Música: She's in the rain- The rose
Havia se passado um mês desde a minha primeira viagem a trabalho. Muitas coisas haviam sido ditas desde então. Aos poucos eu fui percebendo que os membros foram se abrindo, demonstrando mais seus medos e inseguranças. Todo dia após o trabalho eu me enfiava debaixo da água gelada do chuveiro e refletia sobre o que tinha escutado deles, afinal eles eram mais complexos do que eu imaginara. Muitos eram os seus questionamentos acerca do mundo e das suas ações, como também das ações dos outros.
Hoje era domingo, o último dia do fim de semana que indicava que amanhã começava toda a minha rotina novamente. Decidi ir para a casa da minha melhor amiga passar o dia com ela e esquecer um pouco dos problemas que eu insistia em lutar sozinha.
Já era tarde quando conseguimos finalizar o jantar. Jogamos pedra, papel ou tesoura pra decidir quem iria para o banho primeiro e obviamente eu saí vitoriosa. Eu realmente era boa em jogos.
Saio do banho após toda a preparação do jantar, a verdade é que minha barriga roncava ansiando pela comida, cujo cheiro estava por todo o apartamento. Visto uma legging preta acompanhada por uma blusa larga de manga comprida. A temperatura estava fria, fazia um tempo que eu não sentia meu corpo se arrepiar depois de um banho, o barulho da chuva invadia meus ouvidos.
-Vou pro banho, me espera pra comer.
A voz da mulher ecoa pela casa e eu resmungo sentindo minha barriga roncar novamente. Suspiro, indo até a cama do quarto da minha melhor amiga e pegando meu telefone. Caminho até a sala de estar que possuía um pequeno sofá acoplado a janela grande de vidro.
Me recosto, ligando o meu telefone que para a minha surpresa está repleto de mensagens de todo o tipo que chegam depressa. O som do trovão soa pelo apartamento silencioso, fazendo minha atenção se voltar para a janela, vendo as gotículas de água escorrerem pela vidraça.
Suspiro sentindo o cheiro da comida novamente entreabrindo meus lábios para gritar pela minha melhor amiga.
-Anda logo!
Reclamo pela demora da mesma no banho. Ligo o visor do celular, desbloqueando-o. Percebo um grande número de ligações de um telefone desconhecido.
"Quem poderia ser as 22:00 da noite?" Me questiono, pensando na possibilidade de algum call center ter realizado as ligações, mas um domingo as 22:00 da noite não é algo comum. Decido retornar a ligação que não passa de dois toques até a voz de um homem soar pelos meus ouvidos.
-Finalmente consegui falar com você.
A voz conhecida me soava aflita, fazendo meu coração apertar. Afinal, poucas são as boas notícias que chegam as 10 da noite de um domingo.
-Taehyung? Aconteceu alguma coisa? Você parece aflito.
Disparo, contraindo os músculos da minha perna, sentando-me em seguida. Sinto minha mão suar frio em ansiedade. Algo de muito errada estava acontecendo, muitas são as atribuições de Taehyung, ele não ligaria por uma mera brincadeira.
-O Jimin. Ele não sai do quarto desde sexta feira. Eu te explico depois, mas me diz por favor, onde você está.
O homem fala confuso, com a voz começando a embargar.
-Primeiro se acalma, por favor. Eu estou no apartamento de uma amiga.
Disparo sem saber oq dizer começando a me levantar, fico em pé e levo a mão a boca em nervosismo.
-Me passa o endereço por favor, ele não quer falar com ninguém. Você é a minha última esperança, eu vou aí pegar você.
Ele fala e eu sinto meu corpo tremer, tendo pensamentos horríveis com o que poderia ter ocorrido com o loiro.
-Tudo bem, eu vou te mandar agora mesmo.
Falo desligando a ligação, digitando o endereço do prédio. Caminho rapidamente para o quarto, pegando minha bolsa.
-O que houve ? Por que pegou sua bolsa?
Escuto a voz da mulher próxima apesar da chuva
-O Tae, ele me ligou... - falo fazendo uma pausa após sentir meu peito doer e o ar faltar nos meus pulmões, me sento na cama sentindo minha cabeça girar - O Jimin, ele precisa de ajuda.
Falo depressa tateando minha bolsa.
-Mas hoje é domingo, já viu a hora ?
Ela indaga me ajudando a pegar a bolsa
-É uma emergência, o Tae não me ligaria se não fosse.
Digo colocando minha cabeça no lugar
-Eu preciso ir.
Falo calçando um chinelo da Adidas.
-Você quer que eu peça um táxi ou algo assim?
Ela oferece ajuda e eu apenas nego com a cabeça andando apressadamente até a sala
-Eu dei o endereço, ele vem me pegar.
Falo passando a mão nos meus fios bagunçados.
-Boa sorte amiga.
Ela diz dando um sorriso tentando me confortar enquanto fecho a porta, desço as escadas rapidamente não me importando com o fato do apartamento dela ser no 9º andar. Todos as sessões de terapia com Jimin passam em minha cabeça rapidamente, como um verdadeiro filme e tudo que consigo sentir é ansiedade em vê-lo, me certificar que tudo esteja bem com ele. Chego a calçada de frente do prédio e sinto os pingos gelados atingirem meu corpo sem dó. Me dando um banho de água fria. Observo a rua, ansiosa pela chegada de um carro, sem nem ao menos saber qual era o modelo. A chuva aperta fazendo com que eu apenas passe a mão no rosto tirando as gotículas que se depositaram nele. Vejo um carro preto, encostar mais à frente fazendo com que eu avance em direção ao mesmo. A porta se abre e um raio rasga o céu a minha frente, entro no banco do carona, sentindo minha respiração pesar.
-Aqui, usa meu casaco pra se secar um pouco. Eu vim o mais rápido que eu pude.
O homem fala e eu aceito o casaco que o homem pega no banco de trás do carro sem tirar os olhos da estrada.
-Como ele está ? Por favor não me esconda nada.
Disparo, vendo a água escorrer pelos fios do meu cabelo. Enxugo o rosto, sentindo o perfume do homem levemente sobre o tecido.
-Sexta feira ele estava pra baixo mas pensamos não ser nada demais, as vezes acontece.
Ele fala e eu percebo que suas mãos apertam o volante. Olho para o rosto do homem pela primeira vez, vendo a expressão de culpa em seu rosto.
-A culpa não foi sua. Ele vai ficar bem.
Falo apertando minha coxa por cima da calça com uma das mãos enquanto espremo meu cabelo com a outra.
-Se eu tivesse chamado ele pra conversar, ou apenas ter tentado fazer ele sorrir um pouco... - o homem fala gesticulando com a mão que estava sobre o volante e vejo sua mão esquerda se apertar em cima da sua perna.
-Tae, me escuta. As coisas são exatamente como devem ser. Você fez certo em me ligar, nós vamos ajudá-lo agora ok?
Digo confiante, na verdade nem sei de onde essas palavras vieram.
-Ah por favor, não diga a nenhum outro funcionário da empresa onde moramos, eu devo ter inflingido uma meia dúzia de regras de sigilo hoje, mas eu estou pouco me fodendo.
Ele diz áspero e eu sorrio concordando.
-Foi por uma boa causa e eu vou fingir que não sei onde estou.
Digo e vejo o homem com o olhar fixo na estrada molhada. A chuva parece apertar a cada instante deixando o cenário ainda mais clichê.
O carro diminui e logo vejo Tae digitar uma espécie de senha, liberando a porteira.
Começo a pensar em motivos para que o loiro se encontrasse nesse estado. Sei que o peso para ele é algo preocupante mas não acho que isso o faria ficar dois dias trancado sem praticamente dar notícias. Algum outro motivo deveria de haver para que ele se negasse a ver qualquer um dos seus hyungs, afinal eles vivem juntos a pelo menos 7 anos.
Vejo Taehyung andar rapidamente e me apresso para alcançá-lo não conseguindo espaço em minha mente para observar a moradia deles. Em poucos instante eu via todos os 5 aglomerados de frente para uma porta fechada.
-Aish, finalmente você chegou Tae.
Hoseok fala acariciando o próprio peito em sinal de desespero.
-Tava chovendo muito lá fora.
Ele fala e eu acaricio ambas as minhas mãos ansiando para ver Jimin
-Por falar nisso, obrigada por ter vindo em um domingo à noite... ainda mais com essa aguaceira.
Namjoon fala e Jin concorda com a cabeça ao seu lado. Paro para observar a cena e vejo Jungkook sentado no chão com o ouvido na porta em tentativa de entender o que possivelmente estava acontecendo lá dentro.
-Não me agradeça. Eu só preciso vê-lo.
Falo apressada me aproximando da porta. Yoongi escondia seu rosto em sua mão. Ele escorava seu peso na parede e no chão, já que ele se encontrava sentado no mesmo.
-Jimin, abre a porta. Chegou uma pessoa pra ver você.
JK fala com o tom de voz alto, certificando-se de que o loiro havia escutado sua mensagem.
-Jimin, não faça desfeita.
Jin grita dando batidas na porta em seguida. Mas nenhum sinal do homem, o que faz meu peito doer novamente. Olho em tom de desespero para Tae que tinha o olhar perdido. Seus braços se cruzavam sobre o seu corpo, demonstrando o quão desconfortável ele estava diante da situação.
-Eu já cogitei arrombar essa porta pelo menos umas 5 vezes.
JK fala coçando sua nuca, meio que pedindo opinião sobre sua ideia.
-Aish. Me deixa testar. - falo deixando minha bolsa no chão e me ajoelhando de frente para a porta vendo kookie se afastar, me dando espaço. Fecho meus olhos sentindo minha respiração descompensada.
-Jimin, eu preciso falar com você. Aceita minha ajuda, por favor.
Digo ainda de olhos fechados, tentando me concentrar nos barulhos de dentro do quarto, mas tudo estava silencioso.
-Como vocês sabem que ele não se matou aí dentro?
Pergunto virando meu rosto por cima do meu ombro, mas meu olhar não foca em nenhum dos membros, talvez pelo desespero que invadia o meu corpo com essa ideia.
-Depois de xingar todos os palavrões do meu vocabulário enquanto eu esmurrava essa porta ele disse mais cedo que estava bem.
Ouço pela primeira vez no dia a voz de Yoongi.
Respiro aliviada e sinto uma onda de ânimo percorrer meu corpo.
-Jimin, eu não vou sair daqui até você abrir essa porta. E quando você sair eu juro que eu vou dar muita porrada.
Falo cerrando meus punhos sobre a porta de madeira. Ouço uma pequena risada de Hoseok mas não me atento a ela.
-Você sabe que é falta de educação deixar uma mulher esperando não é?
Digo, sem saber como agir. Me sinto envergonhada mas não era hora para isso, eu precisava soar convincente para Jimin.
Taco minha cabeça na porta em frustração por não ouvir nenhum barulho.
-Jimin, você já viu o quanto tá chovendo? Ela estava na casa de uma amiga e veio até aqui pra ver você. Qual o seu problema?
Namjoon grita de pé, entendendo minha tentativa de deixar o loiro envergonhado e abrir de vez a porta.
Fecho meus olhos e aperto ainda mais meus punhos sobre a porta, deferindo uma série de socos na mesma. Não me importava de estar sentada sobre minhas pernas no chão, eu apenas precisava tirá-lo de dentro dele mesmo. Eu precisava que ele me desse a chance de fazer isso.
Meus pensamentos são interrompidos com a queda dos meus punhos com o abrir da porta.
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Floating Words! •[PJM Solo]•
Fanfiction[EM REVISÃO] Fanfic autoral e fictícia com Park Jimin. Onde a personagem principal é uma estrangeira, formada em psicologia recém chegada a Seoul e contratada pela empresa Big Hit, responsável pelo gerenciamento da carreira do grupo mundialmente co...