Já se tinham passado três semanas, e aquela mesma rotina repetia-se em todos eles, inclusive a parte com Ayün. Por mais que ela o afastasse, o homem estava sempre a tentar aproximar-se dela, e ela tinha que admitir que cada vez ficava mais difícil de o evitar.
A Sukumah começava às sete horas da manhã, e acabava às sete horas da tarde. Por mais estranho que parecesse, ela não se enjoava de aprender por doze horas quase consecutivas. O único intervalo que tinham era ao meio dia, onde iam para aquela divisão exclusiva para o convívio, e compravam comida no pequeno balcão instalado ao fundo da sala.
A aula que ela mais temia era a última. Medicina Espiritual e Meditação. Sempre que pensava na Mestre Kleyum sentia todo o seu corpo tremer de raiva. A mulher também não nutria sentimentos muito positivos em relação a ela, e não se esforçava para o esconder.
Felizmente, a matéria que davam ultimamente era mais relacionada ao Mestre Ariel e à Mestre Cayla. Portais e cura espiritual! Astrid gostava especialmente da última, e tinha-se saído incrivelmente bem nesse aspeto, o que acabava por não se uma surpresa, já que ela pretendia cursar medicina antes de tudo acontecer!
Também estava a adorar as aulas de Luta com o Mestre Storrm. A sua arrogância já se tinha tornado tão normal para Astrid, que agora em vez de ela ficar surpreendida, ria-se internamente de diversão. Tinha que admitir que não gostava muito de Tecnologia, apesar de a dupla do Mestre Tex22 e do Mestre Yurtt ser fabulosamente hilariante. Tex22 fazia pouco dos alunos, e Yurtt estava maioritariamente encarregue de o fazer calar-se, o que às vezes podia ser uma tarefa particularmente difícil! Já Construção e Geometria Sagrada acabava por ser mais interessante, assim como História Cósmica. Biologia Universal era algo que lhe era um tanto indiferente, mas Lucas brilhava nessa aula como uma estrela em ascensão! Já Aldair ocupava o seu lugar de destaque em História Cósmica, Mel era excepcionalmente boa na parte da Meditação, e Luan tinha bastante jeito em Luta.
Astrid tinha que admitir que as coisas estavam a melhorar para ela, e embora pensasse bastante no seu pai e em Kate, e ocasionalmente na sua mãe, Joel e Tom, sentia-se ficar cada vez mais leve, como se estivesse a caminhar num longo corredor escuro, e a aproximar-se cada vez mais da luz ao fundo.
Era Limi (sexta-feira), e a Sukumah já tinha acabado. Apressando-se para chegar à Celebração da Luz, que começava exatamente às sete e meia, Astrid e os amigos correram energicamente pelas ruas repletas de pessoas, espremendo-se entre corpos em movimento.
A Celebração correu normalmente, e, embora Astrid nunca fosse admitir para si mesma, ela estava à espera de que Ayün fosse aparecer. Porém, após uma hora, Mel chamou-a para regressarem para a Embaixada e ele ainda não tinha dado a cara. O seu coração apertou-se, embora soubesse que estava a ser incrivelmente injusta e infantil.
-Vão sem mim, vou ficar aqui mais um bocado – Murmurou ela para a sua amiga, encostando-se a uma árvore enquanto batia nervosamente com o seu pé no chão.
Será que se tinha passado alguma coisa com ele? Será que ele estava bem? Será que ele finalmente tinha desistido de investir nela? Quer dizer... Não o iria culpar caso ele o fizesse, afinal, ela não era propriamente agradável para ele, já que tentava com todas as suas forças não se apegar, mas tinha que admitir que estava a ser difícil. Muito difícil! Ele entendia-a de uma forma que mais ninguém a conseguia entender! Até Swirder já tinha reparado nisto, e aconselhava-a constantemente a deixar o outro aproximar-se. Ela fingia que não ouvia o que ele dizia, e acabava por não lhe dar ouvidos...
Com um suspiro ela olhou para o céu estrelado sobre a sua cabeça, os seus olhos direcionando-se imediatamente para o lugar onde estava o sistema solar Terrestre. Casa doce casa... Agora já não existia mais... Abanou a cabeça, obrigando-se a abandonar esse tipo de sentimentos negativos. Quase podia ouvir a Mestre Kleyum a sussurrar-lhe ao ouvido que ela estava a colocar o Planeta X em risco com a sua negatividade! Imaginou-se a dar-lhe um murro na cara, e a partir-lhe a cana do nariz perfeitamente esculpida! Pequena demónio insensível! Gostaria de vê-la a perder todos os que mais amava na sua vida... Duvidava muito que ela fosse agradecer ao Universo caso isso lhe acontecesse!
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A Flor Cósmica e o Dragão do Poço
Science FictionReza a lenda que, nas profundezas deste que é o nosso lar, existe uma máquina que faz o Universo continuar a expandir-se em harmonia, ao qual os membros da Confederação Estrelar deram o nome de Poço. Este lugar transforma as Sombras em Luz, e, passa...