Férias

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*Baaam*

Veronica dá um pulo do sofá com o barulho estrondoso que o impacto da porta causa

- Você está gostando de me assustar! - fala, levando a mão ao peito

Fico em silêncio

- Qual é o problema? - Diz ela, assim que percebe minha cara incrivelmente aborrecida

- Eu fui até a casa de Jughead buscar a chave que deixei cair no carro dele, enquanto você tem uma cópia da chave sem ao menos me contar, eu poderia ter te esperado se soubesse!

- Calma mulher

Dou um profundo e longo suspiro, e caminho até às escadas. Verônica me olha com um olhar de desconfiança, ela sabe que não é pela chave que estou tão estressada... Na real, nem eu sei porque me irritei tanto com Jughead, ele é apenas um Idiota.

Assim que chego no meu quarto, me deixo cair sobre a cama.

Acho que eu deveria falar com minha mãe, vai fazer 2 meses que não falo mais com ela, admiro sua atitude de respeitar meu tempo, mas acho que aos poucos vou me sentindo pronta para falar abertamente sobre o término.

Durante os últimos dias, tenho carregado um peso, um arrependimento, não sei como denominar esse sentimento, mas é como se Cheryl tivesse ido embora da minha vida, e a culpa é minha. Mas aos poucos esse peso está aliviando, será que significa que estou superando?

Claro, ainda a amo muito, e não sei se seria capaz de deixar de ama-la algum dia, mas sinto que isso está me prendendo a um passado que foi lindo, mas acabou, e isso o torna doloroso, e mais difícil de desapegar.

Pego meu telefone e disco o número da minha mãe, pensando em cada palavra que vou dizer, com medo de cair no choro, mais uma vez. Fico encarando o celular, durante um longo tempo, até finalmente criar coragem e ligar

- Alô, mãe?

Ouço um respiro aliviada, e sei que ela está sorrindo

- Betty... Filha você não imagina a saudade que senti

Ah como é bom ouvir a voz doce da minha mãe, da qual eu tanto senti falta.

- Desculpa... Suponho que já saiba o que aconteceu...

- Sim eu sei, e sinto muito, Veronica me contou... Fiquei com medo de atrapalhar ou algo assim, mas me preocupei muito.

Nesse instante eu me toquei, que a primeira pessoa com quem deveria ter falado era com ela

- Mãe eu não queria te preocupar eu só não me senti pronta...

- Tudo bem, você está falando comigo, eu ouço sua voz, você está viva, é tudo que importa!

- Eu falaria com você durante a noite toda...

Ela da uma doce risada baixinha

- como anda a vida, sabe, depois do-

- Vou levando - interrompo-a

- Você vem para o aniversário do seu pai... Não é?

Putz, o aniversário do meu pai, é nesse final de semana!

- Claro! - respondi

- já estou ansiosa para ver você e Veronica

- Também estamos mãe

Minha mãe mora em Nova York, em uma casa pequena mas confortável, a qual passei toda a minha infância e adolescência.

- Vou terminar de arrumar a casa, beijos minha pitóca

Minha mãe costumava me chamar de pitóca quando era pequena, e até Hoje, o costume não mudou

- Beijos mãe - Falo, encerrando a chamada

Fora a conversa mais rápida que tive com minha mãe pelo celular, nos passávamos horas em chamadas de vídeo ou de voz, ela me acalmava, igual me acalmou agora.

São 19:30 ainda e eu não tenho definitivamente nada pra fazer, Veronica está na sala, provavelmente assistindo a documentários idiotas ou filmes sem graça sobre tiros e guerras, além disso, ela deve estar magoada ou alguma coisa assim.

Pego meu caderno de desenho, é o mesmo desde que tinha 15 anos, amo desenhar, e eu desenhava frequentemente, mas últimamente não tenho tido ideias e nem inspirações pra isso, parece que eu deixei de ser quem eu era, Cheryl levou com ela boa parte de mim, e eu me pergunto se parte dela também está comigo, ou se ao menos ela pensa assim. Isso nem ao menos importa, eu não me importo.

• • •

O final de semana passou rápido, rápido demais, eu e Veronica viajamos para Nova York no sábado de manhã para o aniversário do meu pai, que é uma data que eu amo muito, e voltamos domingo a tarde. Foi um ótimo fim de semana, e é sempre o último de paz que eu tenho no ano, porque logo é Natal, o que significa que é o mês de provas, provas finais. Assim que chegamos em casa, dormi, foram longas horas de vôo

• • •

E assim se passou o último mês. Nada de diversão para os alunos da universidade em dezembro, só provas e mais provas, todos muito focados e a única motivação que temos é as tão esperadas férias que começam nos últimos 2 dias de dezembro, antes do ano novo, é claro. Durante esse período, minha rotina tem sido a mesma todos os dias: 1) acordar, 2) ir para a universidade, 3) fazer as malditas provas, 4) voltar pra casa 5) dormir

O lado bom disso tudo (Se é que pode existir um lado bom), é que eu me desliguei dos meus sentimentos, o que significa que me desliguei de Cheryl, por um bom tempo!

[...]

- Pra onde vamos esse ano, Betts? - diz Veronica com uma extensa lista de casas de férias, resorts, praias e cidades lindas.

Veronica e eu viajamos todos os anos para algum lugar nas férias, juntamos nossas economias pra irmos juntas, e é a melhor época do ano.

- Agora que passou o Natal Vee! - Falo

O natal também é uma data que comemoramos juntas, porque no natal do terceiro ano do ensino fundamental eu a conheci na escola, é uma história bem engraçada, eu vi ela tentando enterrar uma moeda com a esperança de que cresceria uma árvore de dinheiro, e desde então, não desgrudei mais dela.

- Betty, Betty, Betty, lembra do que aconteceu ano passado? Quando você disse essa mesma frase? - Fala

Ano passado deixamos pra escolher aonde ir na última hora, e acabou que todos os lugares que planejamos ir estavam, ou lotados, ou não tinha mais vôo.

- Você pretende jogar isso na minha cara até quando?

- Até você admitir que eu estava certa!

- haha, nunca! - falei

- Aqui! - Disse Veronica, pousando o dedo sob a imagem de uma praia chamada "Santa Monica" em Los Angeles.

- É um bom lugar - Falo - Se você for rico

- Nossas economias são o suficiente! - diz

Olho para o teto por alguns minutos

- Ok! - concordo - Nunca fomos pra Los Angeles.

- Já vou reservar as passagens - Diz - Antes que acabem como ano passado

- Você Realmente não vai parar não é?

- não!

❥ Medo do amor ⭞ᴮᵘᵍʰᵉᵃᵈOnde histórias criam vida. Descubra agora