Haviam se passado 3 meses desde a última vez que Manuela ouviu alguma notícia sobre o caso do sequestro. Ela passou um tempo, assustada, após ver a mídia divulgar diariamente sobre uma denúncia, que possibilitou à polícia localizar, e estourar o cativeiro onde a delegada estava aprisionada.
Teve medo, receosa de ser descoberta, mas ao longo dos dias não surgiu mais nenhuma informação nova, e com a consciência tranquila após ter feito o que deveria, ela deixou a preocupação de lado.
Foi por esse motivo, que quando bateram em sua porta naquele dia, três meses depois, ela abriu inocentemente, sem desconfiar do perigo que estava correndo. Havia acabado de chegar do trabalho, e colocado a filha na banheira, quando ouviu as batidas. Ela deixou a criança brincando (mordendo) um brinquedinho de borracha, enquanto foi atender.
Secando as mãos em uma toalha, ela encostou a porta do pequeno banheiro.
Quando abriu a porta da sala, ela se deparou com três figuras mascaradas.
Seu coração disparou e em um reflexo automático tentou fechá-la, mas não foi rápida o suficiente e um deles enfiou o braço no vão. Ela se agarrou firmemente à madeira tentando impedir que eles entrassem, mas não conseguiu resistir muito tempo.
Com um empurrão forte ela cambaleou para trás, mas não chegou a cair no chão, pois uma mão se fechou em em cabelos e ela foi arrastada para fora. Ela lutou bravamente, levando as mãos à cabeça tentando soltar os dedos do agressor, mas não teve sucesso. Aqueles dedos se prendiam como garras em seus fios.
O homem muito mais corpulento que ela, a jogou fortemente contra a parede do corredor, quando ela gritou na esperança de obter algum socorro. Suas mãos enormes se fecharam em torno do seu pescoço, e enquanto se debatia Manuela percebeu que os outros invadiram seu apartamento. Em um ímpeto de desespero, pensando na filha trancada no banheiro, e sentindo o oxigênio deixar seu corpo, ela levantou as mãos e agarrou o rosto mascarado, enfiando fortemente os polegares em seus olhos.
O homem a soltou, levando as mãos ao rosto, se retraindo em dor.
— Sua puta! - ele gritou, enquanto ela escorregava da parede, ofegante por ar.
Ele logo se recuperou, e se aproximou novamente, desferindo o primeiro golpe. Depois disso, vieram uma sucessão de agressões, de socos e pontapés. Ela se encolheu deitada em posição fetal, tentando proteger cabela com os braços o melhor possível. Ali ela percebeu que não tinha mais o que fazer, e foi agredida covardemente.
O homem só parou, quando seus comparsas voltaram do apartamento, apressando-o para que fugissem.
Ela não sabia quanto tempo tinha se passado depois que eles foram embora, deixando-a caída no corredor. Ela acreditou ter desmaiado, já que sentiu a escuridão nublando sua mente. Nesse intervalo, aparentemente não havia saído ninguém dos outros apartamentos, e ela sabia que dali não receberia ajuda.
Engatinhando conseguiu voltar para dentro de casa, e se arrastou no chão entre a confusão de objetos jogados e roupas espalhadas.
Manuela só tinha um pensamento, o de encontrar sua filha. O silêncio reinava pelo ambiente, e ela viu que a porta do banheiro continuou fechada, como ela havia deixado. Se escorando em um dos móveis revirados, conseguiu se levantar gradualmente, e devagar se aproximou. Abrindo a porta, sentiu as lágrimas descerem de alívio, ao encontrar Clara inocentemente brincando na água fria da banheira, a menina olhou para ela e sorriu, alheia aos acontecimentos.
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Manuela segurou firmemente Clara em seu colo, quando sentiou um bracinho segurar em torno do seu pescoço. Ela caminhou tão rápido que mal teve tempo para respirar, e se sentiu tão entorpecida, que lhe pareceu que suas pernas trilharam sozinhas o pequeno caminho entre o táxi e a entrada da delegacia.
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Minha salvação
RomanceManuela Menezes é uma jovem mãe, forçada desde o início da gravidez a lidar sozinha com todas as adversidades da vida. Ela se sente perdida ao testemunhar um sequestro, e após fazer uma denúncia, teme pela sua vida, ao ter sua segurança e de sua fil...