1920✨

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Nico di Ângelo caminhava pelas frias ruas da Nova Iorque de 1920. Ele vestia um terno azul marinho, não era sua cor, mas ainda sim era bonito. Seus cabelos negros seguiam a direção do vento, enquanto ele observava as pessoas na rua. Uma das coisas que ele mais gostava em ser imortal, era poder ver as pessoas mudando seus estilos, seus jeitos, seu vocabulário, entre outras coisas. Nesse momento as mulheres usavam fortes batons vermelhos, destacando as bocas, e vestidos levemente mais curtos do que nas décadas anteriores. Os homens, na sua grande maioria, vestiam ternos de diversas cores. Nico gostava muito de observar as mudanças, mas odiava ter que mudar seu estilo toda vez a moda resolvia ter uma mudança drástica. Ele morava em Nova Iorque a mais tempo do que conseguia lembrar, tinha morado na Itália na infância, junto com os pais e suas irmãs, mas eles já haviam morrido a muito tempo. Nico gostava de dedicar seu tempo a aprender novas línguas, alimentando seu sonho de viajar o mundo. Caminhava com vários livros, tinha ido a biblioteca para passar o tempo, tentava não pegar sempre os mesmos livros, mas tinha tempo de sobra para ler todos os livros da biblioteca e ainda reler os seus favoritos.

Ele não tinha muitos amigos, mas bom, como fazer amigos quando não podia ser apegar a ninguém? Já tinha sofrido demais vendo sua família e amigos envelhecer e o deixar, mas claro que não era culpa deles se Nico era imortal e eles não. Então para evitar sofrimento, ele tinha muito poucos amigos e os renovava tanto quanto se mudava de casa, que no caso, era constantemente. Ele acabava fazendo alguns amigos ao longo do tempo, mas ele não podia evitar, achava que ficaria louco se passasse a vida toda sozinho.

Ele caminhava tranquilamente em direção a sua casa, quando alguém muito apressado esbarrou contra ele, por pouco não o derrubou, mais os livros não tiveram a mesma sorte. Ele se agachou para recolher os livros quando escutou uma voz vindo de suas costas

-Perdão, perdão. Não sei o que deu no meu cachorro, deve ter avistado algum pássaro ou esquilo - Nico pegou os livros e os apertou junto ao peito, com medo de serem derrubados novamente.

-Está tudo bem, só tome cuidado da próxima vez ok?

-Claro, claro. A princípio me chamo Will Solace - Nico se virou e encontrou um rapaz alto, com lindos cabelos loiros cacheados, olhos azuis cativantes é um sorriso de tirar o fôlego. Em uma de suas mãos ele segurava firmemente a coleira de um Golden animado com a língua de fora. Will esticou a mão para que Nico a apertasse.

-Nico Di Ângelo - respondeu, apertando a mão do loiro - Se não se importa, eu tenho que retomar meu caminho - ele se virou e voltou a caminhar

-Aonde está indo? - disse Will, o acompanhando

-Para minha casa

-Você é interessante, Nico Di Ângelo. Gostaria de sair para um café?

-Não obrigado

-Ah por favor

-Você não faz o meu tipo

-E qual seu tipo? - Nico parou bruscamente e encarou Will

-Não. É. Da. Sua. Conta. E se me dá licença, eu não tenho tempo para isso

-Pode parecer engraçado, mas eu tenho literalmente todo o tempo do mundo - Nico franziu o cenho, se perguntando se tinha ouvido certo

-Perdão?

-Digamos que eu tenha bastante tempo pela frente - Nisso ele afastou o cachecol do pescoço, expondo um símbolo do infinito (♾). Nico engoliu um seco. Aquilo não podia estar acontecendo, não era pra ser tecnicamente possível

-Eu não sei sobre o que está falando é nem sei o que esse símbolo significa - mentiu

-Ah para, eu vi no seu pescoço quando você se abaixou para pegar os livros - Não podia ser, ele sempre tinha cuidado para que o cabelo fosse grande o suficiente para tapar seu símbolo, maldito vento.

-Bom, não faz diferença se eu sei ou não sei, não estou interessado em novas amizades. Agora, adeus. E tenha um bom dia senhor Solace - Nico saiu apressado, na esperança de que o loiro não o seguisse

-Ei, qual é, primeiramente que eu nunca disse que queria só amizade, segundamente que eu seria uma ótima companhia, afinal eu estaria aqui para sempre, não vai ter que se despedir de mim em algum momento da sua vida - Nico olhou dentro dos olhos azuis do outro. Era verdade, se eles fossem amigos, ele jamais precisaria se preocupar em sofrer com a futura morte de Will.

-Tá, a gente pode sair algum dia desses - o sorriso de Will se iluminou

-Claro, a gente pode dar uma volta no parque ou coisa do tipo

-Não gosto muito de parques, mas pode ser. Mas deixo claro que se acontecer alguma coisa, será apenas amizade

-Você diz isso agora senhor Di Ângelo, mas pode ter certeza que eu ainda vou lhe conquistar com o tempo - disse ele rindo suavemente

-Eu acho que não

-Bom, que tal sábado as 14h aqui mesmo? Ai podemos dar uma caminhada com Stella - a cachorra latiu ao ouvir seu nome - Isso, é você sim, coisinha linda do papai - Will se agachou para acariciar a orelha de Stella - Então, pode ser?

-Claro, Will Solace. Te vejo no sábado

-Te vejo no sábado.

Uau, com certeza Nico estava um mãe de emoções. Ele finalmente tinha achado alguém que era igual a ele, alguém que ele jamais precisasse se despedir. Bom, talvez ter um amigo não fosse algo tão ruim assim, Nico achava que poderia lidar com isso, e ele tinha que admitir que por mais que ele tivesse tido a Will que ele não era seu tipo, o loiro era de tirar o fôlego, mas Nico achava que Solace acabaria enjoando dele e o largaria, então era melhor evitar ser algo mais que conhecidos que tinham algo em comum (que era provavelmente a única coisa em comum que tinham, e a imortalidade nem era uma escolha). Mas bom, não tinha porquê se estressar com uma coisa dessas agora, ele só queria chegar em casa e colocar as ideias em ordem, depois ele pensaria no sábado que poderia lhe trazer uma companhia pelo resto de sua vida. "Como alguém que tem imortalidade pode se estressar com uma alguma coisa?" pensou Nico o caminho todo de volta.

Tão classico Onde histórias criam vida. Descubra agora