Que só fique entre nós

O1: Clair, meu alter ego

01/01/2000

"Bom dia Clair! As brigas de meus pais permanecem constantes e eu já não sei mais lidar com essa situação. Não tenho com quem conversar, só tenho a mim mesma, meus livros e esse diário. O que será de mim?"

02/01/2000

"Hoje como de costume eles brigaram. E venho me assustando pois as brigas tem tomado proporções gigantescas. Eu nunca vi minha mãe levando um tapa se quer, e hoje, com meus próprios olhos presenciei essa cena. E não pude fazer nada..."

03/01/2000

"Esse ano era para ter sido o melhor da minha vida, e a cada vez ele fica pior, mesmo estando no início. Hoje meus pais deram uma trégua será que essa tormenta teve fim?"

No dia 04 de Janeiro do ano de 2000, uma manchete circulava pela cidade de Londres, e chocou aos morados, pois, todos naquela península se conheciam, inclusive aquela amável família.

"Crime passional? Homem de aproximadamente 45 anos matou sua mulher à facadas, e fugiu da cena do crime, foram captadas imagens dele fugindo pela câmera de segurança da rua. A polícia chegou ao local do crime e surprenderam-se com o que acharam ao abrir um dos quartos. A filha do casal em perfeito estado dormindo, e ao lado uma carta de seu pai, a menina menor de idade fora mandada pela carta assinada de seu pai, para um dos melhores internatos londrinos."

04/01/2000

"Mau dia! Minha vida está sofrida, perdi as duas pessoas que eu mais amava em minha vida. Meu pai sumiu e minha querida mãe foi morta e estou a caminho desse lugar, e tenho medo do que me espera lá..."

Maggie estava toda de preto e saía do carro do qual a levou à seu destino. Deparou-se com um enorme portão, com cores fúnebres e tão triste quanto ela, suspirou, e tocou a velha campainha. Fora recebida por uma mulher de aproximadamente 55 anos, elegante, com um ar de superioridade mas com um belo sorriso em seu rosto.

"Srta Maggie, estávamos esperando-lhe. Sinto muito pela fatalidade que aconteceu com você e com sua família, saiba que o que precisar o Internato Westminster tentará ajudar-lhe. Seja muito bem vinda, nós possuímos algumas regras, mas no decorrer da sua vida aqui você as compreenderá melhor. Venha comigo, levarei você ao seu dormitório."

A pequena Mag foi andando em passos lentos atrás da diretora do Internato, seus passos foram ficando mais lentos até parar em frente a uma das portas.

"Dormitório 612, aqui será seu dormitório. Você tem colegas que dividirão o quarto com você e explicarão melhor como as coisas funcionam por aqui. Fique à vontade."

Mag com sua timidez à flor da pele girou a maçaneta lentamente e abriu a porta. E alguns olhares foram instantaneamente dirigidos à ela.

"Ora, ora. Uma intrusa em nossa quarto" - disse uma menina com um tom um pouco arrogante.

"Prazer, me chamo Maggie. E acho que serei a nova colega de quarto de vocês." - ela disse quase que sem voz.

Maggie foi andando em direção à uma das camas, enquanto ouvia xingamentos e risadas das outras meninas.

"Saí de um Inferno para outro" - Mag sussurrou.

Ela arrumou suas coisas em um pequeno móvel, uma foto antiga de seus pais e uma lágrima solitária desceu por sua face. Colocou alguns livros de seus autores prediletos em cima daquela pequena estante, e alguns lápis, papéis, para aperfeiçoar seu hobby: desenhar, e é claro, seu caderno de anotações, que ela não gostava de chamar de diário, pois achava a expressão um pouco infantil.

As meninas saíram pela porta a fora, e havia um cheiro impregnado de cigarro e álcool, Mag cambaleou ao sentir aquele cheiro tão forte e se surpreendeu ao virar-se e deparar-se com uma menina atrás dela.

"Desculpa te assustar." - disse uma menina de cabelos escuros e olhos cor de mel

"Tudo bem" - Mag disse ao limpar àquela lágrima solitária.

"Peço perdão pelas minhas amigas, elas não têm limites."

"Tudo bem, já estou acostumada. Chamo-me Maggie, e você?"

"Sou Louise, prazer em conhecê-la" - disse a menina sorrindo

Elas passaram à noite inteira se conhecendo, rindo e brincando. Elas realmente haviam se dado muito bem, tinham hobbys em comum e paixões também.

"Você fuma Mag?" - disse Louise tirando um cigarro do bolso

"Não, obrigada." - Maggie respondeu tímida.

A fumaça expelida misturada pelo cheiro do álcool e o perfume que Louise usava embreagava-a.

"Devo dormir, amanhã acordamos cedo. Você que será minha colega de quarto?"

"Sim Mag. Amanhã temos que estar pronta às sete para o café da manhã."

Mag observou Louise despindo-se para dormir e arrepiou-se toda mesmo sem entender o porquê. Cada uma deitou em sua cama e dormiu até o dia seguinte.