Capítulo 15

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Camila Cabello


Me sentei no sofá de meu apartamento com uma manta macia sobre meu colo, ouvindo a chuva cair lá fora e bebendo uma xícara de meu chá favorito. Cansada, toda dolorida. Era como se eu estivesse em estado de transe desde a noite anterior, quando chegara da casa de Lauren.

Ir até lá, sob as ordens dela, já tinha sido uma lavagem cerebral. Mais ainda o fato de ter mergulhado profundamente naquilo tudo a partir do momento em que começamos. E o que aconteceu entre nós depois... Foi algo simplesmente incrível. O sexo. O sentido da conexão que, de alguma forma, tornou o sexo diferente. Melhor. Mais intenso. Mas naquela manhã eu estava com os nervos à flor da pele, cheia de dúvidas, e meu coração martelava de ansiedade.

Realmente, será que tinha me permitido fazer todas aquelas coisas? Tinha desistido do controle em favor de uma mulher? Até o ponto de perder o senso de controle, a noção de mim mesma? Ainda não conseguia me acostumar àquela ideia.

Ela estava certa a respeito de meu lado submisso. Não havia o que argumentar. Mas por que, então, eu estava tão brava com ela nessa manhã? Não era culpa dela. Ou será que era?

Não queria ficar com raiva. Nem me sentir assustada. Agora, tudo o que desejava era ficar exatamente ali onde estava, insone e irritada, buscando conforto em meu cobertor, no chá e no barulho da chuva. Queria me deleitar com a experiência da noite anterior. Porque tinha sido boa. Muito além de boa. Por que tinha de estragar tudo com aqueles infinitos questionamentos hoje? Quando meu celular tocou, pensei em deixá-lo no correio de voz. Mas então me ocorreu que poderia ser Lauren. Pego o aparelho, que estava na mesinha de café.

– Alô?

– Oi, Camila, é Dinah.

– Ah... Olá.

– Bem, eu também estou muito entusiasmada por falar com você.

– Sinto muito, Dinah. Achei que poderia ser Lauren.

– Ah.

– O que quer dizer com esse "ah"?

– Quero dizer que, obviamente, alguma coisa está acontecendo, então por que você não ligou para me contar?

– Eu... – mordo o lábio. – Não sei.

– Eu tive um pressentimento de que precisávamos conversar.

– Você e seus "pressentimentos", Dinah.

– Você está evitando o assunto.

– Sim.

– Por quê?

Tomei um gole de chá, inalando o vapor perfumado e deixando que isso me acalmasse.

– Eu apenas sinto... como se isso fosse diferente para mim. Nem sei como falar a respeito ainda.

– Por que você não me conta o que aconteceu desde que falei com você na semana passada? – Dinah sugere.

– Lauren e eu conversamos. Temos nos encontrado. Ela me levou para jantar... o que parece... um tanto bizarro, dadas as circunstâncias. Ela não é, de jeito nenhum, o que eu esperava diante do que Jennifer me falou. Pensei que fosse um pouco mal-humorada, resmungona, meio silenciosa, mas não é. Agora parece ridículo que eu tenha imaginado isso. Ela não é sequer o que parecia depois da primeira vez que a vi. Inicialmente, tive aquela impressão... talvez porque não me sentisse à vontade com minha própria reação a ela, então criei uma história em minha mente sobre o tipo de pessoa que ela deveria ser. Mas, quando nos conhecemos, soube que se tratava de uma mulher inteligente. Não tem apenas uma cultura livresca, mas também vivência como mulher do mundo. Tem desenvoltura. Provavelmente é o ser humano mais confiante que eu já conheci. À primeira vista, achei que fosse arrogante e tratei de reforçar tal concepção, mas não é isso, porque ela tem toda razão para ser tão segura de si.

Luxúria - IntersexualOnde histórias criam vida. Descubra agora