Capítulo Único

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Notas iniciais: História baseada na música 1, 2, 3, 4 de Plain White T's. Coloquei o link acima, escutem, é muito linda e praticamente grita tododeku. No mais, apenas uma one curtinha com conforto emocional porque eu amo esse tipo de coisa.

***

Midoriya Izuku acordou do sono leve no qual havia caído com uma dormência na bochecha. Não pela primeira vez ele havia adormecido em cima dos livros, a postura torta na cadeira e a cabeça bem apertada contra a espiral desgastada do caderno. Ele sabia que havia uma marca em seu rosto, mas a essa altura já havia se acostumado. Seu livro de análises estava apoiado no colo, inclinado em direção ao chão, onde ele rabiscava ferozmente minutos — horas? — atrás. Izuku o colocou na mesa e se espreguiçou na cadeira, estralando os músculos doloridos do pescoço e dos ombros. Seu olhar caiu no relógio e ele piscou surpreso pela hora tardia. Ele devia dar a sessão de estudos noturna por encerrada e cair na cama para aproveitar as horas que lhe restavam, em breve amanheceria e aos primeiros raios de sol ele sairia para sua costumeira corrida matinal.

Grogue de sono, ele ouviu as batidas lentas, quase hesitantes, na porta e então percebeu que elas o haviam acordado em primeiro lugar. Massageando a perna dormente por conta da posição, Izuku se levantou e caminhou até a porta, um choque percorrendo seu corpo e o deixando alerta ao ver Shouto parado do lado de fora. Ele tinha os olhos fundos e os braços bem seguros ao redor de si, algo em sua expressão o deixava agitado o suficiente para saber que havia algo errado.

— Midoriya — ele disse quietamente, quase como se pedisse permissão.

Izuku sabia que, apesar deles estarem juntos há quase um ano agora, o outro ainda hesitava em procurá-lo quando tinha algum problema. Aos poucos, eles vinham superando essa barreira, com muito trabalho e confiança mútua envolvida, e haviam construído um relacionamento sólido no qual ambos davam e recebiam, duas partes iguais como as metades de seus corações que se completavam.

— Todoroki-kun. — Por um longo momento, Shouto não respondeu, então Izuku prosseguiu: — Quer entrar?

Ele assentiu e adentrou o quarto, caindo na cama ainda completamente arrumada do companheiro, apenas vagamente consciente dos pequenos movimentos que Izuku fazia ao redor do quarto, fechando a porta com suavidade e empilhando os cadernos abertos e folhas amassadas em um canto para então apagar a luminária e sentar ao seu lado, as pernas dobras sob si, os joelhos deles se tocando levemente.

Ele pensava agora que não devia estar ali, pelo rosto cansado e a mancha de tinta bem destoante no punho dele, de certo devia tê-lo atrapalhado em algo, mas não conseguia evitar. Na maioria das noites, Shouto se via andando até o quarto de Midoriya em busca de um conforto que ele nunca demonstrava precisar. Izuku nunca o negou nem questionou, apenas abria mais a porta para que ele entrasse e então o abraçava forte, ficando lá pelo tempo que precisasse.

— Desculpe por isso, você devia estar estudando.

Midoriya piscou como se as palavras demorassem a fazer sentido em sua mente e então abanou as mãos, desconsiderando-as.

— Não há por que pedir desculpas — ele disse, sorrindo daquele modo aberto e verdadeiro que fazia o coração de Shouto se apertar no peito. — Na verdade, eu estava dormindo — As palavras soaram baixas, como se ele estivesse dividindo um segredo, e o sorriso se tornou uma risada. Aquele som o fez relaxar e soltar as mãos que nem mesmo notava estarem apertadas em torno de si, como se Shouto temesse se desfazer caso largasse o agarre.

Izuku notou, mas sabia esperar até que o outro estivesse pronto para falar. Ele o enxergava por trás da máscara de indiferença que ele havia aprendido a usar para esconder sua vulnerabilidade. Ele queria segurar Shouto bem apertado em seus braços e confortá-lo, mas achou que tocá-lo agora não era o que ele precisava. Shouto permaneceu imóvel por um longo tempo, o único som de sua presença sendo sua respiração irregular. Então, finalmente, ele virou a cabeça para o lado, examinando o rosto de Izuku e sua voz saiu em um sussurro baixo:

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