C A P Í T U L O Ú N I C O

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A  L I B E R D A D E

〰  D O S  〰

T E U S  O L H O S


Naquele dia quente de verão, que nem me recordo mais o ano, eu vim para detrás dos longos e altos muros da prisão que - ironicamente - tem o nome de Liberté.

Já havia perdido contato com minha família depois de dois anos no local. Eu tinha 14 anos na época. Um dos poucos que entraram antes da idade ideal. 

Não era um ambiente agradável para quem quer que fosse.

Tendo isso em mente e os problemas que enfrentei por estar sozinho durante dois anos, quando uma garota louca de nome Hange Zöe me ofereceu ajuda para ficar no seu grupo de delinquentes, eu simplesmente aceitei.

Não que eu fizesse qualquer das atrocidades que ela e os outros cometiam - porém as vezes eu era obrigado. Eu apenas os olhava, não havia esperança para aquele lugar, ninguém se importava, e como o tempo foi passando, nem eu me importava. 

Aprendi que qualquer sinal de rebeldia e que lutassem por uma liberdade decente, era visto como piada, o certo era somente esperar os anos passarem e sair. 

Assim como os outros grupos, nós tínhamos rivais e somos considerados "perigosos", já que estamos em um bando maior.

Um tal de Erwin comandava outros garotos que ali tinham. Ele era considerado um "líder bom". Mas não passava de um guarda que conseguia colocar todos aqueles moleques, meio adultos e adultos na linha.

Se fosse por idade, eu diria que sou poucos anos mais novo que ele.

Apesar de todos os respeitarem, por motivos do passado que - agora não me recordo - ele e Hange se odeiam. 

Não cheguei a perguntar novamente - após o esquecimento - sobre qual era o relacionamento dos dois.

Sequer curiosidade eu tinha. E quanto menos eu soubesse, para mim seria melhor.

Por isso ignorava os atos cruéis e desumanos que os mais novos e novatos eram acometidos.

Não tem mais razão para essa existência vazia.

Esse lugar de celas úmidas e olhos mortos parece se afundar cada vez mais em amargura e desespero.

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Em um dia de verão qualquer, era a chegada dos novatos.

Hange arrastou-me para a entrada, novatos significavam mais pessoas para o bando.

Não que eu ajudasse em algo.

Mas ela parecia se divertir ao me ver irritado ao ser arrastado pela aquela gente suja.

Meus padrões de limpeza se limitavam apenas a minha cela e roupas, que depois de muita insistência, consegui com que me deixassem sozinho.

Afinal, quem aguentaria um homem com seus 26 anos reclamando e resmungando no meio da noite por vários anos?

Eu estava fadado a passar toda a minha vida ali, mesmo se eu saísse um dia, quem me esperaria? Nem família, amigos ou qualquer outra coisa eu tinha ou conhecia por trás daqueles muros.

Cheguei nesse lugar com meus doze anos, diferente de toda e qualquer outra pessoa, já raramente entravam pessoas sem ter os 15  anos. Essa era a faixa etária ideal.

Quando dei por mim, Hange parou e soltou-me para observar os os novos rostos que passariam pelos portões.

Os presos gritavam loucamente e que de certa forma, me irritava todo aquele barulho. Tentei ignorar.

Ereri - LibertéOnde histórias criam vida. Descubra agora