou e logo me puxou para fazer o mesmo. - Qualquer coisa, só me ligar. - O mesmo disse após segurar meu rosto próximo o seu e por uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha, me fazendo desviar o olhar algumas vezes por ter corado.

O beijei.

Ignorei totalmente o que teria vindo fazer nesse fim de mundo.

Ignorei totalmente o quão estranho era tudo que tinha visto.

De qualquer modo, estava perdendo minha sanidade.

É essa a minha desculpa.

Um beijo intensamente lento, calmo, acolhedor.

Antes que se tornasse algo mais feroz, Akoí me afastou.

- Acho melhor.. - Antes que ele terminasse sua frase, meus olhos lacrimejaram rapidamente devido a vergonha.

- Me desculpa, mesmo. Não sei o que eu tava pensan..- Antes de completar a frase, paralisei com o beijo molhado na testa que Akoí me dera, e logo após, me abraçando.

- Tá tudo bem. - O mesmo soltou o abraço, sorriu e se virou para ir.

*
No dia seguinte, acordei e tomei um banho rápido, sentando num dos sofás e dando um gole demorado em meu nesc..achocolatado.

Acho que era comum de todos nós dali ter milhares de exemplares de roupas iguais. Como os personagens da Turma da Mônica. Só que.. mais bobões.

Eu, Naomí Hernández com meu blackout blusa de gola, mangas longas, calça justa, ambos pretos e seu velho sobretudo bege - que infelizmente agora se encontrava sujo, o que me obrigou a colocar um sobretudo cor vinho - e meus medianos e ondulados cabelos loiros.

Será que eu realmente aparento ter vinte e três anos?

Isadora Galanis com sua blusa também de gola e manga longa, preta. Sua calça bege notavelmente de alguns números a mais que Isadora realmente vestia. Seu curto cabelo com leve ondas, castanho.

John quase que um eu masculino, de blusa de manga longa e botões, vinho. Sua calça social preta totalmente fazendo jus ao seu sobretudo. E seu topete dando um ar combinativo com sua barbixa.

Kelsier e sua blusa abotoada, salmão. Sua calça, social.

Mike, loiro, alto, forte. Sua regata branca me fazia repensar se ele realmente sentia frio. Sua calça camuflada me fazia lembrar de quando o mesmo citou algo sobre seu trabalho militar.

Ri após um gole em meu achocolatado.

Sofía deve estar a um ano e meio de jaqueta e calças jeans, no meio do mato.

Naomí, não seja tão cruel.

Ri novamente e saí do transe moda paris em que me encontrava, agora encarava aos outros que zanzavam pela casa fazendo coisas cotidianas como gritar ''cadê minha toalha'' e me fazer reimaginar e lembrar que estamos apenas a alguns dias aqui. Parecíamos uma família destruturada.

Encarei meu celular sobre a mesa singelamente ligar com uma nova mensagem.

Comprei seu isqueiro.

Sorri. Mas logo a vergonha tomou conta de mim por lembrar do ocorrido na noite passada.

Observei Kelsier voltar da varanda da casa com uma carta em mãos.

- Ér.. gente? - O mesmo parou no centro da sala encarando o papel nos fazendo parar envolta do mesmo. - Aqui tem um endereço..vamos?

- Finalmente. - Mike erguia as mãos para os céus afim de agradecer por finalmente estarmos prestes a descobrir o que estaria acontecendo.

- Akoí, pode vir nos buscar? Temos um endereço.

Concordei com a cabeça e desliguei após dizer um ''Se cuida'' e observar alguns do grupo sorrirem maliciosos e outros franzirem o cenho por não entender quando Akoí e eu teríamos a um passo de sermos bons amigos.

- Ele tá vindo. - Disse, logo me sentando no degrau da varanda como antes e aguardado.

*
Finalmente notei o carro de Akoí adentrar a rua e estacionar perto da casa.

Chamei pelos outros que estavam dentro da casa fazendo algum tipo de questionário a Sofía e - por incrível que pareça, não me vi tão workaholic por não ter ido atrás de respostas sobre o caso misterioso com Sofía. Ou era só o descuido de me preocupar mais com a chegada de Akoí. - observei a Akoí sair do carro com algo pequeno em mãos.

Corri e abracei o mesmo e logo percebendo o que teria feito, me afastei rápido pondo as mãos no bolso do sobretudo cor vinho e sorrindo em linha, o fazendo rir.

- Aqui. - O mesmo estendeu sua mão e me entregou um isqueiro comum, me fazendo suspirar de alívio.

- Obrigada. - sorri sincera.

- Nada.

Guardei o isqueiro comum no bolso e adentrei a casa novamente afim de chamar pela última vez a todos sendo seguida por Akoí. Ao abrir a porta, me envergonhei novamente por Akoí ter colocado a mão em cima da minha na maçaneta e rapidamente a tirado, rindo nervoso.

- P-pode abrir. - Sorri amarelo.

- Ah. - ele sorriu idem. - Ok. - Ao abrir a porta, entrei e corri rapidamente ao banheiro, envergonhada e ignorando alguns murmúrios que ouvi perguntarem a Akoí. Alguns instantes após, saí do local e fui barrada por John, na sala.

- Ô Naomí. - O mesmo entrou em minha frente.

- Oi? - Ergui uma das sobrancelhas.

- O que tá acontecendo? Aquele Akoí fez alguma coisa contigo? Você tá muito estranha. - John disse com prioridade.

- Se ele tiver feito algo contigo.. - Isadora dissera.

- Ou te forçado a algo, você me fala. - John completou, apertando meus ombros. - Vou descer ele na porrada.

Arregalei os olhos. - CLARO QUE NÃO! - Gritei em desespero. - E-Ele n-não fez nada, droga. - Gaguejei, perdi no argumento.

Realmente, Akoí tinha feito algo e eu estava mentindo.

Akoí me fez começar a sentir coisas por ele.

Droga.

Meu celular vibrou. Mensagem.

(1) Mensagem de Akoí

Acho que seus amigos estão desconfiando de mim. Por favor, se também estiver, pode me perguntar o que te causa dúvida. 

Naomí digitando..

Hey. Eles estão desconfiados de nós, ou algo assim. Eu confio em ti. 

Akoí digitando..

Fofa.


Corei.

*Dentro do carro de Akoí, todos nós - exceto Mike e Kelsier que por algum motivo besta continuaram na casa mesmo após de sairmos - seguíamos em quietude e certo nervosismo com o que iríamos enfrentar.

Akoí parou o carro numa rodoviária sem movimento algum e com muita névoa, o que me fez apertar as mãos no bolso do sobretudo e sair do carro encarando a Akoí, que também em olhava.

Pela primeira vez, mesmo trabalhando como Detetive e Perícia da Polícia, quis matar alguém.

Após ter saído do bando do carona ao lado de Akoí, Sofía abriu a porta traseira e sentou na frente, fazendo com que Isadora, John e eu, fora do carro, a encarasse em dúvida.

Cerrei o punho no momento em que vi Sofía virar o rosto de Akoí em direção a ela e a mesma o roubar um beijo demorado. Akoí empurrou Sofía de leve e falou algo a ela que a fez sair raivosa do carro, me encarando com desdém.

Antes que Akoí fosse definitivamente embora e nos deixasse ali naquela rodoviária, o mesmo disse para esperarmos que logo apareceria algum outro motorista para nos levar até ao endereço. Sorriu, piscou pra mim e sumiu em meio a névoa.

Antes que pudesse processar tudo que havia acontecido, olhei ao lado e vi Akoí e Goech, presos em correntes numa maca, quase totalmente inertes desta vida.
Me aproximei dando passos arrastados enquanto minha vista era embaçada pela grande quantidade de água que rolava pelo meu rosto.
Chorei e esperniei por Akoí, até que aquele tipo de imagem incrivelmente real sumiu diante de meus olhos, me fazendo os coçar em descrença.

Me virei para Sofía, que agora chorava do mesmo modo como eu.

Isadora sacudia a John que estava paralisado olhando para o nada, dizendo ter mãos passando pelo corpo dele.

- SOFÍA, O QUE FOI? - Corri até a mesma por ser a mais próxima.

- Eu.. eu tô vendo minha irmã.. minha irmã que morreu. - Sofía tinha lágrimas rolando e pingando por sua jaqueta jeans.

- Como... ela morreu? - Perguntei receosa de a pergunta chegar a soar invasiva.

- Ela confiou demais em quem não devia. Mataram ela. - Sofía teria parado de olhar para a névoa e me fitou, me fazendo estremecer.

- JOHN, CALMA! - Isadora teria gritado, o que me fez despertar e ir até o mesmo. A imagem de algo o apalpando não havia, mas com certeza conseguíamos ver com facilidade algo mexendo em sua roupa como se estivesse pessoas ali fazendo isso.

- Isadora, é melhor você falar o que queria a ele agora. Talvez isso o liberte.. - Confusa, disse.

- Não, eu não vou falar. Isso não vai servir de nada, não vou dizer. - Isadora dera de costas e negava a todo momento.

- ANDA, FALA! - aumentei o som de minha voz ao mesmo tempo em que me desesperava por Sofía aumentar o choro e John parecer estar sendo sufocado.

- John, há um tempo que queria te dizer isso.. eu... - ela me encarou e voltou a olhá-lo novamente. - Eu ando sentindo coisas por você, John. - Eu teria me alegrado com a escolha de Isadora se não fosse por John ignora-la completamente e correr em direção a Sofía, e secar suas lágrimas.

Quê?

Antes que pudesse tomar alguma atitude para aconselhar Isadora novamente - ou pedir desculpas por aconselhar a fazer algo besta - Um carro finalmente apareceu em meio a névoa, liberando dois homens e indo embora rapidamente.

Kelsier e Mike desceram do carro e vieram em nossa direção e todas aquelas miragens que pareciam ter durado anos nos atormentando ali, sumiram.

[NOTAS]

GENT QUANTA INFORMAÇAO NUM CAP SÓ, NE?

Oq ces tao achando????

se vc fez alguma teoria até agora, descarte pq o baguio vai ficar loco e todo mundo vai ficar muito !!!!!!!!!!!!!!

ou algo assim
KKKKKKKKK

perguntinha pro meu tcc: o jeito q eu escrevo a fic é ''confortante'' p vcs? tipo, é bom de ler?

só isso msm


bjs amoresxxxxxxxxxx
ATÉ O PROXIMO CAP

Itaperuna: Contos ReaisOnde histórias criam vida. Descubra agora