Prólogo

594 49 13
                                    


Por que o céu sempre parecia monótono a noite?

Nico sempre gostou desse horário, por morar perto de uma floresta o ambiente era muito agradável. Coisa que fazia muito bem para o seu coração. O moreno era apenas um jovem de dezessete anos de idade, que morava com a mãe e as irmãs, nada de errado nisso. Ha não ser pelo fato de desde os catorze anos ter sido diagnostico com IC e desde então vinha lutando com esse problema, a falta de ar, o cansaço...era tudo tão estressante. Não sabia como estava aguentando aquele fardo a dois anos.

A figura de preto permanecia sentada na varanda da casa, era apenas mais um dia na sua vida, tudo parecia tão chato e silencioso.

--Filho? –Nico encarou a mulher que acabara de sair pela porta da cozinha, o moreno sempre admirou a figura materna, a mesma era sua fonte de inspiração e um dos motivos de ainda permanecer aguentando aquilo tudo.

--Algum problema mãe? –perguntou carinhoso fitando-a.

--Hora de entrar, está frio. –Chamou delicada, acariciando os fios negros idênticos aos seus. –Amanhã sua irmã chega e você sabe o quanto ela ama passar o dia com você.

Bianca, sua irmã mais velha, havia saído de casa ano passado e morava agora no dormitório da faculdade. Hazel, a mais nova, naquele horário já deveria estar no décimo sono. Eram as férias de final de ano, Bia sempre vinha pra casa, para que todos fossem juntos ver a queima de fogos.

O Di Angelo fitou a mãe, não sabia como ela suportava aquilo tudo com uma serenidade exorbitante.

--Vamos mãe, vamos dormir. –disse segurando a mais velha pelos ombros, entrando na casa.

---- ---- ---- ---- ---- ----

Já fazia alguns dias que estavam todos reunidos na sua casa. Sua mãe, Bianca, Hazel e ele. Todos se preparando para o natal, Hazel estava especialmente animada já que no próximo ano a mesma entraria para o ensino médio, não que o mesmo conseguisse compreender toda essa animação, quem em sã consciente fica animado para estudar?

--Terra para Nico...—o leve cantarolar tirou todo e qualquer pensamento que o moreno detinha em sua mente.

--Oi Haz

--Mamãe está chamando para jantar. –disse sorrindo, todos cuidavam dele como se fosse um inválido, um moribundo. Não que realmente não fosse...pensou amargo ao se lembrar da consulta que tivera a dois dias atrás.

A sala era fria e nenhum pouco agradável, mais o moreno já estava familiarizado com aquele ambiente, afinal, já se passaram dois anos com essa mesma rotina.

--Bem, Nico...–Iniciou o homem, com uma enorme seriedade.

--O que houve doutor? Meu Nico está bem? –sua mãe permanecia angustiada, a face da mesma demonstrava isso completamente.

--Infelizmente o quadro não pôde ser revertido. –Completou, para o desespero da mulher, enquanto Nico continuava com o rosto inexpressivo. –Apenas um transplante pode salva-lo agora. –Finalizou com total pesar, o médico havia se apegado de certa forma ao jovem. Acompanhava seu caso há algum tempo e se compadecia da família.

--O-o que...então, meu Nico...—Maria gaguejou nervosa, seu filho...seu único rapaz estava...

--Quanto tempo eu ainda tenho doutor? –a pergunta quebrou totalmente aquele clima gélido, Maria fitou o rosto do filho com incredulidade.

--Baseado nos exames eu diria que no máximo duas semanas...—e fora isso, isto que desencadeou o choro da mãe e a frieza no coração do jovem.

Então seu tempo estava acabando...

---- ---- ---- ---- ----

Nico preferiu não contar para as irmãs, coisa que Maria foi veemente contra. Mais o moreno não se importou, apenas queria viver esses últimos dias com tudo que tinha de si, seria feliz com as pessoas que amava e que permaneciam ao seu lado.

Na noite passada sua mãe havia ligado para seu pai, no entanto, como sempre o mesmo não atendera, desta forma Nico preferiu deixar aquilo de lado. Afinal, seu pai nunca estava presente mesmo.

--Vamos Nico. –Chamou a cacheada novamente e o moreno assentiu, permaneceria lutando até o último momento.

O coração do moreno aqueceu assim que adentrou a cozinha, sua mãe conversava animadamente com a filha mais velha, provavelmente sobre a namorada da filha, já que a mesma se encontrava com o rosto totalmente avermelhado enquanto Hazel aproveitava para tirar sarro também.

Sim, era aquilo que ele queria, um ambiente agradável e animado. Queria apenas a família ao seu lado.

--Nico? Nico?!

Por que a voz de sua mãe parecia tão distante? se questionou, enquanto colocava a mão no peito. O que era aquela dor sufocante?

Ah...então já havia chegado o momento?

--Filho, fala com a mãe...filho. Nico?!!!! –sentia-se ser amparado pelos braços da mulher, enquanto Hazel chorava e Bianca segurava o telefone nas mãos.

Não queria dar adeus, mais seu momento havia chegado. Estava...feliz

Mesmo sem fôlego o moreno se esforçou para sussurrar aquela frase, pelo menos uma última frase.

A...amo...vocês

My HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora