Desde que chegou ao campo onde seria feita a Celebração, que os seus olhos não paravam de procurar por Ayün. Os seus olhos encontraram-se como dois imanes passados alguns segundos. Teria muito que falar com ele, e o homem sabia mais ao menos o que lhe esperava. Devia-lhe explicações!
A Celebração decorreu com normalidade, e a barreira de Luz à volta do planeta foi completamente restaurada. Astrid caminhou imediatamente na direção dele, o seu rosto uma moldura perfeita da frieza e angústia que sentia.
-Então... Chamas gémeas, hummm? – Perguntou ela, num tom de voz sarcástico. Ayün engoliu em seco, dando um passo atrás.
-Eu não te contei porque... – Começou ele, porém ela interrompeu-o.
-Não querias que eu me sentisse obrigada a estar contigo, sim... eu sei! – Ela cruzou os braços – Se me conhecesses bem saberias que eu não sentiria obrigação nenhuma, na verdade, ainda não sinto. Eu sou livre de fazer as escolhas que quero, e não é o Universo que vai ditar com quem é que eu tenho que me relacionar.
-Se tu o dizes – Respondeu-lhe ele, num tom duro e uniforme. Astrid ficou surpreendida, ele nunca tinha aparentado estar de tão mau-humor como naquele momento, no geral era uma pessoa bastante alegre – Eu também não te obrigo a nada.
-Eu sei que não, mas nós fizemos uma Conexão e tu nem me explicaste o que é que estávamos a fazer – Respondeu ela, no mesmo tom frio. Olhou para o lado e notou algumas pessoas a olharem para a cena com os seus olhos curiosos. Não era todos os dias que se via o filho do Embaixador Nórdico a falar com uma humana, ainda mais de forma tão áspera.
-Porque é que te queixas, por acaso não gostaste?! – Ele ofereceu-lhe um olhar afiado.
-Gostei, mas preferia que não tivesse acontecido – Murmurou ela. Ayün deu um passo atrás, sentindo-se levemente ferido, e ela explicou melhor: - Eu mal te conheço, e esperas que eu queira ter uma Conexão contigo?!!
-Tudo bem, já percebi que não me queres – Ele soltou um suspiro – Talvez seja melhor assim – E então, ele olhou por cima do seu próprio ombro. Astrid percebeu o Embaixador Thori, seu pai, especado a examiná-los aos dois. Astrid já sabia a quem Ayün tinha saído. O seu pai era uma versão dele mais velha – Sim, talvez seja melhor...
A rapariga observou com um aperto no peito, enquanto a sua Chama Gémea se afastava. Tudo bem... Ela respirou fundo. Tudo bem... Ela tinha-lhe dito o que achava, que realmente não o conhecia, mas não era como se estivesse à espera que ele se fosse embora, muito pelo contrário, queria ao menos ter-lhe dito que desejava conhecê-lo melhor. O que mais a chocava era que Ayün conseguia ler-lhe os pensamentos, o que queria dizer que talvez ele os tivesse lido e simplesmente tivesse ignorado o seu desejo!
Com um certo ultraje decidiu voltar para a Embaixada, esquecendo-se completamente de avisar os seus amigos.
***
Os dias foram-se passando muito vagarosamente.
Na Seli Astrid empenhou-se especialmente na aula de Luta, em que Luan a escolheu para ser seu par. Eles lutaram por tanto tempo, que o Mestre Storrm decidiu, pela primeira vez, declarar um empate, e estavam tão suados que, com um estalar de dedos, ele removeu todo o suor dos corpos deles, já que não podia permitir que fossem assim para a próxima aula.
Na Gama, a Mestre Kleyum não parava de corrigir Astrid, muito embora ela estivesse a fazer exatamente a mesma coisa que os seus colegas. No final, ainda teve o descaramento de a chamar à parte, e de lhe repetir o que lhe tinha dito da outra vez. Porém, Astrid optou por simplesmente não lhe responder, e virou-lhe as costas. Ela não merecia o seu tempo.
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A Flor Cósmica e o Dragão do Poço
Fiksi IlmiahReza a lenda que, nas profundezas deste que é o nosso lar, existe uma máquina que faz o Universo continuar a expandir-se em harmonia, ao qual os membros da Confederação Estrelar deram o nome de Poço. Este lugar transforma as Sombras em Luz, e, passa...