Continuei encarando Rafaella sem desviar o olhar uma vez sequer. Eu precisava desvendá-la, saber de todos os seus pensamentos, saber quem ela era de verdade. E o principal: Eu precisava saber se ela estava pronta para casar, se não, aquele casamento não duraria nem um ano e eu teria apenas três meses para prepará-la para fazer isso dar certo.
Ela não parecia se importar com o meu olhar, parecia muito tranquila sobre ele, até. Eu
preciso conhecê-la, enchê-la de perguntas até saber o suficiente.- Então, Kalimann... - Comecei a dizer, mas Rafaella negou com a cabeça, me fazendo
franzir a testa.- Prefiro que me chame de Rafaella. - Ela disse, com um pequeno sorriso.
- Desculpe, mas eu prefiro tratá-la pelo sobrenome.
Kalimann era, afinal, a estrela. Ela era a atriz super famosa e rica, era a pessoa importante ali e eu não me sentia nem um pouco a vontade para tratá-la pelo primeiro nome. Não temos intimidade para isso. Apesar de não me incomodar com ela me chamando de Bianca. Não queria chamá-la pelo primeiro nome, me sentia intimidade sob seu olhar.
- Mas você chama minha noiva de Ivy - Ela franziu a testa, como se não entendesse.
- É diferente. - Dei ombros.
-Por que?
-Sei lá... - Dei ombros novamente, rindo e ela negou com a cabeça.
-Isso é injusto. - Ela cruzou os braços, se fingindo de chateada, porém seu ar era divertido. O que me fez rir fraco. - Acho que você não foi com a minha cara.
- É, pode ser.. - Menti, no mesmo ar divertido.
Rafaella deu risada e manteve um sorriso no rosto, se encostando na cadeira e mantendo os braços cruzados, enquanto me analisava minuciosamente. Seus olhos rolavam por todo meu rosto, pelos meus cabelos, pelo meu moletom cinza, até meus lábios. O que me deixou violentamente corada. Seu olhar me deixava completamente envergonhada e eu não sou o tipo de garota que fica corada com olhares de homens, muito menos de lésbicas. Posso dizer que sou muito confiante, mas seu olhar me intimidava, e acho que isso era normal, afinal, que não se sentiria intimidado sob o olhar de uma pessoa que faz mais dinheiro em uma semana do que você faz no ano inteiro?
- Você tem olhos muito bonitos... - Franziu o cenho com o olhar agora fixo no meu. - Seus olhos são... Tão... Marcantes. - Ela disse, sacudindo a cabeça, como se aquilo a intrigasse. E estranhamente eu fiquei ainda mais corada.
- Obrigada. - Disse, sorrindo sem graça.- Mas então, senhorita Kalimann, eu preciso saber mais sobre você. - Apoiei meu rosto nas mãos.
- Não tem nada sobre mim que você não ache no wikipédia. - Ela deu ombros.
- Mas eu quero ouvir de você. - Rebati e ela me fitou desconfiada, mas assentiu. - Quantos anos tem, senhorita Kalimann?
Aquela era uma pergunta que realmente estava me intrigando. Ela parecia ter a minha idade, mas isso não passava pela minha cabeça, ela não tem motivos para se casar tão nova e não parece loucamente apaixonada como se dependesse de Ivy para respirar, como a maioria dos jovens casais são. Ela é rica, linda, famosa, jovem e eu não vejo motivos para uma pessoa com todos esses atributos se amarrar de primeira. Ela pode ter a mulher e até o homem que quiser.
- Tenho vinte e três. - Ela disse e eu tive que esconder minha surpresa. Ela realmente tinha a minha idade.
- O que você pensa sobre o amor?
- É a coisa mais importante do mundo, depois do respeito, é claro. É algo que todas as pessoas precisam ter em sua vida e praticar com o outro.
Foi uma boa resposta. Eu sabia que Rafaella não estava falando apenas do amor romântico, e sim do fraternal, o amor para com o próximo e às pessoas a sua volta. O que a fez soar muito íntegra e humilde. Isso era ótimo.
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A Cerimonialista
RomanceRafaella Kalimann vai se casar, e todos nós sabemos que não há ninguém melhor para planejar esse casamento do que a família Andrade. A jovem cerimonial, Bianca, vai ter a tarefa de realizar para Rafaella Kalimann e Ivy Moraes o casamento dos sonhos...