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A Menina Correndo ao Seu Lado

Jasmine estava tão feliz por seus pais terem permitido que viajasse para a nova casa de sua amiga Vivi, em outra cidade, que nem viu o tempo passar no ônibus. Elas eram melhores amigas e faziam tudo juntas até o ano anterior, quando Vivi e sua família tiveram que se mudar por conta do novo trabalho de seu pai.

A família de Vivi havia mudado para uma pequena cidade no interior do estado. Era natureza para todo lado, e isso era bom para crianças como elas, que eram cheias de energia. Isso foi um ponto positivo na decisão de seus pais em permitir que ela viajasse, mesmo que sozinha. Pensaram que seria melhor para ela passar as férias escolares brincando ao ar livre, do que trancada no apartamento.

Na rodoviária, Vivi e seu pai esperavam por Jasmine, com um cartaz de boas vindas todo colorido feito por Vivi e suas irmãs mais novas.

Quando Jasmine desceu do ônibus e avistou sua amiga, correu para o abraço dela. Se abraçaram dando pulinhos de alegria, típico das crianças. Analisaram uma a outra, o cabelo, o quanto cresceu, o bronzeado e as novas cicatrizes - causadas por brincadeiras e também por serem desastradas, que foi o que as aproximou anos atrás.

Foram para a casa de Vivi, cantando no carro e enlouquecendo o Pai. Jasmine matou a saudade da comida da Tia, de fazer as meninas menores de boneca e de fazer arte com elas. Fizeram tanta coisa num dia só, que de noite não conseguiam pensar em mais nada para fazer no dia seguinte. Então foram dormir.

Na manhã seguinte, após o café, as duas foram até a pracinha do bairro para Vivi apresentar as outras crianças a sua melhor amiga. Vivi sempre foi a mais espontânea e extrovertida da dupla, fazia amizades como respirava, mas melhor amiga ela só tinha uma, e era Jasmine.

Aproveitaram para pedir ajuda para decidir o que poderiam fazer para se divertirem, mas ninguém tinha alguma ideia que elas achassem boa. Até que um menino arteiro, de cabeça pra baixo no galho de uma árvore, deu a ideia de Vivi levar a amiga para conhecer um lugar que diziam ser assombrado. Vivi, aventureira que era, adorou a ideia, mas as outras crianças se negaram a ir junto. Então, ela arrastou a amiga medrosa para o lugar sugerido pelo menino.

O tal lugar era um prédio de tijolos feito para abrigar vestiário e banheiros do campinho de futebol do bairro, mas que ninguém usava por causa do boato de que era assombrado pelo fantasma de uma menina que foi assassinada lá, por um dos envolvidos na construção, logo que essa foi terminada.

A subida para o campinho era longa, de grama alta, verdinha e cheirosa. Vivi ia na frente, cheia de energia, contando a história que haviam lhe contado logo que se mudou.

Jasmine, por sua vez, estava cansada e com dificuldade para respirar, por não estar acostumada com subidas assim na cidade grande.

Estavam quase chegando no alto da subida e já dava para ver o prédio de tijolos, sem reboco nas paredes, bem simples. Jasmine, conhecida por ser medrosa quando o assunto era o sobrenatural, já sentia seu coração quase saindo sozinho do corpo e fugindo para longe dali, de tanto que batia. Uma sensação ruim, um arrepio pelo corpo todo, como uma onda de eletricidade a alertava para sair dali. Mas Vivi não sentia nada daquilo, ela era a corajosa, e queria espiar o que tinha lá dentro. Conversaram e decidiram que Jasmine esperaria ali, e Vivi iria explorar o prédio.

Vivi foi em frente, perguntando se havia alguém ali, batendo nas portas, tentando espiar pelas janelas, mas não conseguia ver e nem ouvir nada lá de dentro. Então decidiu tentar a porta do outro lado, e sinalizou isso para sua amiga.

Jasmine ficava cada segundo mais ansiosa, seu corpo todo dando sinais para que ela saísse dali o mais rápido possível, mas sua amiga não voltava, e parecia fazer uma eternidade.

De repente um estrondo, e um grito feminino em sequência. Vivi arrombara a porta do outro lado. Mas e o grito?

Jasmine quase nem se dá conta de que está descendo a ladeira correndo o mais rápido que já havia corrido na vida, não fosse a menina correndo ao seu lado, olhando para ela, com a cabeça virada para ela, sorrindo, ensanguentada e com um olhar assustador. Essa menina não era Vivi, e ela não estava viva, disso Jasmine tinha certeza.

A Menina Correndo ao Seu LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora