Capitulo 11

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Entro no elevador do meu apartamento e olho no relógio, ainda tenho uma hora para chegar na casa dos meus pais, não sei como eu consigo me atrasar fazendo nada, acho que é um dom. Eu sempre estou adiantada para meus compromissos, mas em algum momento eu me perco e quando vejo estou super atrasada.
As portas do elevador se abrem depois do apito e vejo uma sombra gigante na porta do meu apartamento, reviro os olhos, é aquele ditado né: você dá a pepeca e eles querem até a alma. Talvez, o ditado seja "você dá a mão e eles querem o braço", mas é só uma pequena possibilidade.
-O que você faz aqui, Pietro? Quer dizer, como conseguiu entrar? - ele sorri e me dá espaço para abrir a porta.
-Boa noite, tesoro, estou bem sim obrigado. Ah como eu consegui entrar? Seu porteiro entende quando um pobre homem quer fazer uma surpresa para o amor da sua vida. - o sorriso fica mais largo ainda.
-O amor da sua vida mora nesse prédio? Que legal, um dia me apresente a ela, adoraria conhecê-la. - entro em casa seguida por ele, e o traidor do meu cachorro corre para seus pés em busca de carinho. - Oi para você também, falso. Mais falso que as coisas da 25 de março. - resmungo.
-O que disse? - ele desvia o olhar do Bidu.
-O que você faz aqui? Tenho um compromisso não to podendo te ceder alguns minutos para você apreciar minha beleza.
-Não mereço nem um beijinho? - ele circula meu corpinho com aqueles tentáculos maravilhosos e firmes.
-Não. Começa com um beijinho, dai quando vamos ver estamos nús e suados e eu atrasada com minha mãe querendo arrancar meu fígado e o coitadinho ainda tem umas bebidas para digerir. - ele ri e aproxima os lábios dos meus, golpe baixo, não tem como resistir a essa boca carnuda no alcance da minha boquinha.
Mas como Deus é bom e nos livra de todo mal, amém, minha companhia tocou e eu me afastei dele rapidamente.
-Está esperando alguém? - ele pergunta com o cenho franzido.
-Não estava, mas aqui está você né. - abro a porta e me arrependo imediatamente, acho que não era Deus me livrando da tentação, mas o demo querendo me ferrar, e ferrar bonito. - Lucas, o que você está....
-Não vai me dar parabéns? Você já foi uma... - ele para assim que passa por mim e vê Pietro na sala.
-Boa noite. -
-Lia Oliveira Carter, por que tem um homem na sua sala? - meu irmão pergunta sem desviar o olhar do italiano que assumiu uma postura ameaçadora.
-PARABÉNS! - abraço ele apertado - Muitos anos de vida, que Deus te abençoe e te ilumine...
-Você não vai conseguir se livrar. - pigarreio e olho para os dois homens.
-Bom, Pietro esse é meu irmão Lucas, Lucas esse é Pietro...meu...
-Namorado. - Pietro diz e estende a mão para Lucas, arregalo os olhos pela audácia.
-Você é o responsável pelo chupão, não gostamos nada de ver nossa princesinha marcada. - puta merda, faz anos que ninguém além do meu pai me chama assim, o alerta em letras garrafais escrito "Miga, estamos passando vergonha" soa na minha cabeça.
-Me desculpe, mas tenho certeza que você entende que as vezes é inevitável. - engasgo com o olhar malicioso que Pietro me lança.
-Conversa desnecessário, vamos mudar de tópico, o que você está fazendo aqui, Lucas?
-Mamãe além de esquecer meu aniversário, me mandou para cá ajudar você já que o Ricardo está super ocupado. - o segundo alerta soa em minha cabeça "mamãe está aprontando, repito, mamãe está aprontando". E como um sinal de aviso de que a noite ia ser longa, a campainha toca novamente.
-Puta merda, ela não fez isso. - caminho até a porta e a abro sendo recebida por um coral cantando parabéns para você que invade meu apartamento.
Enquanto fecho a porta percebo que meu pai e Ricardo pararam de cantar, e que minha mãe começou a cantar mais animadamente, Jesus, só me faça passar por essa provação viva, e que Pietro saíssem nenhum arranhão.
-É PIQUE É PIQUE É PIQUE PIQUE PIQUE É HORA É HORA HORA HORA RATIMBUM LUCAS LUCAS LUCAS!  EEEEEEEEEE! - me viro lentamente e vejo meu pai, Ricardo e Pietro se encarando, Lucas estava sendo esmagado por minha mãe.
-Vou ter que pagar multa por barulho. - solto indo em direção as crianças que brincavam com Bidu.
-Filha, eu acho que alguém invadiu seu apartamento. - a voz do meu pai sai calma, escuto a risada da minha mãe e as minhas cunhadas segurarem o riso.
-Não seja besta homem, esse deve ser o Pietro Gostosão, eu sou Andréia Carter, mãe da Lia. - ela o abraça e depois se afasta colocando a mão no rosto dele.
-Pietro Gostosão? - ele pergunta sorrindo.
-Ah, foi assim que a Lia te chamou, e realmente não tem como dizer ao contrário. - engasgo pela cara de pau dela ao mesmo tempo que meu pai e irmãos protestam.
-Se duas mulheres lindas dizem isso, então não tem como negar certo? - ele pega a mão dela, se curva e deixa um beijo. - Pietro Di Santis ao seu dispor.
-Oh, que galanteador, venham meninos vocês não vão cumprimentá-lo? Não foi essa educação que eu dei a vocês. - vejo  Pietro se apresentar todo...grrr nem sei dizer como ele está, convencido? Alegre? Galanteador? Gostoso? Deleta essa última parte da sua mente, Lia!
-O que vocês estão fazendo aqui? A festa não ia ser na chácara? - pergunto me aproximando da rodinha.
-Ia, mas eu pensei: Por que não mudar de ambiente não é?. E como eu sabia que você ia se atrasar, viemos todos para cá. - semicerro os olhos.
-Hmmm...vou fingir que acredito.
-Não tem que acreditar ou não acreditar em nada, quis sair de casa e fazer o aniversário do seu irmão aqui, vai expulsar a gente? - ela usa do seu tom dramático.
-É claro que não, mãe, nunca expulsaria você e o papai da minha casa, os agregados eu não garanto.
-A única agregada aqui é você, que foi adotada. - Lucas diz.
-Engraçada né, que a única que a mamãe tem foto da gravidez sou eu. - jogo meus cabelos para trás.
-Foi na intenção de você nunca desconfiar. - Ricardo fala e sorri daquela forma ridícula e irritante que só irmãos conseguem.
-Babacas. Eu tenho que ligar para a pizzaria? - me viro para meu pai.
-Claro que não! Eu fiz a pizza, pizza que mia madre me ensinou quando era uma piccolo.
-Então faz muito tempo né pai, porque você era pequeno o que no século passado? - Lucas provoca.
-Vem aqui que eu te mostro o século passado, imbecil.
-Me desculpe querido, eles infelizmente saíram igualzinhos ao pai, mal educados e grosseiros, verdadeiros ogros. - minha mãe diz para Pietro que sorri.
-Não tem problema, acho que minha família é pior.
-Você tem um sotaquezinho bonito.
-Ele é italiano, mãe. - vejo o olhar de interesse do meu pai pela primeira vez.
-Da onde?
-Sicília, mais especificamente da Catânia.
-Nossa família é de Florença na Toscana, Lia te contou que nossa família é de lá? - meu pai vai em direção a cozinha e minha mãe puxa Pietro para ir atrás.
-Ela não comentou, sabia que falava italiano, perfeitamente diga-se de passagem.
A noite transcorreu com Pietro e minha mãe sentados na mesa, meus irmãos e cunhadas na bancada, as crianças com Bidu na sala e eu e meu pai fazendo as pizzas, todos conversavam e riam, meus irmãos acabaram numa conversa animada com o italiano.
Olhando a noite em família na minha frente eu lembrei da regra número 4: Nunca deixe a sua família conhecer um simples caso.
E olhando a cena na minha frente e pensando na regra número 4 enquanto tomava uma taça de vinho e fingia que escutava minha mãe, eu cheguei a uma conclusão um tanto perturbadora, eu já não tinha mais certeza se queria o Pietro como um simples caso. E isso não podia acontecer, não enquanto eu não estivesse bem longe da ConstriMiller, não enquanto eu morasse em um apartamento que não era recomendado para o crescimento do meu cachorro, não enquanto eu não estivesse em um lugar que minha carreira se tornasse sólida e que eu estivesse de bem com todos.
Mas nós não mandamos nos problemas cardíacos que nos aparece.

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