Entro no elevador do meu apartamento e olho no relógio, ainda tenho uma hora para chegar na casa dos meus pais, não sei como eu consigo me atrasar fazendo nada, acho que é um dom. Eu sempre estou adiantada para meus compromissos, mas em algum momento eu me perco e quando vejo estou super atrasada.
As portas do elevador se abrem depois do apito e vejo uma sombra gigante na porta do meu apartamento, reviro os olhos, é aquele ditado né: você dá a pepeca e eles querem até a alma. Talvez, o ditado seja "você dá a mão e eles querem o braço", mas é só uma pequena possibilidade.
-O que você faz aqui, Pietro? Quer dizer, como conseguiu entrar? - ele sorri e me dá espaço para abrir a porta.
-Boa noite, tesoro, estou bem sim obrigado. Ah como eu consegui entrar? Seu porteiro entende quando um pobre homem quer fazer uma surpresa para o amor da sua vida. - o sorriso fica mais largo ainda.
-O amor da sua vida mora nesse prédio? Que legal, um dia me apresente a ela, adoraria conhecê-la. - entro em casa seguida por ele, e o traidor do meu cachorro corre para seus pés em busca de carinho. - Oi para você também, falso. Mais falso que as coisas da 25 de março. - resmungo.
-O que disse? - ele desvia o olhar do Bidu.
-O que você faz aqui? Tenho um compromisso não to podendo te ceder alguns minutos para você apreciar minha beleza.
-Não mereço nem um beijinho? - ele circula meu corpinho com aqueles tentáculos maravilhosos e firmes.
-Não. Começa com um beijinho, dai quando vamos ver estamos nús e suados e eu atrasada com minha mãe querendo arrancar meu fígado e o coitadinho ainda tem umas bebidas para digerir. - ele ri e aproxima os lábios dos meus, golpe baixo, não tem como resistir a essa boca carnuda no alcance da minha boquinha.
Mas como Deus é bom e nos livra de todo mal, amém, minha companhia tocou e eu me afastei dele rapidamente.
-Está esperando alguém? - ele pergunta com o cenho franzido.
-Não estava, mas aqui está você né. - abro a porta e me arrependo imediatamente, acho que não era Deus me livrando da tentação, mas o demo querendo me ferrar, e ferrar bonito. - Lucas, o que você está....
-Não vai me dar parabéns? Você já foi uma... - ele para assim que passa por mim e vê Pietro na sala.
-Boa noite. -
-Lia Oliveira Carter, por que tem um homem na sua sala? - meu irmão pergunta sem desviar o olhar do italiano que assumiu uma postura ameaçadora.
-PARABÉNS! - abraço ele apertado - Muitos anos de vida, que Deus te abençoe e te ilumine...
-Você não vai conseguir se livrar. - pigarreio e olho para os dois homens.
-Bom, Pietro esse é meu irmão Lucas, Lucas esse é Pietro...meu...
-Namorado. - Pietro diz e estende a mão para Lucas, arregalo os olhos pela audácia.
-Você é o responsável pelo chupão, não gostamos nada de ver nossa princesinha marcada. - puta merda, faz anos que ninguém além do meu pai me chama assim, o alerta em letras garrafais escrito "Miga, estamos passando vergonha" soa na minha cabeça.
-Me desculpe, mas tenho certeza que você entende que as vezes é inevitável. - engasgo com o olhar malicioso que Pietro me lança.
-Conversa desnecessário, vamos mudar de tópico, o que você está fazendo aqui, Lucas?
-Mamãe além de esquecer meu aniversário, me mandou para cá ajudar você já que o Ricardo está super ocupado. - o segundo alerta soa em minha cabeça "mamãe está aprontando, repito, mamãe está aprontando". E como um sinal de aviso de que a noite ia ser longa, a campainha toca novamente.
-Puta merda, ela não fez isso. - caminho até a porta e a abro sendo recebida por um coral cantando parabéns para você que invade meu apartamento.
Enquanto fecho a porta percebo que meu pai e Ricardo pararam de cantar, e que minha mãe começou a cantar mais animadamente, Jesus, só me faça passar por essa provação viva, e que Pietro saíssem nenhum arranhão.
-É PIQUE É PIQUE É PIQUE PIQUE PIQUE É HORA É HORA HORA HORA RATIMBUM LUCAS LUCAS LUCAS! EEEEEEEEEE! - me viro lentamente e vejo meu pai, Ricardo e Pietro se encarando, Lucas estava sendo esmagado por minha mãe.
-Vou ter que pagar multa por barulho. - solto indo em direção as crianças que brincavam com Bidu.
-Filha, eu acho que alguém invadiu seu apartamento. - a voz do meu pai sai calma, escuto a risada da minha mãe e as minhas cunhadas segurarem o riso.
-Não seja besta homem, esse deve ser o Pietro Gostosão, eu sou Andréia Carter, mãe da Lia. - ela o abraça e depois se afasta colocando a mão no rosto dele.
-Pietro Gostosão? - ele pergunta sorrindo.
-Ah, foi assim que a Lia te chamou, e realmente não tem como dizer ao contrário. - engasgo pela cara de pau dela ao mesmo tempo que meu pai e irmãos protestam.
-Se duas mulheres lindas dizem isso, então não tem como negar certo? - ele pega a mão dela, se curva e deixa um beijo. - Pietro Di Santis ao seu dispor.
-Oh, que galanteador, venham meninos vocês não vão cumprimentá-lo? Não foi essa educação que eu dei a vocês. - vejo Pietro se apresentar todo...grrr nem sei dizer como ele está, convencido? Alegre? Galanteador? Gostoso? Deleta essa última parte da sua mente, Lia!
-O que vocês estão fazendo aqui? A festa não ia ser na chácara? - pergunto me aproximando da rodinha.
-Ia, mas eu pensei: Por que não mudar de ambiente não é?. E como eu sabia que você ia se atrasar, viemos todos para cá. - semicerro os olhos.
-Hmmm...vou fingir que acredito.
-Não tem que acreditar ou não acreditar em nada, quis sair de casa e fazer o aniversário do seu irmão aqui, vai expulsar a gente? - ela usa do seu tom dramático.
-É claro que não, mãe, nunca expulsaria você e o papai da minha casa, os agregados eu não garanto.
-A única agregada aqui é você, que foi adotada. - Lucas diz.
-Engraçada né, que a única que a mamãe tem foto da gravidez sou eu. - jogo meus cabelos para trás.
-Foi na intenção de você nunca desconfiar. - Ricardo fala e sorri daquela forma ridícula e irritante que só irmãos conseguem.
-Babacas. Eu tenho que ligar para a pizzaria? - me viro para meu pai.
-Claro que não! Eu fiz a pizza, pizza que mia madre me ensinou quando era uma piccolo.
-Então faz muito tempo né pai, porque você era pequeno o que no século passado? - Lucas provoca.
-Vem aqui que eu te mostro o século passado, imbecil.
-Me desculpe querido, eles infelizmente saíram igualzinhos ao pai, mal educados e grosseiros, verdadeiros ogros. - minha mãe diz para Pietro que sorri.
-Não tem problema, acho que minha família é pior.
-Você tem um sotaquezinho bonito.
-Ele é italiano, mãe. - vejo o olhar de interesse do meu pai pela primeira vez.
-Da onde?
-Sicília, mais especificamente da Catânia.
-Nossa família é de Florença na Toscana, Lia te contou que nossa família é de lá? - meu pai vai em direção a cozinha e minha mãe puxa Pietro para ir atrás.
-Ela não comentou, sabia que falava italiano, perfeitamente diga-se de passagem.
A noite transcorreu com Pietro e minha mãe sentados na mesa, meus irmãos e cunhadas na bancada, as crianças com Bidu na sala e eu e meu pai fazendo as pizzas, todos conversavam e riam, meus irmãos acabaram numa conversa animada com o italiano.
Olhando a noite em família na minha frente eu lembrei da regra número 4: Nunca deixe a sua família conhecer um simples caso.
E olhando a cena na minha frente e pensando na regra número 4 enquanto tomava uma taça de vinho e fingia que escutava minha mãe, eu cheguei a uma conclusão um tanto perturbadora, eu já não tinha mais certeza se queria o Pietro como um simples caso. E isso não podia acontecer, não enquanto eu não estivesse bem longe da ConstriMiller, não enquanto eu morasse em um apartamento que não era recomendado para o crescimento do meu cachorro, não enquanto eu não estivesse em um lugar que minha carreira se tornasse sólida e que eu estivesse de bem com todos.
Mas nós não mandamos nos problemas cardíacos que nos aparece.
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Nada Além de Você
Storie d'amoreLia Carter sempre foi a menina exemplo da família, inteligente, bem sucedida, educada, seu único defeito no ponto de vista dos outros era estar acima do peso. Mal sabe eles que de perfeitinha, Lia não tem nada, a questão é que ela vive sobre regras...