Um amontoado de estrelas

Sobre os meus pés

Frank caminhava lado a lado com Hazel. Sob o calor quente do sol em sua nuca, que os acompanhava com olhar morno, seus passos eram lentos e preguiçosos. Enquanto a estrela se escondia atrás de nuvens densas e esbranquiçadas; mergulhando entre casas, prédios, no horizonte eles seguiam.

A dupla divagava com assuntos aleatórios, enquanto acomodavam os sorvetes – devorados minutos atrás – em suas barrigas.

— Você viu a cara da Drew? — Hazel indagou, se abraçando ao bíceps forte do amigo. Parecia eufórica com aquilo, ainda. Sua pele nutria um brilho acinzentado, que realçava o tom metálico dos seus olhos.

Frank a encarou de soslaio, com o nariz levemente torcido, claro que ela falaria sobre aquilo novamente. Não bastava a falação na escola.

Ela se referia a última festa em que foram. Organizada pela garota citada. Mesmo que tivesse acontecido à três dias, vez ou outra o assunto, o beijo, ressurgia feito um assombro.

— Ainda estou surpreso que o Jason beijou Luke. Na boca… — O sino-canadense confessou, só para não deixa-la falando ao vento, coçando a ponta do nariz com a mão livre.

— Porque? — a garota perguntou, dando uma boa olhada no parque do outro lado da calçada. Ela amava aquele local.

— Ele é mais velho. — Frank olhou para o céu, observando a lua que surgia adiantada.

— Quatro anos. E?

Hazel disparou. Não via problema. Mas para o Zhang não era exatamente aquele o “problema.”

— Luke namorou a Thalia. Irmã dele. Tipo…

O rapaz não completou o seu pensamento. E fez uma careta. Os cantos dos seus olhos puxados se fecharem por completo. O que fez a Levesque rir baixinho.

— Não namoram mais. — Hazel deu de ombros. Naquele dia estava um tanto incomodada com o coque em sua cabeça, estava propensa a soltar seus cabelos e assim os fez. Puxando o pompom, sentindo o vento suave balançar seus cachos.

— Ele é meio estranho. — Frank disse por fim. Querendo sepultar aquele assunto.

— ele é muito é gostoso. — a negra afirmou, pressionando o lábio inferior. Ignorando o olhar exasperado que recebera. — E foi só um beijo…

— Você achou? — O rapaz parou de repente e se virou para encara-la.

Hazel fizera mesmo, com as sobrancelhas erguidas em confusão e um pouco de dúvida.

— Você não?

— Não. — O Zhang murmurou.

— Desenvolva.

A Levesque o incentivou, um tanto interessada. E o rapaz sabia que não tinha escapatória, já que havia começado.

— Bem, teve o beijo… — Ele disse, baixinho e pigarreou, sentindo o rosto quente. — Mas a forma. Hã… Foi intensa, teve língua, foi lento e afoito ao mesmo tempo, as mãos inquietas e a troca de olhares. Nem parecia que havia um círculo de pessoas os rodeando. Era como se não estivéssemos lá…

O sino-canadense murmurou pensativo. Como se sua mente o levasse diretamente a cena.

Hazel deixou um assobio prolongado escapar, impressionada.

— Caramba, você é observador. — ela afirmou, estapeando o braço do mais alto.

— Eu tento. — Ele deu de ombros, esboçando um sorriso mínimo.

— parece até apaixonado… — A Levesque sugeriu. Com um olhar sugestivo e afiado.

— À, deus, garota. Não comece. — O rapaz resmungou. Sorria para insistência da amiga, embora o encabulasse.