(41) Quarto 99.

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Uns olhos azuis olhavam na minha direção enquanto segurava a sua mão e os nossos pés levemente se afundavam na areia molhada, uma pequena onda tocou nos nossos pés e senti o seu leve aperto na minha mão em reação ao frio.

Um leve sorriso apareceu nos meus lábios enquanto observava a sua reação. Estava tudo perfeito o seu cabelo brilhava em contacto com o sol, os seus olhos azuis estavam profundos como o mar. Ela sempre foi assim pelo menos quando a via pelos meus olhos e não me posso queixar o vestido branco que ela estava a usar assentava-lhe perfeitamente.

Um grito de dor saiu da sua boca antes de levar a mão ao peito, uma pequena mancha preta apareceu no seu vestido que ia aumentando cada vez mais. Mas porque é que eu continuava quieto? Mexe-te Michael! Os meus braços esticam-se para a apanhar o seu corpo gelado e morto. O seu vestido num cor negra e morta, o preto. 

- Michael, querido acorda. - Ouvi uma voz distante dizer.

Os meus olhos abriram desta vez na sala de espera do hospital, tinha adormecido no corredor, felizmente era um só um sonho. A Senhora Black, encontrava-se á minha frente com umas feições preocupadas com uma sweatshirt entre as mãos que rapidamente me atirou para o colo.

- Veste isto, parece que não á aquecimento central neste sitio, jesus! - Queixou-se quase a gritar, quando uma enfermeira passou pelo corredor.

- Já lhe disseram que a sua filha é muito parecida consigo, Senhora Black? - Questionei retoricamente ao esboçar um leve sorriso enquanto vestia a camisola por cima da t-shirt.

- Credo, Michael! Chama-me Daisie, sinto-me tão velha. - Disse ela, dando ênfase com as mãos como uma autêntica adolescente.

Soltei uma leve gargalhada ás parecenças aparentes. Elevei-me da pequena cadeira, esperguiçando-me e sentindo uma dor aguda nas minhas costas, resultado de horas á espera para que algo acontece-se. Quando abro os olhos outra vez, observo-a com uma pizza na mão e uma garrafa de pepsi.

- A minha filha disse que isto se acontecer que devia trazer-te isto. Ás vezes acho que a minha filha é demasiado inteligente para sair da minha própria vagina.  "- declarou, pousando-a na pequena mesa das revistas.

- Deve ser do pai, provavelmente. - Comentei ao sentar-me no chão e levando uma fatia de pizza á boca.

- Isso é suposto ser um insulto? - Perguntou ela, elevando uma sobrancelha.

- Com todo o respeito Daisie, talvez. - Afirmei com num tom autoritário.

- Hum. Já me tinham avisado que eras um cabrãosinho provocador.- Soltou ao sentar-se numa das cadeira da sala de espera.

Ri-me levemente, lembrando-me de todas as vezes que irritei a Amanda. A nossa relação é um algo dificil de se perceber porque provocação é o nosso nome do meio, logo quem nos conhece á primeira diria que era só uma amizade forte mas é muito mais.

Uns passos apressados preencheram o corredor assim que uma enfermeira veio á nossa vista, parou numa distância razoável antes de olhar bem para nós.

- Amanda Black? - Perguntou ao observar-nos.

- Sim? - Respondi ao elevar-me do chão, sendo seguido pela Senhora Black.

- Façam favor de se dirigir ao quarto noventa e nove. - Informou ao ler os seus papeis.

Olhei a minha volta, vendo que estavamos opé da sala cinquenta. Agradeci á mulher antes de correr pelo corredor a dentro. Finalmente, podia vê-la e não me sentiria tão culpado como me sinto agora. O ar começou a falhar-me.  Abrandei porque tenho de chegar vivo até lá.

Respirei profundamente enquanto encostava a mão na porta. E se ela estiver ás portas da morte? E se já tiver morta? E se morrer á minha frente? E se a minha bela cara lhe dar outro ataque? Lá estou eu a ser convencido outra vez, mas não deixa de ser verdade. Empurrei a porta levemente para ver o corpo dela estendido numa cama. O unico som que ouvia era o da maquina ao qual estava ligada e por onde se ouvia o bater constante do seu pobre coração.

A sua cabeça virou-se levemente na minha direção, fazendo um sorriso amável aparecer nos seus lábios. Ela estava um farrapo, a sua pele estava mais pálida que o normal, os seus olhos encontravam-se mortos e o seu sorriso encontrava-se envolto por um pare de lábios gretados mas mesmo assim não devia estar melhor depois de várias horas a dormir num corredor de um hospital.

- Então Michael? - a sua voz saiu roca e cansada.

- Amanda, sabes que podia ser eu a deixar-te com a voz assim. - Afirmei ao aproximar-me da cama e segurando a sua mão quase morta.

- Não sei bem se satisfazes as minhas necessidades, Gordon. - Respondeu fazendo-me franzir o sobrolho, o que a fez rir.

- Já vos shippo, aliás já o fazia á bastante tempo. - Ouvi a voz da mãe dela afirmar, ao entrar.

Ela sentou-se na sua cama e esticou os braços na direção da mãe que a abraçou de bom grado. Se calhar não valho o esforço.

- Acho que vos vou deixar sozinhos. - Disse saindo outra vez e piscando-me o olho pelo caminho.

Ri-mos os dois enquanto a observavamos a sair. A Amanda sorriu-me afastando-se da beira da cama e batendo levemente no espaço vazio que havia deixado. Sentei-me ao seu lado e encostei a cabeça no seu ombro, enquanto sentia os seus dedos finos a mexer no meu cabelo.

- Diz-me Amanda, porque é que somos tão ciumentos? - suspirei.

- Bem, porque...eu amo-te e tu amas-me.- Afirmou, fazendo uma pausa enquanto me observa a elevar a cabeça para poder ver a sua cara.

- Já tinha saudades tuas. - Sussurrei, pondo-me na mesma posição que ela e enconstando as costas á cabeça da cama.

- É bom que tenhas. - Sussurrou antes de eu me inclinar e lhe beijar suavemente os lábios.

Ela por momentos afastou os nossos lábios e olho-me de uma maneira tão fugaz que nunca tinha visto nos seus olhos. Amanda rapidamente se senta no meu colo de frente para mim e eu elevo-lhe uma sobrancelha ao pousar as mãos na sua cintura. Sinto uma das suas mãos a elevar o meu queixo os seus lábios juntam-se aos meus de uma maneira fugaz e violenta. A sua mão pousa na parte detrás do meu pescoço e rapidamente ganho dominância no beijo sentindo o seu sorriso contra os meus lábios, o que causou o meu e rapidamente separamo-nos para observar a respiração ofegante um do outro.

- Isso foi para quê? - Questionei ofegante, fazendo-a sorrir de uma maneira vitoriosa enquanto saia do meu colo e se sentava novamente ao meu lado.

- Obviamente, é a minha maneira de dizer que tenho saudades.  - Disse enquanto me observa a voltar á minha posição inicial enconstando a cabeça ao seu ombro.

- Achei que tenho de sentir saudades tuas mais vezes.- Afirmei, rindo levemente em conjunto com ela assim que sentia uma cotovelada vindo dela.

A porta voltou a abrir-se, entraram os 3 rapazes mais irritantes do mundo mas que ninguém pode deixar de amar. Luke estava com umas feições bastante sonolentas, o Ashton estava nervosamente a brincar com os dedos e o Calum mantinha-se calmo mas pelos seus olhos vermelhos via-se que tinha estado a chorar.

- Então rapazes? - Soltou ela com uma voz mais alegre ao esticar os braços na direção deles.

O Calum foi o primeiro a ganhar coragem em ir até ela, inclinou-se sobre a cama e ela abraçou o seu corpo depois o Ashton e o Luke que demorou mais tempo por estar com medo de a magoar mas ela acabou por o puxar bruscamente para o seu peito.

- Saudades nossas? - Perguntou o Ash ao sentar-se na ponta da cama.

- Nem imaginam. - Respondeu ao pousar a sua mão na minha ao qual entrelacei os nossos dedos.

- O Luke fartou-se de chorar ontem. - Declarou o Calum.

- CALA-TE CALUM! - Gritou o Luke ao empurrar o Calum da cama mas acabaram por cair os dois no chão, o que soltou risos de todos.

Nós somos uma familia porque uma coisa que aprendi com eles foi que uma familia é muito mais do que simples ADN. São pessoas que se preocupam e cuidam uma das outras e nós somos isso, uma familia estranha mas unida.

DEAR AMANDA, • mgc (EM EDIÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora