capítulo 6

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OTÁVIO

Em meu escritório, enquanto tento colocar meus pensamentos em ordem, pego meu celular e faço uma discagem rápida para minha mãe. Preciso saber de Vicente.

Assim que ela atende, eu digo:

— Mãe?

Começo a me preocupar enquanto espero uma resposta, mas ninguém fala nada. A única coisa que ouço é uma respiração ofegante, e tenho certeza que a pessoa do outro lado está chorando.

— Mãe, por favor... fale comigo. Desculpe-me por ter passado tanto tempo sem me comunicar com a senhora ou com Vicente — peço, ansioso. —  Diga alguma coisa, por favor. Eu preciso ouvir sua voz.

Esse silêncio está me matando. Entendo a mágoa de minha mãe — afinal, eu simplesmente sumi e não quis falar com ninguém depois do acidente —, mas preciso que ela fale comigo. Preciso que ela me dê notícias de meu filho.

— Mãe... Eu preciso saber do meu filho — insisto, percebendo que algumas lágrimas começam a cair de meus olhos. — Tenho que saber se Vicente me perdoou... Se ele ainda me ama. Eu imploro, mãe. Me responda!

Já estou chorando vergonhosamente ao telefone, e sinto que estou prestes a desistir quando a pessoa do outro lado resolve se pronunciar entre soluços:

— Eu te amo, pai...

Ao ouvir aquelas palavras saindo da boca do meu filho, meu coração quase explodiu. Agora éramos dois chorando, e eu não conseguia dizer mais nada. Tudo o que eu sentia naquele momento era culpa.

Meu filho...

Meu menino passou por tanta coisa e ainda consegue dizer que me ama.

— Filho... Me perdoa, pelo amor de Deus! — suplico, desesperado. — Me perdoa...

— Eu te amo, pai. Eu nunca te odiei — garante, soluçando de tanto chorar. — Eu tenho tanta saudade... Por favor, papai, me deixa te ver! Não me abandona outra vez!

Preciso recuperar a razão. Tenho que ser forte agora...

Meu filho precisa que eu seja forte.

— Vicente... eu não vou mais a lugar algum sem você. Eu te amo, meu filho... Me perdoa por ter te deixado — tento controlar meu tom de voz ao pedir. — E... cadê sua avó? Porque está com o celular dela? Aconteceu alguma coisa?

— A vovó saiu. Ela esqueceu o celular, mas já deve estar voltando — ele avisa antes de voltar a insistir: — Pai... eu quero te ver. Me deixa ir até você!

Recuperando meu fôlego mais uma vez, tento acalmá-lo:

— Liguei exatamente para falar com sua avó sobre isso. Eu também quero te ver, e quando minha mãe chegar peça a ela que venha com você. Eu preciso te abraçar...

— Sim, papai. Nós vamos! — diz, entusiasmado. — Mal posso esperar para que a vovó chegue.

Despeço-me de Vicente com a alegria de saber que ele deseja me ver tanto quanto eu a ele.

Ainda tentando absorver aquele turbilhão de emoções que irradia por todo o meu ser, ouço alguém batendo na porta e a abrindo em seguida. Guilherme põe sua cabeça para dentro e, quando permito sua entrada, ele certamente nota que estou com os olhos vermelhos, mas não diz nada. Apenas vem até mim e me abraça. 

Guilherme é um irmão para mim, sendo o único com quem mantive contato pelo tempo que estive fora — e não foi por vontade minha, já que o cara fez questão de não me deixar em paz. E sinceramente, eu o agradeço por isso.

DEGUSTAÇÃO "MINHA STRIPPER" (Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora