17. Um por Um

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[Leia calmamente e ao som de Hippie Sabotage - Trust Nobody para melhor aprofundamento.]


Goech me agarrou por trás. Na tentativa de fugir, meu sobretudo foi arrancado de mim.


Em uma manobra, Goech jogou minha arma longe.

Me puxou com uma força surpreendedora e me prendeu ao lado de Mike, da mesma forma. Com algemas que me impediam me locomover ou segurar nas próprias mãos.

Levantando o rosto, o suor descendo pelo mesmo, molhando meus cabelos, Isadora me olhou nos olhos.

Ela fez o que eu não fiz por ela.

Ela merecia tudo. Tudo.

Quando atiraram nela, eu deixei que me levassem. Eu não me esforcei sufientemente para fugir de lá e correr a seu encontro.

Não corri para vê-la, para ajudá-la.

Eu sou uma grande filha da puta.

Como em câmera lenta, olhei nos olhos de Isadora.

Tudo parou.

Apenas queria poder abraçá-la mais uma vez.

Ela correu, ela veio em minha direção.

Ela gritara meu nome.

NAOMÍ!

Os céus cinzas traziam uma grande tempestade.

Até os céus choravam.

Isadora correu em minha direção, mas em questão de um segundo, um segundo.

Tudo muda em um segundo.

A chuva desceu. Raios caíam na terra. Choy atirou na cabeça de Isadora.

Meus olhos cor mel refletiam a chuva lá fora. Minhas lágrimas pesadas e grossas refletiam toda a tempestade que caía lá fora.

Ela se foi.

Tentando me salvar.

Ela fez o que eu não fiz.

Esse peso é só meu.

Ela correu de volta para mim.

Coisa que não fiz por ela.

Em questão de um segundo, a velocidade do tempo voltou ao usual, voltei a realidade.

Olhei para minha frente, Goech prendia minhas mãos.

Olhei para trás de Goech, esgoelando pela morte de Isadora. Kelsier mirou sua adaga na cabeça de Goech.

Tudo muda em um segundo.

Tudo.

Em um segundo, a chuva desce. Raios atacam a terra com verocidade, sem culpa.

Kelsier lançou a adaga. Goech desviou.

A dor de meu coração era finita agora.
  
Ao ver Goech desviar, olhei para frente.
  
A Adaga de Kelsier veio com tudo. Rapidamente.

Antes que eu pudesse fechar os olhos e clamar por misericórdia,
A adaga acertou meu olho direito.

Minha boca se abrira. Gritei de dor.

Gritei por Isadora, por todos, por raiva, por amor, por dor.

Meu olho sangrava, doía como todos os ferimentos que já tivera na minha vida, tudo num só local.

A dor era tremenda.

Eu só gritava. Minha vista escureceu.

Goech sorriu. Sorriu tão grande. Sorriu como nenhum humano um dia conseguiria sorrir.

Sorriu como se sua boca estivesse rasgada. Seu sorriso ia de orelha a orelha.

Meu coração desacelerou. Era muita dor, muito ódio ao mesmo tempo.

Tudo acontece em um segundo.

John, assustado com meus gritos e choros, se virou para me olhar. Sofía puxou sua arma e atirou na perna de John, o fazendo cair.

Eu gritei.

Gritei mais que minhas cordas vocais me permitiriam.

Eu estou morrendo. Eles estão morrendo.

Um por Um.

Itaperuna: Contos ReaisOnde histórias criam vida. Descubra agora