Capitulo 12 - Dia 1 - Aqueronte

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Harry parou e observou com mais atenção os caminhos para poder decidir por qual começaria. Olhou em volta dentro do barco e encontrou um velho remo jogado em um canto. Teria que servir.

- Eu irei com você! - disse Draco para Harry. - Mas não ache que sou seu ajudante, e nem vou fazer o que você mandar. - completou.

- Eu estou tentando descobrir mais sobre os caminhos e por qual devemos começar. - disse Harry a contragosto.

- Ora, é obvio. Os rios formam uma ordem, do pior para o melhor... e o ultimo é o que almejamos. Porém ele esta fechado com três chaves e por isso que provavelmente temos que navegar por três rios diferentes. Para conseguir as as chaves e liberar a entrada. - disse Draco cruzando os braços.

- Faz sentido... pode ser. Temos três luas, o que seriam 24 dias, mas já estamos no final do dia 1 - disse Harry olhando para o céu escuro. - É lua minguante, temos que terminar antes da lua cheia começar.

- Aqui! Tem um tipo de mapa aqui! - Draco mostrou um desenho no chão do barco para Harry, era entalhado a ilustrava grosseiramente 5 rios que se encontravam em alguns pontos. Eles analisaram os rios e tomaram suas decisões.

- Vamos começar pelo rio Aqueronte, aquele primeiro, que vai se encontrar na frente com o Cócito e por ultimo passamos pelo Estige para podermos voltar e acessar os portões do Lete. - completou Harry

- Pelo menos vamos evitar esse rio vermelho e assustador - Disse Draco apontando para o rio Flageonte.

- Vamos começar então. - Disse Harry e colocou o remo nas águas escuras fazendo o barco se mover lentamente.

Eles passaram por um grande pântano que dava acesso a entrada de cada um dos rios. Seguiram em direção ao primeiro deles, o rio Aqueronte. O rio não tinha nada de convidativo. Suas águas esverdeadas tinham aparência de algo que já tinha apodrecido, os espinhos que ladeavam o rio eram pontiagudos e perigosos mas a pior parte eram os sons angustiantes que vinham dele. Como se centenas de pessoas chorasse em gritassem em desespero ao mesmo tempo. Na sua entrada tinha uma grande concha em forma de cone, branca opaca e pontiaguda. Essa concha estava atravessada na entrada do rio e para entrarem nele teriam que passar por ela. Quando o barco encostou na concha de dentro dela saiu uma criatura sem cor, sua pele era transparente de forma que era possível ver tudo que tinha dentro do seu corpo. Ela tinha um aspecto gosmento e seu corpo era maleável como se não possuísse ossos. Seu corpo era cumprido e liso, com pernas longas e um tronco curto. A cabeça não tinha cabelos e o rosto era muito peculiar. Ela possuía três grandes olhos redondos e negros, um nariz muito pequeno e uma fenda no lugar da boca, sem lábio para dar a aparência normal que a boca humana tem.

Ela tocou no barco com a pequena mão e pela madeira do barco começou a se espalhar um musgo verde e malcheiroso. Harry começou a ser tomado por medo e tristeza. Ele se recordava agora de todos as coisas tristes que ocorreram em sua vida. Como se fossem flashbacks essas lembranças invadiam e ocupavam a mente dele o impedindo de pensar. Harry olhou para Draco e notou que ele também se sentia assim. Ele estava se encolhendo em um canto do barco e a tristeza transparecia em sua feição. As vozes se tornavam mais altas e as memorias tristes se misturavam com elas como se fossem uma grande sinfonia de desespero. Era um sentimento desesperador! Aquilo fez Harry lembrar vagamente dos Dementadores, e da sensação que eles traziam.

O musgo já estava tomando mais da metade do barco enquanto isso Draco e Harry caídos no chão estavam entregues à dor da tristeza. As lagrimas desciam por seus olhos e a dor era tão intensa que se tornava física. Harry não conseguia raciocinar, estava entregue àquelas imagens, a morte de Dolby, A batalha de Hogwarts, Fred caído nos destroços, Cedrico, Sirius passando pelo véu. Quando ele viu a imagem de Sirius algo diferente aconteceu, a tristeza permaneceu mas um sentimento diferente veio junto, e isso aqueceu todo o corpo de Harry e limpou sua mente como se a luz do sol chegasse no meio de uma caverna na escuridão. Harry recobrou parte da consciência e conseguiu se colocar de pé ainda meio zonzo. Os sons angustiantes estavam agora bem longe. Ele percebeu que o que o salvara de se perder em tristeza era a esperança que ele tinha em relação ao padrinho.

Rapidamente Harry correu até Draco que ainda estava caído no chão. Ele puxou na memória tudo que ele falara mais cedo procurando alguma lembrança boa que pudesse libertar Draco.

- Draco, pense em Scorpio. Ele precisa de você. - Disse Harry mas não surtiu efeito, Draco continuava se contorcendo no chão.

- Astoria, ela precisa que você seja forte. Que você resista. - tentou novamente Harry sem obter resultado.

Harry olhou em volta, o musgo continuava crescendo, ele não sabia o que aconteceria se ele tomasse todo o barco, talvez ele afundasse e os dois morreriam. Uma ideia surgiu, pareceu meio absurda, mas Harry não tinha nada melhor em mente. Ele precisava gerar esperança, algo que Draco desejasse.

- Draco. Pense em Hermione. Ela poderá te admirar se você fizer algo de bom. - tentou Harry meio hesitante.

Por um momento Harry pensou que não tinha funcionado, mas após alguns minutos Draco abriu os olhos e já não estava mais totalmente perdido em tristeza. Harry se afastou de Draco e fingiu não ter presenciado toda aquela cena. Ele esperava que Draco não se lembrasse que ele falou de Hermione. Draco levantou meio tonto, olhou para os lados. E por um instante seu olhar cruzou com o de Harry mas ele rapidamente desviou. O musgo começou a recuar e a criatura se recolheu novamente em sua concha que afundou nas águas deixando a passagem livre. Seria assustador seguir por aquelas águas sem saber o que lhes era reservado à frente. Mas no momento, para Draco e Harry, mais assustador ainda, era eles terem que falar sobre o que acabara de se passar. Então eles seguiram em frente rumo ao desconhecido.

Harry Potter e o véu da morte - FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora