Capítulo 06

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Manuela sentiu algo cutucar levemente seu ombro, ouvindo vagamente alguém a chamar, a voz soava distante e confusa demais para sua mente sonolenta.

Passaram-se alguns segundos até a jovem conseguir abrir os olhos pesados de sono, e prestar atenção no que acontecia ao seu redor. A primeira visão que teve, foi de uma pessoa inclinada sobre ela:

— Desculpa te acordar assim, sei que você está muito cansada, mas o enfermeiro avisou que o médico está vindo com os exames - Rafaela a avisou, já se endireitando e devolvendo seu espaço pessoal.

— Tudo bem - sua voz saiu rouca de sono.

Ela coçou os olhos preguiçosamente, e passou as mãos na cabeça, sentindo os dedos enroscarem nos nós do cabelo. Seu alívio foi grande quando fez um esforço para se sentar na cama, e não sentiu dores tão fortes como antes.

— Como você está?

— Me sinto muito melhor, o remédio é bom mesmo. Onde está minha filha? - perguntou ao varrer os olhos pelo quarto e notar a ausência da pequena.

— Do lado de fora com Daniel, ele chegou agora a pouco e eu preferi deixar ela com ele. Tem problema?

— Nenhum se você confia nele - disse, mas em seguida perdeu um pouco de fé na própria afirmação, quando lembrou que o rapaz poderia ser bastante imprevisível e violento, ela mesma testemunhara isso.

— Confio nele com a minha própria vida.

— Então ok.

— É que ela é tão pequena, não quis ficar entrando com ela no quarto, só Deus sabe as contaminações que tem nesse lugar, já basta o corredor - Rafaela a olhou meio encabulada. — Não sei se estou sendo paranóica.

— Você está certa, pronto-socorro não é lugar para criança ficar passeando, e ela nem tomou todas as vacinas ainda.

Ambas ouviram dois toques na porta antes que ela se abrisse, revelando o médico que havia a atendido anteriormente.

— Manuela?

— Sim?

— Tenho o resultado dos seus exames - ele se aproximou da cama rompendo o lacre do envelope branco. De dentro ele tirou alguns papéis e uma chapa de raio-x.

— Como se sente? - ele perguntou para ela, enquanto passou os olhos rapidamente pelas páginas, denunciando a quantidade de experiência acumulada que os anos de profissão o possibilitaram.

— Me sinto bem melhor Doutor.

— Ótimo - ele murmurou, e levantou os olhos para ela com uma expressão séria. — Seus exames não mostram nada grave. - ela respirou fundo, e sentiu parte da tensão abandonar seu corpo. — Eu estive em alerta quando a senhorita descreveu forte dor de cabeça, pois não é incomum vítimas de sufocamento apresentarem lesões cerebrais pela privação de oxigênio, mas por enquanto esse não é seu caso.

Ele pausou para a analisar, seus olhos treinados se movendo para Rafaela, e se arregalando levemente em reconhecimento ao ler o "delegada" escrito no distintivo pendurado no pescoço da mulher.

— A Senhora é ?

— Rafaela Monteiro, delegada responsável pelo caso - respondeu, estendendo a mão para cumprimentá-lo.

— Bom vê-la aqui delegada, já emiti um alerta, e o hospital enviará os laudos em algumas horas para vocês, chegará como sempre pelo e-mail da central.

— Agradeço.

— Confesso que estou um pouco assustado pela garota, já que não é todo dia que encontro uma delegada fazendo escolta - ele conseguiu arrancar um leve sorriso da mulher.

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