ʀᴇᴄᴀɴᴛᴏ ᴅᴀꜱ ʀᴀᴘᴏꜱᴀꜱ

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DIA 1

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DIA 1.859, tarde

Continuo a enrolar a fita do vestido em meu dedo, rindo enquanto caminho pela cidade com Tara e Judith, tentando fingir que todas essas pessoas não estão olhando para mim. Já chegou a um momento que não sei se é por quem eu sou ou pelo cabelo ruivo que chama muita atenção. Vou arriscar na segunda opção, fingindo que é isso e nada mais. Por onde passamos há olhares, cochichos. Não gosto nada disso, pois só faz com que eu me sinta mais esquisita, deslocada, confusa. É demais!

Enquanto andamos e Tara fala sobre todos os pontos dessa cidade – que eu planejei – tento avistar Sophia, mas não há sinal dela. Não sei se está chateada comigo pelo que aconteceu e gostaria de poder conversar com ela sobre isso... sobre o que tudo isso é.

— Sabe — Tara fala animada, de repente, ganhando minha atenção — seu pai ativou a circulação de dinheiro pela cidade — ela ri e balança a cabeça — ajuda a manter a ordem, sabia?

— É mesmo?

— Sim e faz com que as coisas pareçam...

— Normais — completo, rindo dela — eu escrevi isso. Ele usou em um discurso?

— Talvez — sussurra, voltando a rir. — Às vezes esquecemos que esse lugar foi ideia e iniciação de uma garota tão nova.

Balanço a cabeça apenas, afinal, não há nada o que eu possa falar. Não fiz nada de grandioso para ser reconhecida dessa forma. Ter uma ideia é fácil, o trabalho de verdade é colocar a ideia em ação. E eu não fiz nada disso. Não fiz e nem faço parte dessas maluquices.

Solto a fita do vestido quando entramos em uma loja, na verdade, um pequeno café. Dentro há pessoas sentadas em pequenas mesas redondas, rindo e conversando sobre coisas banais, como se o mundo lá fora não existisse. Isso me incomoda de cara, mas me faz lembrar que para essas pessoas, o mundo lá fora nem deve existir. Quando paramos em frente ao balcão, Tara pede dois cafés para a mulher atrás e eu apenas encaro, rindo.

Café. É o fim do mundo, mas ainda assim conseguiram refazer a produção de café. É isso que chamo de utopia. Certamente essas pessoas não sabem nada sobre como é lá fora, presas aqui dentro com seus cafés e coisas banais. Que ridículo. Parece que o mundo nunca parou para eles, como parou para quem está todos os dias lutando para sobreviver, se submetendo a coisas terríveis.

— Café? — Tara me estende um pequeno copo descartável, isso ainda me faz rir, mas aceito.

— Nunca gostei muito de café, mas o cheiro parece bom.

— É o melhor café do mundo, posso garantir.

— E provavelmente o único — pontuo, ignorando os olhares de desgostos ao nossa volta, das pessoas que ouvem nossa conversa como fedelhos intrometidos.

— Então, você é nova na cidade? — A mulher atrás do balcão pergunta, sorrindo de forma um pouco cínica.

— Não seja boba — Judith fala rindo enquanto se pendura no balcão — é a cidade dela. Minha irmã está em casa. A raposa voltou...

Survive For You - Daryl DixonOnde histórias criam vida. Descubra agora