Capítulo 7

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Camila Cabello


Tinha seguido exatamente as instruções que Lauren enviara por e-mail.

Estava em um táxi, a caminho do Pleasure Dome, toda vestida de preto, como ela pediu, com uma saia curta, botas longas de couro, um top sem mangas bem decotado nas costas. Embaixo, sutiã e calcinha de tecido transparente. Não que ela tivesse dito que deveria ser transparente. Mas queria que ela me desejasse.

E que ficasse tão interessado quanto eu.

Não estava a fim de tentar negar isso. Qual era a questão então? Não era contra a luxúria que eu estava lutando, pois isso nunca havia sido um problema para mim. Gostava de sexo e sempre tinha sido aberta a explorar seus desejos. Era a ideia de abrir mão de todo o controle para outra pessoa. Eu simplesmente não estava certa de que fosse capaz de fazer isso.

Sentia até um pequeno acesso de pânico só de imaginar aquilo.

Estava chovendo, como de hábito na cidade. Os pneus do táxi se desgastavam nas ruas encharcadas enquanto o carro se deslocava no meio da noite. As luzes dos postes se refletiam na água com um tom pálido e tremulante de prata.

Fachadas de lojas estavam acesas, lançando cores no escuro.

Meu coração era um pequeno martelo batendo no peito.

Não acreditava que estava realmente fazendo aquilo.

A corrida foi bem rápida, e peguei algumas notas da pequena bolsa e as estendi ao motorista. O Pleasure Dome ficava em um antigo armazém, muito parecido com meu prédio: quatro andares de tijolos pintados de cinza-carvão, as altas paredes escurecidas. Imponente, como notei através da janela do táxi; meus olhos percorrendo toda a estrutura, enquanto a lua tentava brilhar entre as nuvens.

Quando sai do carro, Lauren já a esperava sob um guarda-chuva, toda vestida de preto, a mão estendida para me ajudar.

– Você está linda, como sempre –, falou sorrindo.

Tentei retribuir o sorriso, mas não consegui.

Ela me puxou para perto enquanto me conduzia até a imensa porta do clube, pintada de vermelho. Parecia confortável no território. Lauren era protetora, e eu gostei.

– Tudo bem. Não fique nervosa, Camila. Vou cuidar de tudo.

– Essa é a parte que me deixa nervosa.

Ela deu uma breve e malvada risada, algo que não me confortou de jeito nenhum.

Um porteiro franqueou a nossa entrada, que seguimos por um corredor escuro.

Lauren fez uma breve parada, suficiente para se livrar de seu sobretudo e do guarda-chuva, entregando-os à chapeleira, que estava atrás de um estreito balcão. Nem pensei em usar um sobretudo, apesar do tempo. Limitei-me ao que ela pedira.

Estranho pensar naquilo àquele momento. Afastei para o fundo da mente a ideia e tudo o que pudesse significar.

Quando meus olhos se ajustaram à luz fraca, notei que estava com uma blusa de cetim, revelando os dragões chineses tatuados na parte interna dos antebraços: preto e vermelho no direito; preto e dourado no esquerdo. O trabalho era sofisticado, detalhado, as longas caudas se enroscando em seus braços, as cabeças com línguas vermelhas de serpente na parte de dentro dos pulsos. Queria olhar mais de perto. Desejava tocá-las. Mas estar naquele lugar era inusitado, muito perturbador.

Luxúria - IntersexualOnde histórias criam vida. Descubra agora