UM

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Era uma noite escura e chovia forte. Apenas iluminada pelos relâmpagos que cintilavam o céu. Signe havia dormido cedo aquele dia, estava exausta após um dia duro no trabalho. Ventava forte e galhos batiam na janela do quarto. Juntamente com os trovões faziam uma sinfonia barulhenta e perigosa a qual acabou por fazer Signe despertar.

Um pouco atordoada pelo sono e assustada com o cenário que viu, Signe acendeu o abajur ao lado de sua cama e esfregando as mãos em seus olhos se levantou da cama. Levando as mãos ao alto soltou um demorado bocejar tentando despertar.

Chegou próximo da janela de seu quarto e viu os galhos que balançavam freneticamente do lado de fora.
Levou um susto com um forte trovão que rompeu o silêncio da madrugada.
Signe rangeu um pouco seus dentes e sentiu um calafrio. Junto da chuva forte o vento deixava uma sensação de frio que fazia seu pijama de seda inútil para aquela situação.

Olhou no relógio e eram 03:35 da manhã. Relâmpagos continuavam iluminando a noite escura. Signe tateia suas mãos por cima do criado mudo ao lado de sua cama procurando por algo, encontra um isqueiro e dá um sorriso. Abrindo a gaveta ela tira um maço de cigarros, retirando um de dentro do pacote leva a boca e o acende.

A mulher fica de pé ao lado da cama e dá uma tragada, soltando em seguida a fumaça pelo nariz. Solta um suspiro, pausa e depois dá outra tragada, soltando novamente em seguida fumaça pelas narinas. Repete os mesmos gestos algumas vezes e depois apaga o cigarro.
Olhando em volta, ela procura pelo cinzeiro, não conseguindo achar resolve colocar a bituca do cigarro dentro de uma taça de vinho, que havia deixado na noite anterior sobre a escrivaninha.

Fitando a chuva que caía forte lá fora, Signe dá um longo suspiro e apaga a luz de seu abajur. Tinha que voltar a dormir, afinal dali algumas poucas horas tinha que estar no hospital psiquiátrico onde trabalhava. Ela então se deita novamente, sendo iluminada apenas pelos relâmpagos que ainda eram a única fonte de luz daquela noite.

Signe então se vira de lado para tentar voltar a dormir e fecha seus olhos.
De repente ela escuta um barulho vindo da direção da sala. Assustada, ela então levanta e se abaixa procurando debaixo da sua cama, um taco de baseball que deixava para ocasiões críticas.
Signe adorava morar sozinha e a sensação de liberdade que tinha, talvez o único porém, seria nesses momentos, com barulhos estranhos pela casa ou algum ladrão tentando invadir, o taco era sua única defesa, por mais clichê que pudesse parecer.

Empunhada dele, Signe em passos curtos e cuidadosos foi caminhando até a porta de seu quarto. A chuva ainda caía forte e os relâmpagos não davam trégua.
Cuidadosamente ela abre a porta e espia, passando a mão na sua cabeça, ela chega a pensar que talvez fossem barulhos de galhos ou algo do tipo, afinal chovia e ventava forte e não havia sinal de ninguém. Quando estava totalmente convencida disso e se preparando para voltar para sua cama, algo pareceu cair na sala.

Seu coração disparou e ela começou a pensar que havia alguém na casa.
Sem ter certeza se era apenas reflexo de seu medo, começou a passar por sua cabeça que falar bem alto, poderia intimidar quem quer que estivesse ali e então assim o fez:

— Estou armada! Seja quem for, vá embora agora.

A única resposta ouvida eram dos trovões do lado de fora. Ela resolve repetir, dessa vez mais alto, dando ênfase ao aviso.

— Se tiver alguém aí, por favor vá embora! Estou armada e não estou brincando.

Novamente ninguém respondeu. Signe lentamente caminhou até a porta, andando nas pontas dos pés, ela então abriu a porta espiando cuidadosamente, e realmente não havia ninguém. Ela então resolve fechar a porta e voltar para sua cama.

O JARDIM DE AKEROnde histórias criam vida. Descubra agora