Capítulo 02

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Duas semanas depois...

Manuela apressou os passos, olhando constantemente para os lados, a falta de movimento nas ruas a deixava aflita. Conferiu mais uma vez o relógio no pulso, e viu que já se passavam das 11 horas da noite, e ela precisava urgentemente buscar Clara na casa da babá.

Ela tinha se atrasado muito, uma das funcionárias da lanchonete passara mal, então seu dia se tornou um inferno, ela teve que dar conta do trabalho de duas pessoas, e o cansaço era extremo. Para completar a situação, precisou esperar o último horário de funcionamento para trancar a loja. Tentou ligar para avisar do atraso, mas a bateria do celular acabou no meio da discagem..

O lugar em que estava, onde Dona Emília morava, era perigoso, inclusive mais perigoso do que o lugar onde ela vivia, ela já ouviu falar que ali era o ponto central do tráfico de drogas da região, e os moradores tinham que viver segundo às regras da facção, em troca de uma vida tranquila.

As coisas ilegais que aconteciam ali eram seu meu maior medo, ela sabia que existia um toque de recolher às 10 horas, e praticamente ninguém saia para as ruas depois desse horário, os únicos que estavam em circulação ela tinha certeza que não era ninguém, que ela gostaria de encontrar na madrugada.

Mergulhada em seus pensamentos, ela se assustou quando ouviu um carro cantando pneu no início da ladeira. O instinto fez suas pernas se moverem e a sua primeira reação foi se enfiar no estreito e escuro vão que existia entre duas casas, dali ela pode observar quando um Sedan preto freou a poucos metros dela e de dentro saltaram duas figuras encapuzadas. Seus olhos se arregalaram quando percebeu as armas nas mãos, e seu estômago deu um nó quando um dos indivíduos abriu a parte traseira e de dentro arrastou o que parecia ser um corpo para a calçada.

Enquanto ele fechava o porta-malas, outro veículo se aproximou, subindo também com os faróis apagados e de dentro surgiram mais três homens armados. Imediatamente um dos recém-chegados agarrou os tornozelos do que agora ela tinha certeza que era uma pessoa, enquanto o indivíduo anterior a carregava pelos braços, os dois entraram na pequena viela à frente, assistidos de perto por mais um sujeito, que Manuela percebeu, fazia o papel de escolta. Os dois que sobraram demoraram alguns segundos vigiando o local, antes de entrarem nos veículos e voltar pela mesma direção que vieram.

Toda a ação foi extremamente rápida, tão bem orquestrada que ela não teve tempo de raciocinar o que estava vendo. Ficou por um tempo quieta, paralisada pelo medo, sem saber o que fazer. Tentando o máximo convencer seus músculos a funcionarem novamente. Alguns minutos após os carros desaparecerem pelas ruas abaixo, ela desatou em uma corrida desesperada, e em menos de 3 minutos batia palmas no portão de Dona Emília.

A senhorinha, alheia aos acontecimentos recentes, desceu os dois lances de escada lentamente.

— Manu, que bom que você chegou. Eu estava tão preocupada - comentou, destrancando o portão.

— Desculpa Dona Emília, fiquei presa na lanchonete e meu celular acabou a bateria, não consegui te avisar. - explicou a garota, afobada, observando ao redor.

— Tudo bem menina? Você 'tá' pálida, parece que viu uma alma penada - a Senhora se preocupou, quando percebeu o estado de Manuela.

— O pior é que eu acredito que vi mesmo, Dona Emília.

— Menina, o que aconteceu? Entra logo, vou te dar um copo de água.

Ela não se fez de rogada, entrou rapidamente enquanto Dona Emília trancava o portão. Ao chegar no topo da escada aguardou ao lado da porta, a televisão da sala estava ligada e do marco de entrada ela pode enxergar Clara adormecida no sofá.

Minha salvaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora