Confições. Parte III

56 3 0
                                    

P. V Jay Park

Ainda custo a acreditar neste último dia que passei junto a S/n. Me despedir era difícil, pois queria que esse momento se estendesse para sempre, sair daquela casa foi como ter a sensação de estar prestes a acordar do sonho mais incrível que já tive.

Ao descer as escadas da pensão, uma jovem estrangeira loira de olhos claros me reconhece, e em poucos segundos também a reconheço. Se tratava de Bo-ra, apresso meus passos, mas a mesma me alcança.

- É realmente você? – Acentuou com a cabeça. – Meu deus! – Grita empolgada. – O que Jay Park faz nesse lugar?

- Vim visitar um parente que vive aqui. – Minto.

- O senhor e senhora In são seus parentes? – Pergunta incrédula.

- Não... um outro inquilino. – Disfarço tentando seguir meu caminho o mais rápido possível.

- Espere! – Bloqueia a passagem com o braço. – Só existem dois aluguéis nesse andar... Um é dos In e outro... – Ela avança se aproximando de meus lábios como quem e fosse roubar um beijo, mas apenas respira fundo. – Conviver com a S/N me ensinou que algumas das receitas que ela prepara tem cheiros muito característicos. Sabendo disso, espero que tenham deixado pelo menos um pouco de brigadeiro de tâmara para mim. – Fico em silêncio por falta de resposta. – Realmente é você? - Aceno confirmando com a cabeça. – Não acredito! – Grita me agarrando com força.

- Quer uma foto? – Tento disfarçar e Bo-ra se anima saltando de felicidade, mas logo sua expressão se fecha.

- Não me engane! – Diz me prendendo com outro braço. – Eu te amo... Mas amo mais minha amiga. - Fica cabisbaixa. – Sei quem você é e como lida com as mulheres...

- E-eu não...

- Me dê uma carona até o fast food! – Me assusto com a mudança de assunto, mas aceito para me livrar da situação.

                          Ӝ

Bo-ra continua no carro, mesmo quando chegamos ao destino, me fazendo entender que deveria entrar pelo drive-in. A mesma faz um pedido para dois, e intervenho no momento de pagar, assumindo a conta.

- Você passou esse fim de semana com ela? – Questiona enquanto me sinto culpado por estar tomando milk shake, mesmo depois de S/N me contar com lágrimas nos olhos, sobre o sofrimento dos gados.

- Sim! – Exclamo tentando demonstrar falsa naturalidade.

- Foi bom? - Forma expressão sarcástico, confirmo em murmuro.

- Imagino... A S/n é muito legal. – Dita intimidadora.

- É sim, mas muito difícil de conviver. – Começo a me deixar levar sem notar, pelo motivo que Bo-ra era a única pessoa que eu podia conversar sobre esse determinado assunto. – É uma má agradecida, indelicada, parece que nada está bom para ela, nunca é o suficiente. No mesmo momento que está tudo bem ela acha um motivo para brigar e se afastar. – Enquanto falo, a imagem de S/n durante a noite passada vem em minha mente. Mais precisamente enquanto fitava meus olhos sem sessar ou ao menos piscar. Seu olhar enorme, castanho avermelhado me levava a uma nova galáxia. Suas pupilas se encontravam dilatadas como de uma gata em um momento de afeto, simplesmente a imagem mais linda que já vi. – Ela acha que agir dessa forma vai tirar atenção daquela cara feia que tem.

- Acha ela feia? – Pergunta em risos.

- Você não? – Respondo exaltado.

- Então vocês não se dão bem? Já que acha difícil de conviver com ela e ainda não te atrai. -Dita enquanto engole um sanduíche.

- Isso! – Digo convencido.

- Já que terminaram, acho que seria um ótimo momento de eu apresentá-la a um cara legal...

- Nós não terminamos! – A interrompo e exclamo em um supetão. Bo-ra me fita convencida. – Porquê também não começamos nada. – Completo na tentativa falha de disfarce.

- Melhor ainda... – Ela rí. – Conheço a pessoa certa e divertida.

- Eu sou divertido... E, legal também. – Falo sem pensar.

- Eu sei... Sou sua fã. – Me abraça. – Mas estou falando de alguém que goste dela... que goste até mesmo da chatice, de sua indelicadeza e que ache ela a garota mais linda de todas. – A fito com indiferença. – Claro que não é tão bonito quanto você, mas pelo que sei, nunca abandonaria seu “estilo de vida” de mulheres, festas e bebidas por uma garota só.

- É claro que não! – Cruzo os braços. – Amo minha vida... Lutei muito para aproveitá-la como faço hoje em dia. Por esse motivo não trocaria o que tenho por nada e ninguém. Muito menos alguém tão sem graça como S/n. – Por algum motivo fico com raiva e dou partida seguindo para casa da mesma.

- Claro! Sei que não. – Dita colocando o cinto de segurança. - Sabe... S/n tem alguns problemas para lidar com o dia a dia, pois sua família não tem estrutura e pouco antes de vir para Coreia seus pais se separam. Ela também saiu de um relacionamento a pouco tempo... foi traída. – Começo a entender o motivo das barreiras que S/n constrói para afastar-se de todos. – Mas ficou tempo suficiente com aquele idiota para sofrer muita opressão. Ela também só havia transado com ele em toda a vida. – Me surpreendo... isso explicava toda a vergonha que tinha no início, mas superada rapidamente com quem sabia realmente lhe dar prazer. Aquele idiota não sabe o que perdeu. – A dança é tudo que ela tem. E, encara viver da forma que vivemos para se ver livre de todas as coisas e pessoas que já a machucaram. Apesar daquele jeito durão de ser, S/n é muito sensível, precisa ser valorizada e receber o máximo de carinho para que esqueça das dificuldades que já viveu. Sei que isso é algo que você não pode dar a ela. – Confirmo com a cabeça. – Então... amanhã pode liberá-la mais cedo para que eu a leve em um encontro a cegas?

- Não sei... vou tentar. – Dito destravando a porta para que saísse o mais rápido possível.

                          Ӝ

Óbvio que minhas ilusões de paixão, não poderiam durar muito e apesar de estranhamente arrasado, sei que tudo que dito foi o melhor que pode me acontecer. Uma dose amarga de verdade era o que eu precisava.

Toda minha pouca vivência com S/n toma um novo ponto de vista. Tudo que aquela garota já passou, explica muito sobre suas reações perante nossos momentos. Uma pessoa tão machucada realmente merece amor e paz e não alguém como eu.

Minha noite se resume em me revirar na cama, atormentado pelas lembranças da noite anterior, onde apalpava os hematomas que causei no corpo de S/n, invadindo inclusive meus sonhos.

Meu pesadelo me leva a reviver o momento em que acariciava seu corpo com intenção de desperta-la para uma madrugada de sexo, até que começo a sentir o resultado de minha força durante nossa última transa. Por todo corpo, S/n apresentava inchaços e escoriações, provocados por mim. Até mesmo sua parte mais intima estava fortemente afetada. O gemido de dor que a mesma resmungou no momento que pressionei o local, me aterroriza da noite ao momento que o sol nasce, me lembrando que não sou a pessoa certa para ela, pois não sei como agir em um relacionamento e também não queria aprender.

 O gemido de dor que a mesma resmungou no momento que pressionei o local, me aterroriza da noite ao momento que o sol nasce, me lembrando que não sou a pessoa certa para ela, pois não sei como agir em um relacionamento e também não queria aprender

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Olhando a Vida nos OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora