A jóia

                         

  Em uma terra imaculada a enormes temperaturas e pressões são formados nos reinos de rochedos às lindas e perfeitas pedras, do colar de um, dos brincos de outra, enfim da luxúria somado a volúpia , mas para isso o abuso violento e extrator, que difama toda uma região atrás de uma das maiores maravilhas da natureza; o homem não ajuíza esforços para acometer e cavar enormes jazidas atrás "de seus tesouros" , esse com sua ferramenta na mão a tilintar e lapidar as crostas do nosso mundo a anos sem o pingo de reflexão, pingo esse a que cai nas pedreiras , o suor de subordinados que carregam nas mãos, mais feridas que nas pedras  onde o mesmo bate sem parar e na mente mais ruptura do que nos sedimentos a trincar.
       Numa região afastada aonde o que se escuta seja só o doce som da fauna e flora unidas , e seus ornamentos de flores lindas e vibrantes da primavera... Ah, o homem chegou! . Nesse local encontra-se um ótimo lugar para escavação , tão bom que se criou uma cidadezinha em volta de uma enorme gruta, essa que havia  ouro, diamante e  algumas opalas, na qual rendia muito dinheiro aos grandes homens  de terno que falavam chique , mas sempre desrespeitosos e ofendia como animais de carga seus empregados... por muito tem cavado esta gruta que vertia milhões, mas derrepente um mineiro avido estrala sua arma sobre uma parede e pronto, liberada uma luminescência que sega os operários ali presentes, um show de luzes, parecia incansável de tanto brilho, um dos trabalhadores chamaram os "terninhos", a dar uma olhada na grande pedra essa filosofal de tanto poder emanado, cobria os homens de fascínio, - esplêndida, disseram. Claro rolou brigas entre os seres, pois ali se diziam ter com ela primeiro , com muito custo  a luz da pedra cessou , o majestoso arrebol já havia desintegrado no vale próximo a cidade, Portanto conseguiam olhar diretamente agora para tal pedra, arrepiaram era de mais... Muitos ficaram loucos com o seixo , outros cogitaram a suicídio , um brilho nostálgico retumbava  na pequena cidade por enquanto... O reflexo da fraga  transcendia no grande buraco, muitos homens fingiam dormir ao retornar para suas casas , mas esses não conseguiam fechar os olhos  , esperando os atos de gatunos que primeiro iram adentrar a cova atrás do brilhante, e foi dito e feito, o primeiro fora um senhor  que trabalhava para a companhia, pagava a pensão de vários filhos que tivera mundo a fora necessitando foi até a gaveta se armou e abriu a porta como se fosse a luta final contra um chefão de vídeo game...lógico que não era o único , logo a multidão se pronta  rumo ao buraco e desciam e desciam, era lua cheia lá não batia sua linda luz , mas as pessoas sentiam um poder maior vindo do fundo da caverna, chegavam a ranger os dentes... Muitos se mataram ali naquele fatídico dia , no mais alguns vitoriosos foram ter de encontro a seu destino, batendo com suas picaretas iguais a foice da morte que cortava o final da noite, arrancaram para si uma lasca , pois era forte de mais, inexplicável , era impossível ficar no local e ainda mais pela chacina que houve ali. Os "terninhos" saíram da cidade e mudaram de nome e de tudo para dizer não ter envolvimento com tal ação, esses foram para cada lado com seus pedacinhos no bolso.
   A notícia se espalhou e logo começaram a ir mais gente a cidadezinha, eram carros de entrevista, eram aviões do exército tentando controlar as multidões, os homens que conseguiram hoje já tinham riqueza suficiente para dominar países, outros entraram em declínio e não sabiam o porque, e os restantes suicidaram ou doaram o que tinham numa tentativa de apagar os erros cometidos... Estranho. Voltando para o buraco, pessoas se descobriam lá dentro era coisa de louco , muitos chegavam até descobrir o verdadeiro amor só de ficar defronte a peça, outros rasgavam a própria carne as unhas e ninguém fazia nada, diziam ser os ossos do ofício por ficar cara a cara com a maior divindade que a humanidade já viu era de se arrepiar, emocionar e talvez doentio demais...
     Criou várias facções e leis das altas sociedades, uns querendo maiores porcentagens do objeto em questão, alguns queriam a destruição do mesmo, o que era sensato a partir da situação que se encontrava o mundo, não era só um rio de benefícios, mas um mar de podridão, a maldita pedra era demasiada reveladora e brilhante a ponto de causar a cegueira irreversível, a pouco escutam as verdades...
     Passaram se anos e a partir de guerras e brigas, as pessoas que tinham nada haver sofriam por igual ou  mais já que havia dores antes e tudo pelas negligências dos homens e suas roupas engomadas, ao fim de uma década só encontravam-se nômades, pois casas não havia mais, nem parques, nem prostíbulos, nem shopping , nem drogas... Rumo a cidade , um homem raquítico com as pernas enfaixadas, mancava muito, encontrou ao acaso a cidade onde tudo começou, esse por curiosidade quis ver a tão famosa pedra que levou o mundo as trevas nunca vistas, desceu as escadas pegou o lampião e caminhou na escuridão da caverna, já nem via se o brilho tão esplendoroso da jóia, com muita fome o homem já cambaleava e suas pernas nada ajudavam e caiu, abaixo da pedra ele arranhou a parede rumo a ela e segurou a bem forte , nisso sentiu o líquido rubro escorrer pelo braço sentiu que era fina de mais e plana de mais, olhou já meio perturbado e se deparou com o que não se esperava , um espelho...essa era a fabulosa um mísero espelho , que tanto reluzia, esse nada disse, usou as últimas forças e se sentou frente a parede da gruta e se calou para sempre. Ela não é nada mais do que um espelho de uma toupeira vaidosa.