{fifteen} i can't do this

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Eu nem sei ao certo quantas vezes eu precisei engolir seco para não chorar ali mesmo. Era o meu maior medo, ser exposto dessa forma, perder minha carreira, a única coisa que eu tinha na vida. Só fiquei ali parado, encarando meu chefe que nem tinha coragem de olhar para mim.

— Você pode ir agora. — ele disse.

Eu fiz uma reverência um tanto demorada e virei as costas, saindo da sala. Meus punhos estavam cerrados e as unhas já começavam a machucar as palmas das minhas mãos, mas eu mal conseguia sentir. Eu não conseguia sentir absolutamente nada além de vergonha. Quando saí do prédio, encarei o carro de Yeonjun ao longe. Cogitei a possibilidade de não ir pra lá, voltar para a minha casa sozinho, mas eu teria que lidar com isso mais cedo ou mais tarde. Entrei no carro e coloquei o cinto. Senti que Yeonjun me olhava mas eu não tive coragem de olhar de volta, eu estava muito, muito envergonhado com tudo.

— Tá tudo bem? — ele perguntou mas eu não respondi. Eu olhava fixamente para o parabrisa do carro. — Soobin...

Ele tocou na minha mão e eu a puxei por reflexo, quase que num susto, Yeonjun se assustou também. Minha respiração se acelerou e eu o olhei. Yeonjun me olhava com os olhos confusos e então notou os meus já marejados.

— Ei, tá tudo bem...

— Só... dirige. — eu interrompi, voltando a olhar para frente.

Ele continuou me olhando por um tempo antes de respirar fundo e ligar o carro. O caminho até a cabana foi de total silêncio. Eu estava focado demais em controlar o choro, não fui capaz de falar nada. O que eu diria, afinal? "Ah, Yeonjun, eu sou um idiota que mandou o arquivo sem editar e agora meu chefe sabe que a gente se pega. Aliás, eu fui demitido." Não tinha nada para ser dito e Yeonjun pareceu perceber isso também. Ele estacionou e eu me apressei em descer do carro e entrar na cabana, indo diretamente para o quarto dele. Fiquei olhando para o nada, tentando entender o que estava acontecendo na minha vida, em como eu tive a capacidade de destruir tudo em uma semana. Tudo por causa de um cara que eu nem conhecia direito. Caí sentado na cama e não fui mais capaz de controlar as lágrimas. O choro veio num soluço e foi impossível parar, eu nem ao menos tentei. Ouvi o barulho da porta se fechando e em instantes Yeonjun entrou no quarto.

— Pedi para irem embora, acho que você precisa descansar. — ele pareceu ouvir o meu choro e imediatamente se aproximou de mim, agachando na minha frente. — Ei, calma.

Ele me olhava verdadeiramente preocupado, até descer os olhos até minhas mãos e notar meus punhos ainda cerrados. Devagar, ele abriu meus dedos e viu os machucados causados pelas unhas.

— Soobin... O que aconteceu? — sua voz era calma, suave — Por favor, fala comigo.

— Eu não quero falar. Eu só quero dormir, por favor. Me deixa dormir.

Ele concordou com a cabeça, mas sem parecer muito certo se deveria ceder ou não.

— Vou arrumar a cama pra você.

— Eu vou dormir na sala. — me apressei em dizer — Quero ficar sozinho.

Antes que ele pudesse responder qualquer coisa, me levantei e fui até a sala. Me deitei no colchonete e me cobri com as cobertas que já estavam ali. Minutos depois, ouvi os passos de Yeonjun se aproximando e me deitei de costas para a porta do seu quarto. Os passos pararam e eu imaginei que ele estivesse parado na porta, olhando pra mim. Aquilo me fez querer chorar ainda mais, a sensação de não poder contar com ele naquele momento, contar com seu amparo e o seu carinho, já que foi justamente isso que causou todo o problema. Ouvi seu suspiro profundo e os passos se afastaram de novo, mas ele não fechou a porta. Em questão de segundos, eu voltei a chorar. Apertava os meus olhos, torcendo para que quando eu abrisse eu estivesse na minha casa, acordando de um pesadelo horrível. Mas é claro que não funcionava. Aquilo ela real, era tudo minha culpa. E eu não tinha certeza se conseguia lidar com tudo.  Chorei por muito tempo, até o cansaço me fazer pegar no sono, porém por pouco tempo, pois quando acordei senti meu corpo inteiro mole e meus olhos inchados, como se eu tivesse passado horas acordado. Quando abri os olhos, tive certeza de que ainda era madrugada. Vi Yeonjun sentado no chão, na minha frente, me olhando com expectativa. Quando ele me viu acordar, se apressou em se aproximar.

24/7 • yeonbinOnde histórias criam vida. Descubra agora