Capítulo 16 ✔

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Olhando para o relógio, vejo que são 9:30h

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Olhando para o relógio, vejo que são 9:30h. Eu estou com a porra do pensamento naquela maldita menina e em como estava fodidamente gata e ousada hoje mais cedo quando roubou todo o meu fôlego e fez de meu traiçoeiro olhar, um refém de sua insurgente sensualidade. Como estará sendo a sua experiência de primeiro dia em um lugar desconhecido e novo? Estaria perdida, sentindo-se sozinha e sufocada? Estaria pensando em mim? Sentiria a minha falta?

Eu elimino a lascívia que surgiu com as torturantes lembranças de Anna Hayes e foco toda a minha atenção na aula em que comecei a ministrar.

— Trabalharemos durante nossa última semana juntos sobre temas bem profundos, polêmicos e reflexivos para a própria sociedade, pessoal. Neste período, contaremos com o auxílio de um dos maiores clássicos da literatura norte-americana moderna, a aclamada obra de Harper Lee: To Kill a Mockingbird. — Sublinhei o título O sol é para todos na lousa e voltei meus olhos para a turma. —  Faremos uma breve análise neste primeiro momento e gostaria que explanassem para mim o que mais chamou a atenção de vocês no enredo do livro. Se são as atitudes racistas, a forma como o tema foi abordado pelo autor, a injustiça humana ou até a mesmo a construção melodramática do conteúdo. Enfim, darei meia hora para uma silenciosa e rápida folheada. Estou ansioso pelas discussões. Boa leitura a todos.

E assim que o barulho de livros sendo abertos e páginas sendo folheadas por meus vorazes alunos de literatura passou a soar pelo ambiente, voltei a visitar minhas obscuras e amargas memórias do passado. Do tempo que o apaixonado sorriso de Helena era minha maior dádiva na vida até tudo virar um borrão disforme e tenebroso. Uma dolorosa ruptura em minha alma negra que sempre puxa-me para o abismo e para uma profunda escuridão da qual tornou-se minha morada nos últimos anos.

Então surgiu Anna e meu coração retornou das cinzas e até voltou a pulsar e sentir, fazendo-me entender que restou alguma coisa boa no meio das ruínas.

E eu a deixei ir, afastando-a de mim, destruindo a pequena e doce salvação que foi enviado a minha fodida vida.

Mesmo quando fosse possível voltar para mim, não já teria esquecido do demônio que sou e encontrado consolo em outro, alguém normal e adequado para si mesma? Por quê esperar por quem só sabe ferir e decepcionar?

Ao término de minhas aulas, eu estou mais do que determinado a tentar me reaproximar de Anna, consciente de uma possível rejeição sua, de ser flagrado e condenado, acusado e até mesmo culpado de qualquer atrocidade.

Fosse o inferno, o preço que eu teria de liquidar para voltar a tê-la, eu pagaria até o último centavo.

Eu dirijo com ansiedade pelo inesperado tráfego matinal tranquilo. Faço minha pausa a uma segura distância do arcaico e preservado colégio Columbus, estacionando do outro lado da rua e aguardando pegá-la na saída. Eu não queria inconvenientes logo à primeira vista.

Amores Proibidos - Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora