Capítulo seis

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Théo


— Você precisa me ajudar — praticamente implorei, em desespero, para Taís.

Ela parecia estar atendendo alguém, mas, realmente, não dei a mínima para isso. Foda-se se fosse uma cliente e o que ela pensaria de mim. Não estava com cabeça para pensar em mais nada.

A bendita criança se remexia o tempo todo, apesar de não chorar, parecia agoniada ou sei lá o quê. Aquilo estava me deixando ainda mais nervoso.

— Doutro Théo, pelo amor de Deus, de onde veio essa criança? — Ela se aproximou e tentou pegar o bebê no colo, mas mostrou-se meio sem jeito para isso. Ah, é claro, olha o tamanho da barriga dela!

Para a minha surpresa, a pessoa que ela atendia – agora eu via que era uma mulher jovem, e até que bonita, mas sequer dei muita atenção a isso – se aproximou.

— Posso? — ela perguntou, estendendo as mãos.

É claro que podia. Pelo amor de Deus, eu estava quase suplicando que alguém fizesse isso. Entreguei a menina para ela, que se afastou, voltando para o sofá. Passei as mãos pelos cabelos e enfim consegui explicar a Taís qual era a situação:

— É filha da Marcela.

— Sua irmã deixou um bebê? — Taís questionou, surpresa.

Baixei o tom de voz na resposta, não precisava de estranhos sabendo detalhes da minha vida.

— É, deixou. Aparentemente, minha irmã se envolveu com um maldito filho da puta e teve uma filha com ele.

— E foi o pai da criança que...

— É, foi. Está foragido o filho da puta. — Mas eu iria achá-lo. A dor pelo assassinato da minha irmã havia se convertido completamente em ódio.

— E você vai ficar com ela? Desculpe, doutor Théo, mas... Acho que eu não te imagino cuidando de um bebê.

— Milena me garantiu que vai cuidar dela durante a noite, e só resta a mim confiar nisso. Mas agora ela decidiu voltar a estudar, então durante o dia eu vou ter que trazê-la para o escritório comigo. Você precisa me ajudar com isso, Taís.

A expressão dela se tornou assustada e ela alterou o tom de voz, passando a falar mais alto e de maneira descontrolada:

— Eu não tenho como cuidar de um bebê para você, doutor Théo. Em alguns dias terei o meu próprio bebê para cuidar, percebeu?

É claro que eu tinha percebido. Como poderia ignorar isso? Mas ela era a minha única salvação possível.

— Até lá eu terei dado um jeito nisso — rebati. — Vou colocá-la em uma creche, contratar uma babá...

— Quer que eu procure uma creche e uma babá, não é? — Óbvio. Era ela que cuidava daquele tipo de coisa para mim desde sempre, não era? Ela não era minha secretária apenas para assuntos do escritório, mas também para problemas pessoais.

— É, eu quero. Mas... isso vai levar alguns dias. E eu preciso de alguém que cuide dela agora. Ela precisa comer, e eu nem sei o que ela come!

Taís suspirou, voltando a abaixar o tom de voz, embora continuasse visivelmente tensa.

— Eu mal estou aguentando com o meu próprio peso, doutor Théo. Sei que sempre resolvo tudo, mas... isso é meio extremo.

— Eu sei que é. Imagine o quanto foi para mim.

As Leis do Amor - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora