Déjà Vu

Bônus Luke

Me sinto estupidamente traída, James consegue esconder as coisas tão perfeitamente de mim que as vezes me pergunto se eu nome é realmente James e sua verdadeira idade é quinze anos. Seis meses com alguém que eu nem sabia que ele mentia sobre algo desse jeito.
James me disse que trabalhava em uma pizzaria algumas vezes por semana, eu estranhei pelo fato dele ter certa quantia em dinheiro para se sustentar e ainda ajudar seus pais. Mas não questionei, confiava nele. Até eu ir na tal pizzaria e me informarem que ninguém com o nome James trabalhava ali. Ontem, quando ele me disse que ia trabalhar eu o segui, não me orgulho disso mas se ele tivesse me dito a verdade, não tomaria uma decisão tão baixa. E qual a minha surpresa ao ver o táxi parar em frente a um cubículo suspeito demais para mim? O motorista do taxi em que eu estava me olhou desconfiado e perguntou por duas vezes se eu realmente queria descer ali.

— Argh, estúpido mentiroso — esbravejo comigo mesma me lembrando do ocorrido e acabo batendo em algo.

— Calma ai, garota — uma voz masculina me faz olhar para cima e prendo o fôlego quando meus olhos encaram aquelas órbitas escuras que me analisam por inteira.

— Céus — digo comigo mesma e ele sorri de lado me fazendo corar — M-me desculpe, estava distraída.

— É claro que estava — responde provocativo e eu reviro os olhos, o garoto à minha frente ri e eu começo a andar.

Ouço passos atrás de mim e vejo a figura de preto, cabelos pouco compridos ondulados. O vento bate em sua direção fazendo alguns fios dançarem na frente do seu rosto. Céus, o que é isso que estou sentindo?

— Se não olhar para frente vai trombar com alguém de novo — ele sorri malicioso como se soubesse o que estou pensando.

Me viro para frente rapidamente e respiro fundo passando a mão no rosto.

— Não estaria olhando para trás se não tivesse um louco me seguindo — esbravejo e ouço uma gargalhada vindo do garoto.

— Acha mesmo que estou te seguindo? — sua pergunta faz eu me sentir estúpida e sinto meu rosto esquentando.

Dou de ombros e continuo andando sem olhar para trás mas posso jurar que tem um sorriso em seu rosto, um rosto extremamente bonito.

— Por Deus, o que estou pensando? — bato em minha testa e ouço uma risadinha agora do meu lado e me assusto.

— Além de desastrada você também fala sozinha? —arregalo os olhos e não consigo dizer nada — Você é interessante.

Pisco várias vezes sentindo algo em meu estômago, provavelmente é fome. Tem que ser fome.

— Emy — ele me olha curioso — Meu nome é Emy.

— Luke — sorri presunçoso — Mas pode me chamar de amor.

Não consigo evitar a risada e ele me acompanha.

— Nem em seus sonhos — ele me olha com falsa surpresa que logo é substituída por um pequeno sorriso.

Acho que foi o primeiro sorriso sincero que ele me deu nesses poucos minutos.

— Você ainda vai me chamar de amor, gracinha — diz convicto e pisca para mim.

                                    🌻