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Tudo o que Catra queria, era parar de sorrir daquele jeito.

Suas bochechas já estavam até doloridas por ter sorrido tanto nas últimas horas. Mas simplesmente não poderia evitar. Estar novamente conversando com Adora, finalmente deixando de lado o próprio orgulho... se lembrava muito bem que a loira tinha tentado fazer a mesma coisa algum tempo atrás... 

Adora. Sempre tentando manter quem ama por perto...

Mas havia muitos motivos pra morena preferir ficar longe. O mais afastada possível. Mesmo que isso dilacerasse seu coração.

Catherine Magicat era estúpida e perdidamente apaixonada por Adora Grayskull, desde os seus dez anos de idade. E não era só uma paixãozinha boba de criança. Era forte, e teimosa, e se recusava a acabar.

Resistia às bebedeiras, às noites de sexo casual, aos relacionamentos relâmpagos que duravam menos de 48h...

Adora estava enfincada no seu coração, e temia que fosse amá-la até mesmo depois da morte.

Okay... isso soa como letra de música sertaneja barata. Infelizmente era a dura realidade de Catra: amar sem saber se tinha a remota chance de ser correspondida. Amar unilateralmente, temendo que um dia seu amor viesse à tona e Adora a rejeitasse.

Definitivamente, o cupido de Catra era um grande pau no cu.

Exausta mentalmente, ela se deitou na sua cama de casal, olhando para o teto.

Vivia em um apartamento modesto que conseguira comprar com o único dinheiro salvo da “herança” do seu pai. A única parte correspondente à ela, que ficara retida no banco, rendendo por dez anos, e na qual sua mãe e seus vícios não poderiam ter acesso.

Com dezesseis anos, conseguiu sua emancipação depois que sua mãe a agrediu fisicamente, bêbada e descontrolada. Adora chegou bem a tempo de não deixá-la ser morta. Por sorte, o irmão dela, Adam, que as levaria pro shopping naquela tarde, estava junto.

Fora ele que imobilizara Shannon, antes que ela sufocasse a filha até a morte. Adora primeiro se certificou que a melhor amiga estava bem, depois chamou a polícia.

Tudo era um grande borrão distorcido na mente de Catra. Do hospital, ela foi pra mansão dos Grayskull, onde Marlenna e Randor, pais de Adora e Adam, a acolheram como filha.

Randor entrou com o processo de emancipação, e como o bom advogado que era, não demorou tanto tempo assim para Catherine se ver livre da mãe abusiva.

Não sabia onde Shannon estava, e não queria saber.

Só percebeu que estava chorando, quando o celular começou a tocar. Limpou o rosto e aceitou a chamada sem nem checar quem era.

— Alô?

Cat? — sentiu um arrepio gostoso na espinha, como sempre acontecia ao ouvir a voz doce e graciosa dela.

— Hey, Adora — sorriu, pela milionésima vez naquele dia.

Está tudo bem? Sua voz parece meio-

— Eu estou bem, loirinha — a cortou, antes que continuasse. — Mas me diz, por que me ligou?

A-ah... eu... estava pensando e, huh, faz tanto tempo que nós não, sei lá, saímos juntas... queria saber se você...

— Está me convidando pra sair, Adora? — provocou, ignorando totalmente os corais na cabeça que diziam “NÃO”. Além do mais, só teria coragem de provocar assim por telefone mesmo.

Bom... sim? Quer dizer... não desse jeito... Catra, não quero que seja algo estranho, só que...

— Tem um filme legal no cinema — decidiu acabar com o desespero da amiga. — Podemos ir ver. Aproveitamos que eu estou de folga do bar, hoje, okay?

Claro — a outra parecia mais aliviada. — Catra?

— Fala, loirinha.

Eu senti sua falta. Obrigada por ainda querer ser minha amiga.

Catra mordeu os lábios, sentindo vontade de gritar com aquela lerda dos infernos. Mas se conteve. Em algum momento, faria Adora perceber seus reais sentimentos. Faltava uns cinco meses pro prazo da loira decidir ir pra Alemanha ou não.

A morena faria de tudo pra deixar sua marca nela.

— Te encontro na porta do shopping às sete e meia — falou, desligando a chamada se esperar resposta.

Estava decidida a conquistar Adora. Se recusava a  deixá-la ir sem ter provado seu amor ao menos uma vez.

↬ʟᴜᴄᴋʏ sᴛʀɪᴋᴇ • ᶜᵃᵗʳᵃᵈᵒʳᵃOnde histórias criam vida. Descubra agora