2 - Memórias

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Sempre fui uma pessoa não sociável.
Já tive amizades, mas depois que me mudei para Denver, tudo pareceu mais difícil.

Os únicos amigos que fiz de verdade por aqui, sem ser a Emma e os amigos dela, foram:
Galadriel, Nicholas e Caleb.

Eles são pessoas bacanas, inseparáveis e as vezes estranhos, apesar de sempre me sentir distante deles.

Passamos um bom tempo conversando na hora do intervalo sobre animes e sobre a marvel ser melhor do que a DC. Sempre gostei da marvel como também gosto da DC, então por mim tanto faz.

Meu pai gostava bastante de histórias em quadrinhos e lia para mim antes de eu dormir. Aliás, antes de abandonar a gente.

Ele e minha mãe tiveram uma grande história de amor, tipo aqueles de filmes. Eles se conheceram na adolescência e depois de 5 anos minha mãe engravidou de mim.

Moramos com meu pai até eu fazer 7 anos! Eles discutiam todas as noites e no dia seguinte, eles agiam como se nada tivesse acontecido.

Minha mãe desconfiava que ele a traia, e sempre desabafava com a tia Kate. Não é atoa que hoje, ele tem outra família.

Não sinto raiva do meu pai, mas também não falamos com ele. Ele antes me mandava quadrinhos da marvel e da DC, me ligava por video chamada quando queria e me mandava cartões de aniversário e as vezes no natal. Só que ele esqueceu de mim totalmente.

Minha mãe detestava isso tudo! detestava o fato dele ter nos abandonado e do nada aparecer para me dar quadrinhos.

Ela dizia que eu já cresci, dizia que o fato é que ele não saberia o que eu gosto porque não mora comigo. Aliás (eu amava tudo que ele me dava), mas finjo não dá a mínima, só para concordar com minha mãe.

Depois que meu pai foi embora, eu me sentia uma criança vazia. Eu ia no quarto da minha mãe á noite, via ela chorando vendo filmes de traição e assistindo séries dramáticas.

Não que isso desse um empurrão para eu cair de braços abertos a uma tristeza profunda, mas afirmo que foi um dos motivos.

Quando somos crianças, os problemas dos nossos pais acabam sendo o nosso. Tudo aquilo acabou me afetando em todas as formas!

Tirei notas ruins na escola, me afastei dos meus amigos, passava o dia todo jogando minecraft e jogos online com meu amigo virtual Gord69.
(Eu nunca vi o rosto dele até hoje mas ficamos tempos em call, conversando sobre jogos e animes.)

Aos 12 anos eu comecei a sentir atração por garotos!
Cheguei a namorar 4 da minha escola, mas eles nunca souberam.

Primeiro era o Johnny Cahill
Ele era o garoto mais popular da escola, um garoto estiloso e todas as garotas gostavam dele.
Segundo era o Theo Martin
Ná epoca ele era gordo, tímido e fofo, a gente chegou a se encarar por um tempo, mas acho que era apenas coisa da minha cabeça.
Ele é gay também, cheguei a visitar o Instagram dele, nada além de fotos com o namorado e de como é bom morar sozinho aos 17.
Terceiro era o Benny Johnson:
Ele era o típico do garoto hetero e legal, eu gostava bastante de ve-lo jogar basquete com os garotos, enquanto eu desenhava.
Último era o Scott Walker
Ele era o nerd da turma, todos zoava o coitado, mas hoje em dia é um maior gato. Eu conversava com ele, sobre qual era o melhor dragão para se fundir no dragão city.

Falando nisso, foi estranho do modo que minha mãe descobriu que sou gay. (Sim, ela descobriu).
E foi neste ano, na minha primeira parada LGBT com Emma.
Nunca vi tanta gente diferente, tanta cor e tanta gente se beijando.

No começo foi estranho e desconfortável para mim. Pessoas passando a mão pelo meu corpo e me puxando, mas tirando isto foi até que legal. Mas ficou ainda melhor, quando Emma desenrolou o amigo dela Eric para mim. e no fim, dei meu primeiro beijo gay.

Eric apesar de ser maior de idade (4 anos mais velho que eu), é uma pessoa bacana e compreensiva.

Acho estranho o significado das tatuagens dele, mas acho sexy o jeito dele de falar e andar.
Ele tem um sorriso lindo e um piercing na sobrancelha, mas o que eu amo mesmo são os curtos-dreads dele.

Na hora de irmos embora, Eric se ofereceu para me levar em casa.
Quando estávamos na porta de minha casa, eric me puxou e me beijou, na mesma hora que minha mãe abriu a porta, Eu gelei.
Vi videos no youtube de como as pessoas se assumem para seus pais que são LGBT, era cada vídeo assustador.

- Ah-h, você chegou...vê se não.. demore, tá bem? - Minha mãe diz gaguejando, enquanto seus olhos estão mais abertos do que de uma coruja.

Depois de me despedir de Eric, eu e minha mãe tivemos uma conversa saudável, que eu nunca imaginária termos.

Todo aquele medo que tive assistindo aqueles vídeos e lendo as thread do twitter, foi algo que criei na minha cabeça. Alí, pude ter uma percepção ruim sobre minha mãe.
Pois agora estamos bem!
Sem mentiras, sem nenhuma barreira, construímos uma boa relação entre mãe e filho.

E Quando Eu Partir?Onde histórias criam vida. Descubra agora